Ana Júlia Machado ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA O POEMA ODE A DOSTOIEVSKI A Cor de Minha Obra. @@@@



Compreendo perfeitamente esta Ode A DOSTOIÉVSKI. Tudo que é verbalizado pelo autor Manoel Ferreira Neto revê-se nas obras do citado escritor russo originário do século XIX e encarado o pai do existencialismo. Visto como um dos maiores romancistas de todos os tempos, o escritor russo possuía como centro da sua labuta o modelo social.
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Um dos escritores mais distintos e simbólicos de todos os tempos, muito por suas obras, deveras impactantes. Sua interferência – entendida até os dias de hoje – na corrente romancista e existencialista aclaram seu êxito.
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Um escritor sempre actual, que viaja por todos os estilos literários com seu ponto de vista que circunda o meio social. Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud são dois modelos de interferência de Dostoiévski.
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Não impeditivo, além do psicanalista e do filósofo, igualmente foi uma enérgica ascendência a escritores da metade do século X. O controverso romancista Charles Bukowski é um exemplo.
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Apreciações e irreverentes ao mesmo tempo, as obras de Dostoiévski são uma revelação completa de condições tocantes, mas ainda assim triviais: Assassinato, demência e suicídio eram alguns dos assuntos (controversos) abordados pelo russo.
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Ele tinha frases distintas e cruas como: "Definitivamente não percebo por que é mais notável esbombardear de mísseis em uma cidade do que trucidar alguém à machadada."
"Quanto mais gosto da humanidade em genérico, menos admiro as pessoas em particular, como entes."
"A vida é um éden, mas os homens não o sabem e não se interessam em sabê-lo."
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Suas grandes obras são inúmeras, mas sem perplexidades ao elencar as essenciais, Crime e Castigo (1866) e Os Irmãos Karamazov (1879) estão no topo. São duas obras que sondam as particularidades mais penetrantes do filósofo.
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A transcendência e a filosofia que dispõem as duas obras decisivamente assinalam a sublimidade dos escritos. Atemporais, anos mais tarde seriam usados, inclusivamente, por outros ideólogos.
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Em Crime e Castigo, particularmente, a inacreditável forma de diegese de um jovem que pratica um assassinato suporta todas as características anímicas deste personagem. Este, inclusivamente, auxilia na forma de perceber a ideia de quem executa esse espécime de delito.
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Além disso, depois de praticar o delito, a personagem da teia enxerga as restrições que sua vida tem depois do episódio. É nesse ponto fulcral de filosofia particular que os indícios existencialistas de Dostoiévski passam a ser investigados visceralmente.
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Enquanto isso, Os Irmãos Karamazov é o pico da via do russo. As ligações humanas ali sondadas designam a complicação da psique humana e o ónus emotivo intrínseco.
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A partir disso, o autor abarca a prosopopeia das figuras. O plano transcendente converte-se tão atual e corpóreo como o inerente plano “verídico”.
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Na obra de Dostoiévski nota-se uma renovada forma de investigar o Homem como personagem. Desabrochando um mundo íntimo de atitude e propensões comportamentais.
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Outras características que foram associadas ao autor russo foram:
Patologias e suas preponderâncias na conduta humana;
Fatalidades numerosas da existência humana, como demência, delitos, assassinatos e suicídios; O dia-a-dia das classes mais pobres, como a privação de capital, infortúnio e necessidades palpáveis e elementares;
Verdade social da segunda metade do século XIX, investigando os temores e desejos do povo;
Aborda igualmente os valores particularmente místicos que se definham e na urgência da avidez, da ufania e do suicídio como via de evasão para quem não perceciona evasão exequível de uma sociedade estúpida e intricada. Apesar de Dostoiévski não se inibir de atacar as mudanças russas, o escritor moldava as suas personagens à imagem das várias categorias sociais da sua nação, como os cristãos despretensiosos, os pensadores insurrectos, os avarentos obscenos e os existencialistas radicais que tocavam o limiar do niilismo. Tal como Lev Tolstoi, comemorou algumas lendas tais como os términos da vida e fenecimento e da razão e lógicas associadas a componentes da natureza. O elemento espácio-temporal acaba por se avassalar à envolvência das personagens e às suas susceptibilidades, passando inobservadas na dinâmica literária do autor.
