DE REGRESSO ÀS ORIGENS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@


O solitário pesquisador no seu mundo vazio
Que, para o alçar vôo ao infinito se propusera,
Vacila à meia-noite,
Palpando a vereda de regresso às origens,
Pressentindo no escuro a hesitante verdade
Que o eterno devolve ao efêmero,
O coração farto inclina a jogada da vida.
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Ando a caminho da terra,
Territórios do sonho,
Rodeado de mil imagens do mundo,
Ora ao fogo do sol,
Ora ao frio matutino do inverno
A interrogar-me circunspecto
Entre os encantos da vida
Os pecados do existir
Puxando para o seio
Os anelos da noite que renuncio.
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Os que me lisonjeavam ontem como honrado
Hoje em mim enxergam um perdido viperino;
Os que me viram fazendo-me de sábio,
Arrepiando-me com pequenas máximas e verdades,
Hoje me vêem à beira desta lagoa ouvindo
Os sapos coaxarem.;
Os que de braços dados comigo
Chafurdavam na boca de logo ontem
Hoje me vêem a penitenciar e rezar
Na igrejinha do vale;
Quando me despedir do mundo,
Esquecido de todo estiver,
Nalguma galha de árvore
Ainda se haverá de ouvir coruja cantar,
Cântico do vento
Entre as pedras o Rio São Nunca a espumar.
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Vagueio perdido por entre palavras,
Imperfeito para sempre imperfectível,
A ermo por sentimentos desviados de sentidos,
Repletos de ecos passivos.
RIO DE JANEIRO(RJ), 09 DE FEVEREIRO DE 2021, 22:47 a.m


 


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