NAS ASAS E PENAS LEVES DO VERBO GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO @@@


Vertentes de equívocos, centelhas de erros...

Anjos do Senhor,

O mundo se encontra passo a passo

Mais repleto para aquele que cresce

Às alturas da humanidade,

As terras do bem-virá

Inda mais esquecidas, jogadas às traças

Em versos insólitos, estrofes inóspitas,

Olvidaram a Arte em nome do Caos.

A vis contemplativa e a visão intro-retrospectiva

Da obra me são próprias,

Arrancadas da alma, expressão das inverdades

Que me habitam os interditos recônditos,

São-me singulares,

Idôneas representações do destino

Artificiado com as contingências do bem e do mal

Dentro da alma que é passaporte para o Ser,

A vis creativa

Que se encontra ausente do ser humano atuante

Que se encontra apagada da poesia,

Nada há que possa elucidar as razões

Da ausência do vácuo que reside

Profundo no homem,

A poesia, poesia de sensibilidade à busca da espiritualidade,

Poesia de sonhos e ideais

À cata do Ser

Carece do fogo interior do poeta,

Habita-lhe unicamente instintos frios.

A castanheira da liberdade

Deve ser regada de tempos em tempos,

O que torna o jardineiro sábio;

A poesia do Ser e do Tempo

Deve ser regada com as águas

Da fonte dos ideais e utopias do eterno,

O que torna o poeta porta-voz do espírito da vida,

Perquirindo os mistérios sinistros do ser.

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Sendas de melancolias,

Anjos do Senhor,

Projectando edens de re-cordações

Enoveladas de perspectivas

Da inocência que contempla, no eidos do tempo,

A felicidade plena de verbos

Tecendo de versos as metáforas

Do amor e do bem,

Amor que tudo penetra, resplende,

Bem que constitui a meta da

Construção do Humano,

Metáforas moventes de semens do eterno,

Nas linhas horizontais do além,

Nas entrelinhas verticais

Que unem enraizamento e abertura,

Luz e sombra,

Céu e terra.

A ingenuidade do ser de linguagem

Que perpetua o caos,

Eterniza o vácuo de valores mesquinhos,

Rechaçando a ética e estética,

Imagens que bailam nos recônditos da alma

A disfonia das idéias e esperanças,

A desarmonia dos desejos e vontades do Perene.

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A águia do espírito voa alto e baixo,

Ver o horizonte de cima ou de baixo

Remete ao Cosmos e, ao mesmo tempo,

À interioridade de seu vôo poético,

Sobrevoando campos idílicos

Habitados de estesias do alvorecer

Sob a Esperança do Ser.

Existem ainda um “acima”, um abaixo”?,

Seria que não estivesse vagando por aí

Através de um nada infinito,

Existe o acima do caos das formas,

Estruturas que atingem com perfeição

O oco dos sentidos,

Existe o abaixo da subjetividade,

Da inspiração do poeta

Que germina a eternidade do inócuo, obtuso.

Tempo de trevas.

Tempo de escuridões.

Tempo de breus e sombras.

Até quando?

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Veredas de nostalgias,

Anjos do Senhor,

Trans-elevando nas asas leves do verbo

De proscênios ampliando a visão

Da cortina que se abrirá

Às retinas e linces dos olhares

Carentes de luz,

E no palco das lingüísticas diáfanas

Do sonho a performance do uni-verso

Sob a luz do mergulho profuso

No Insondável Mistério de Existir,

De consciência, comunhão e amor,

Mergulho infinito no firmamento

Da palavra que a-nuncia o destino

Do Verbo do Espírito,

Oceaniza a existência,

Fonte de onde jorra, onde tudo deságua,

Regresso ao seio do luminoso...

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Oh, Anjos do Senhor,

Afastai de mim este cálice de veneno

Da poesia desse tempo,

A face dos horizontes metafísicos e reais

Sob a visão da amplitude da língua

Que a re-colhe, rega e anuncia os sons das palavras,

A liberdade de destino criado com as mãos,

Tecendo de espírito a essência

Da fonte oceânica da alma,

Em cujos itinerários de travessias

Lua e estrelas são guias

Para o in-finitivo infinito,

Inaudível do Silêncio que anuncia

As Vozes do Tempo,

Vejo-me do tamanho que sou,

Vejo-me quem instituiu este destino,

O destino da busca e dos desejos,

De pequena língua que revele in totum

Os ritmos e melodias das palavras

Que musicaliza o que sempre ouvi de Ser,

Mas amplia a visão no olhar as cores do mundo.