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Dostoiévski foi o emissário de relevantes pensadores das décadas futuras e abriu as portas para um novo universo que, até então, era pouco mais que sagrado. O russo foi um dos precursores no desvendar das superstições da sociedade e na exibição do seu declínio apático e entrópica. Foi com alicerce em obras deste que Nietzsche, Freud, Sartre e Camus puderam contestar a sociedade e apreciar os seus hodiernos com novas vistas da realidade. Fiódor Dostoiévski acentuou-se, assim, como um provocador de noções e como o apresentador de um novo universo, onde o raciocínio tentou aclarar a vida e até à sensação.
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Foi um homem sofredor, passando por prisão, pais morreram cedo e onde viu a mulher e irmão a falecer igualmente precocemente...ele mesmo faleceu cedo, aos 60 anos de idade com uma pneumonia.
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Sem dúvida, que o escritor Manoel Ferreira Neto, em parcas palavras o definiu tão bem destacando o final do poema referindo-se ao legado que o mesmo deixou... “A cor de minha obra
O que ficou de encanto
Dum grande patrimônio
Algures haver encontrado...”
RIO DE JANEIRO(RJ), 03 DE FEVEREIRO DE 2021, 02:20 a.m
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RESPOSTA À ANALISE SUPRA
Abarcou com primor e categoria a obra de meu Mestre Fiódor Mikhailovitch Dostoiésvki, Aninha Júlia; com efeito um tesouro de análise; nesta análise o escritor está inteiro. Conheço a obra in totum, e já escrevi TESE a respeito, intitulada "O ESPÍRITO DO SUBTERRÂNEO. Dostoiévski é o tesouro que encontrei, aquando tinha eu 16(anos) de idade, 1972, quando li o Homem do Subterrâneo - tradução indevida, pois que na realidade, traduzindo o original russo é O ESPÍRITO DO SUBTERRÂNEO - e jamais me esqueci, li-o inúmeras vezes; com ele, mergulhei profundo na minha Psique. Ele é a cor de minha obra, ou seja, o que dá Vida ao escritor que sou. Sartre me ensinou a pensar, legou-me a coragem de filosofar as minhas vivências intelectuais.
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Amei de paixão, Aninha Júlia, a sua análise. PARABÉNS! Beijos nossos a você, à nossa amada netinha Aninha Ricardo, à nossa família.
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A COR DE MINHA OBRA
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: ODE A DOSTOIÉVSKI
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Pois é assim mesmo! De que outro modo seria?
Não contemplo outro de sê-lo.
Minh´alma de tempos imemoriais
A sonhar de Rússias
O Duplo de ideais nos jogos da mente
Espapaçou-se na serenitude,
E hoje sonha apenas
O samovar de devaneios, desvarios...
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Qualquer dia, pela certa,
Quando mal me precatar,
Serei capaz de um despautério homérico:
Castigar-me por não espalhar as cartas
Da psique desnorteada
No pôquer dos pecados.
Mas como achar os três ases
Para encerrar o intermédio
Das culpas, remorsos?
Lembrou-me endoidecer,
Dentro de mim ser um fardo
Ou qualquer coisa dentre tantas,
Humilhado e Ofendido,
Desde o Poente ao Levante,
Nas infindáveis ruelas petersburguenses
Andar a esmo.
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É só de mim que ando delirante,
“Sou um homem doente”,
Gritam-me sons de cor e perfume,
Ferem-me os olhos as sombras,
Escuridão,
No subterrâneo de turbilhões,
Descem-me a alma, sangram-me os sentidos,
Disco de ouro surge a voltear,
E todo me dissipo.
Silvo para além.
Ópio ou inferno ao invés de paraíso?
Que sortilégio a mim mesmo lancei?
Como é que em dor genial
Eu me eternizo?
Nem ópio e nem morfina,
Que droga foi a que me inoculei?
A quimera, cingida, era real,
A mentira de barro, queimada a água,
Era nostalgia...
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Ecoando-me em silêncio,
A noite sem estrelas, sem lua,
Escura,
Baixou-me na queda
A vida de tanto a divagar
Em luz irreal,
Eu próprio me traguei na profundura
Do grande rastro fulvo que me ardia.
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E gritei a voz louca,
Saiu-me rouca:
Viva a RÚSSIA!
Viva São Petersburgo!
E eu, curtindo febre e revés,
Tocado de Estrela e Serpente...
A cor de minha obra
O que ficou de encanto
Dum grande patrimônio
Algures haver encontrado...
RIO DE JANEIRO(RJ), 01 DE FEVEREIRO DE 2021, 22: 43 p.m.

 

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