#AFORISMO 134/FILOSOFIA DE ENCANTADO ALVORECER# PINTURA: GRAÇA FONTIS Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Poiésis, versos do tempo velando
De poesia a diáfana luz,
Espectros pervagando de linguísticas,
Dialéticas da madrugada
Monoléticas contingências sublimando
De travessias dialéticas as utopias sublimes.
Panoramas e paisagens in-finitas e in-fin-itivas
A-nunciando na moldura do tempo
A vontade estética da consciência,
A utopia ética da liberdade.


Afaste de mim este cálice de champagne
Alegrias breves não performanciam
A dança simbólica dos espectros do ser
Felicidades passageiras não são enredos
De romances expressionistas, gestos serenos
Teatralizam as tragicomédias cotidianas.
De contos realistas, atitudes implacáveis
Circuncizam os melodramas individuais.
O baile livre das imagens não são enleios
Das ipseidades e facticidades do não-ser.
Musicalizam as condutas de má-fé.


Afaste de mim esta efígie
De templos primevos de mitos do amor
Que des-plen-ificam vazios, náuseas,
Carências, medos, faltas, manque-d´êtres
De Vedas, rituais da felicidade
Que re-vers-ificam as sendas de nostalgias,
Melancolias, saudades.


Sobeja-me ab-rogar para ressurgir em outra grandeza, onde não existe ablepsias nem dubiedades, onde a luminosidade e o bem-querer imperam, onde toda cerração debela-se, onde meramente a querença é a realidade. Careceremos do adverso em nosso cargo. Do travo para recordar o mélico do desejo. Indestrutíveis ferretes da existência são os opostos em que muitas ocasiões só percebem-se nos versos.


O jamais des-imortaliza o sempre
Re-vestido de sonhos, sorrelfas
O sempre des-eterniza o não-mais
Envelado de fé, esperança.
Quê coisa! Lugar-comum sem confins e arribas!
A fé acompanhada da esperança
Vis-a-vis, vice-versa.


Poiésis, estrofes do paraíso perdido
Lácia prosa desmistificando
Decassílabas emoções que in-vers-ificam
Palavras, sons, silêncios
A solidão é a senda eterna
Que pereniza os caminhos de flores silvestres
O silêncio é o deserto pleno
Que morre nas ondas do mar
Banhando a praia de moléculas do longínquo.


Degusto a sensação do ventinho
Tocando-me a pele dos sonhos
Talvez con-temple as estrelas
Enamorando as águas vivas do oceano
Noite solitária,
Madrugada silenciosa
Noite vazia,
Noite de mim que poiesifico
A dialética monolética dos sentimentos
A monolética dialética do coração que ama
Deseja a presença do ente amado
Toques, carícias, carinho.


Amanhã vou des-rasgar os verbos
Vou descascar as sedas.
Vou des-novelar as metafísicas puras e práticas
Pouco me importará
Se as sendas da floresta levarão
Ao fim do arco-íris
Ao apocalipse do nada bíblico.
Quebrarei os verbos e estrofes,
Quebrarei as metáforas e símbolos
Quebrarei os sentidos e estesias
Assim poetizo:
Sempre quebrando de poiésis
A razão in-versa.


(**RIO DE JANEIRO**, 30 DE AGOSTO DE 2017)


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