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Anjos do Senhor,

Se observardes com percuciência,

Tais sentimentos, pensares e refletires

Outrora ouvistes dos poetas,

Artífices da Palavra,

A sensibilidade do sonho poético, sonho do Ser,

Silêncio da fonte,

Hoje, ouvis as algazarras do nonsense,

Vaidades, orgulhos sem conteúdo,

As pastelices sem carne, sem verbo.

Vozes de rogo,

Vozes de clamores,

Vozes de agonias e lamúrias,

Represento,

Dirigir-vos a voz

Foi-me legado com empáfia,

Verteria lágrimas de mea culpa per siempre,

Não o realizasse.

Vozes antigas de verbos do prazer,

Da paz e liberdade,

Vozes de desejos e vontades

Do ad-vir revelado de lembranças intransitivas

Do Genesis e Apocalipse.

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alameda de Saudades

Anjos do Senhor,

Do que fora a plenitude perpassando

Nas bordas da pureza sensível,

Tecendo estrofes sinestésicas,

Sinestéticas do ser atrás do espelho dos Cosmos,

Renovando de pectivas as éresis

Do perpétuo perfeito,

As iríadas, efêmeras do nada obtuso,

Do vazio inócuo

Que originam o caos do ser humano,

Vazio, esplendido de vácuos,

Resplendido de abismo da solidão

De cem anos perenes,

Cem anos em cujos tempos

Efígies das ampulhetas eivadas

De saudades,

Ausência do sentimento presente

Que se nutre do vir-a-ser da vontade

Do encontro, reencontro para o

Renascimento de outras esperanças

Além dos instantes-limites,

Instantes-já,

Tal-aqui-agora.

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Se nada de gauches zera

Ruminâncias e gritos de medo,

Ruinâncias e murmúrios de fracassos, frustrações,

Anjos do Senhor,

Um ser que não pode dispor-se de si

E que não tem direito ao ócio dos ofícios,

A válvula de escape para tão

Percuciente perquirição,

O que se pode esperar dele?;

Se uma árvore que cresce para o alto,

Orgulhosa, pomposa, vaidosa

Poderia prescindir de mal tempo,

A cobiça e a violência não são

Parte das condições favoráveis

Sem as quais, na ausência das quais

Um inestimável crescimento

Até mesmo da virtude e bem-aventurança,

Seria quase impossível?

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Respondei-me, oh Anjos do Senhor,

O que reside na liberdade

De estratégias de dedos de prosa,

Vazio e nada,

Mister, sine qua non a perda do senso

E das razões para o encontro dos escárnios e mazelas

Da ironia e cinismo?

O que há-de ser das sementes de raízes

Os dedos de prosas e falácias,

Do húmus de sotaques dos pitis e nonsenses

Sabem compor e produzir com esmero?

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Sucederia que, ao final desse dia,

O há-de afluir procrastine o sossego,

Preterindo quimeras de ser-da-eloquência,

Hipoteticamente brotando

As pétalas do devir em rosáceas,

Cujos odores extasiam

As crenças solares do ultra,

Cuja pulcritude da alma,

Guarnecida de espírito,

Arrebata as inspirações, intuições,

Sobrepujadas de argueiros e fantasmagorias

Às azêmolas do perene,

E o rigor do limitado,

De literaturas “exaram”

O póstumo título do “ente”,

Expugnam de dogmas e preceitos

A bengala que contribui para a andança,

Esbanjando não seria que estivesse

O espaço vazio,

Entoa Requiem Aeternam Deo,

Heróis usinados e ídolos de passagem
Conhecidos pela mediocridade
Preenchem o fundo dos pensamentos
Ideias desprovidas de luz,

Entalhar, lavrar a posteridade

Das desvantagens e contrariedades,

Ad-vindas de fora,

O pensamento são as sombras das percepções,

Preceitua a lápide da origem,

Entrada ao anteriormente era a eloqüência,

Após a carnação,

Carnação dos temores e tremores,

Carnação dos despojados,

Carnação das ansiedades,

Carnação das melodias e taciturnidades,

Carnação dos piáculos, escapadelas,

Carnação de inculpas, constrições...

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Anjos do senhor,

“Só os amásios das favelas

Engravidam as ociosidades do Vazio e do Tempo?”

Pensai, refleti, meditai,

Investigai sob o olhar  da poesia de existir,

Sob a língua dos sonhos e utopias do destino

Cuja intenção são as ondas que sabem

Que vem do mar-oceano,

Expressões do mar-oceano  e voltam ao mar-oceano

E iluminai o gênio de entender e compreender

As pombas, águias e pássaros se alimentam dos frutos oceânicos

Na areia da praia para outros voos pelo interior dos sonhos...   

RIO DE JANEIRO(RJ), 28 DE FEVEREIRO DE 2021, 14: 44 p.m.

 

 

 


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