SONHOS VAZIOS DE SONETOS VERSÁTEIS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@


Dos ermos longínquos

Retornam quimeras

(de esperanças múltiplas

do fazer poético, do sonhar

a tessitura da poesia),

De desertos distantes

Voltam sonhos vazios

(de sonetos versáteis),

De ditirambos sem rimas,

Cujos raios de sabedorias

Do ser e tempo

Esplendem o nada de ideais,

Cujos brilhos de litteris e verbis saberes

Corroboram o absurdo da razão,

Reverberam o vácuo do intelecto,

Incidem nos gestos de composição dos caracteres

Perdizes deambulando pelos campos,

Ovelhas descansam à sombra

De frondosas árvores, distantes,

De serenidade à beira de rios

De águas leves, profundidade transparente,

Às margens à droite de caminhos sem trevas e escuridões,

Sem luzes e claridades.

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De longínquos campos

As frangas se nutrem de alimento

No que lhes é dado fazer,

Ciscarem no chão,

Que lhes fortalece o corpo,

Que lhes adorna as penas,

Que lhes purifica as claras e gemas

De ovos que ad-virão frescos e puros,

Ovos cozidos ou bacon´n´eggs

Satisfazem o sabor e o paladar de prazer

Das entranhas.

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Vou subindo, as veredas trilhando,

Passos comedidos,

Vou subindo acima,

No azul do céu,

No crepúsculo da tarde que morre,

As ovelhas pastam e desçam,

A ver se encontro sonoras rimas

Entre caçar perdiz na rua Machado de Assis

E as penas de frangas que servem aos

Caprichos metafísicos do toque singelo e terno

A incitar as orelhas a abanarem

Os sonhos e sons de métrica,

Ritmo, musicalidade

Nos movimentos contínuos.

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Rima de amor ou rima de ventura,

Rima de verbos ou rima de quimeras,

Perdiz que rima Assis

Penas que rimam

As odes de Atenas,

As fortunas Greco-romanas,

E mais nobre o sono a penas

Da labuta constante,

É mais cerviz curvar aos golpes

Da ultrajosa fortuna

Que a perdiz conceder a entrega

Com as carícias plenas da mão,

Sono apenas.

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Morrer, dormir?

Fenecer, ressonar?

Dormitar?

Sonhar quem sabe

O desejo de rimar perdiz com as penas

Do ócio no coçar de orelhas,

Buscando-lhes movimentos métricos e rítmicos

Em que porei termos às longas penas,

Aos curtos dós,

Às orelhas pequenas,

Olhos acesos levantam ao alto

Rogam estrofes e versos.

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Os lábios meus, finos, esbranquiçados,

Tocam a carne fresca da perdiz na tenra idade

Hei visto de minha pena

Apenas o desejo,

Desusado travo de desgosto,

Que mel não deixa um travo de desesperança?

Que fel não deixa um a-núncio de fé?

Que esperança não deixa uma angústia do divino?

Que deus não deixa um ódio da verdade e do eterno?

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Morte, vós podeis esperar,

Não me apressais,

Tenho todo o tempo do mundo,

Aposentei as tintas,

Afastai-vos de mim,

Distanciai-vos de mim

Ou fazei-me olvidar

Os primevos olmos

Que o desespero pálido devora,

Pales inda me guarda um verde abrigo,

Orpheu inda me reserva sadio divertimento,

Sinto que habita minh´alma um vácuo,

Imenso e fundo,

Ininteligível e profuso,

Me não lega o casto, o brando,

O delicado andar nas asas da brisa,

O singelo voar nas patas do vento,

Sem rédeas, sem freios,

O findar o crepúsculo

A iniciar a noite nua e crua

De “quimeras” e “fantasias”,

“Ilusões” e “devaneios”

A ornamentarem os arrebiques e molduras

Sobre o gracioso colo do idílio vão.

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Quando fui outro,

As rezes iam perdidas entre as perdizes,

As ovelhas iam dispersas não sei para onde,

Oliverando os reeds dos bosques;

Da mocidade experienciada nas vivenciarias

Delícias do Sonho e do Verbo imortais e eternos

Ao vendaval, rompe a luz,

Do silêncio, rompem as vozes,

Da solidão, irrompem as algazarras,

Começam as líricas de infortúnio e tédio

Inicializam as liras de tristezas e ócios,

Revelam a composição de versos e universos,

A produção de metáforas e metafísicas,

O artifício de filosofias e poesias,

A de-composição de razões práticas e puras...

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O engenho portentoso

Sabe iludir as penas que despertam movimentos,

Utensílios de que os homens de letras

Servem-se para registrar nas páginas brancas

As palavras,

As perdizes que acordam os versos verdadeiros

Das re-versas ilusões,

In-versas querências,

Ad-versos sonhos de verbos

Eternos e imortais...

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Sílabas de doces mistérios,

Chaves de ouro conciliadas às emoções

Ad-vindas de ácidos enigmas do divino e contingente,

À soleira de ventos e silêncios

Ermas planícies de esperanças,

Vozes e filosofias do além

Serem linguagem e estilo

Do verbo incompleto,

Serem pensamento e idéia

Do sujeito vazio de si-mesmo,

O si-mesmo vazio de sujeitos simples, compostos,

Serem reflexão e volúpia

Do nada mesmo faltando,

Falhando na ausência do ser,

Como um ruído de chocalho de cascavel

Para além da estrada de poeiras poéticas,

Pós  metafísicos, finas areias metafóricas.

RIO DE JANEIRO(RJ), 20 DE FEVEREIRO DE 2021, 14:38 p.m.   

 

 

 

 


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