#AFORISMO 79/FILOSOFIA PSICANALÍTICA DAS BRUMAS DE PRATA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


"Raio de sol irisando a poeira suspensa na metafísica das misérias e pobrezas, nas metalinguísticas das carências e solidões, no abstrato das fomes e sedes seculares, no solipsismo das angústias e tragédias fugazes e eternas..." (Manoel Ferreira Neto


Epígrafe:


"Na travessia inóspita e incerta à predestinação, a alma instala-se no silêncio antes do alvorecer das revelações inteligíveis." (Graça Fontis)


Apocalipse do caos.
Do caos, apocalipse.
Do apocalipse, caos.
Caos apocalíptico.
Apocalipse caótico.


Sobre um fundo de neblina e luz,
Sobre brumas de prata,
Ressoa o cântico plangente,
Canto ad-jacente,
Balada ad-stringente,
Canção re-ticente!...


Nas estradas do silêncio sublime,
Cavaleiro que sou,
Uma canção à busca do espírito,
Serenata perfeita desejando a imperfeição do ritmo.
Catarse que se processa pela assunção
Do destino,
Nas asas dos sonhos,
Fantasias,
Quimeras.


Aroma incerto no vento, perfume invulgar no canteiro do jardim de flores silvestres, nos vasos de samambaia, orquídeas suspensos na parede do alpendre, canto erguido algures dentre as terras lavradas, dentre os pastos de capim seco, dentre as cercas de arame farpado que separam propriedades, luz que sobe de além da montanha, além do descampado, chapadão, pampas, além dos vales, um raio de sol irisando a poeira suspensa na metafísica das misérias e pobrezas, nas metalinguísticas das carências e solidões, no abstrato das fomes e sedes seculares, no solipsismo das angústias e tragédias fugazes e eternas, são a súbita re-velação de uma realidade perdida, de um tempo esquecido, e jamais re-encontrados ou re-ferenciados, porque são só apelos, vozes inaudíveis, derradeira origem do mundo original, profundeza sem fundo, abertura ao vazio, limite do ilimitado índice que está para lá de todos os índices, de todas as cláusulas e parágrafos ilícitos, de todas as constituições ilícitas e jurídicas, se a-nunciam em mim pela pura suspensão, um ouvido atento e nenhum rumor, olhar incerto que procura o que não há, o que não ec-siste nem algures, recuo brusco para além de tudo o que é re-ferenciável, re-presentável, inteligível, questionamento que não duvida de sua razão, cegueira trans-lúcida de uns olhos opacos e abertos, interrogação que não interroga, encantamento de nada, ad-vertência, aviso de nada.


Alvorecer do mundo, amanhecer da terra...


Crepúsculo no bosque, alvorecer na orla marítima.
Súbita re-velação de uma realidade perdida,
Cânticos anônimos,
Baladas desconhecidas,
Canções esquecidas
De um tempo perdido,
E jamais re-encontrados ou re-ferenciados,
Só apelos, vozes in-audíveis,
Vozes da própria terra,
Vozes obscuras de alegria enigmática,
Vozes obtusas de melancolias metalinguísticas,
Vozes oblíquas de saudades suprassumidas
Vozes sinuosas de ideais dialécticos.


Derradeira origem do mundo original,
Profundeza sem fundo,
Abertura ao vazio, limite do ilimitado índice
Que está para lá de todos os índices,
De todas as cláusulas e parágrafos ilícitos,
De todas as constituições ilícitas e jurídicas,
De todas as emendas antropológicas e gnósticas
Se a-nunciam em mim pela pura suspensão...
... Um ouvido atento e nenhum rumor...


(**RIO DE JANEIRO**, 06 DE AGOSTO DE 2017)


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