Ana Julia Machado ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA CONSIDERA O POEMA Alegria do Instante, DE Manoel Ferreira Neto @@@@



Por vezes convém que o vidro do espelho parta para não exibir as faces falsas com a exceção da jóia que reflete o sofrimento eterno... "conhece a ti mesmo" inscrito no templo de Delfos
Platão aplica o aforismo "Conhece-te a ti mesmo" através da pessoa de Sócrates para fundamentar seus colóquios. Platão deixa translúcido que Sócrates encontra-se mencionando a uma erudição de extensa data.
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Contemporâneo de Sócrates, como Platão, Xenofonte narra o hábito do aforismo por Sócrates como um assunto elaborador de uma extensa conversação com Eutídemo em Memorabilia de Xenofonte.
Aristófanes é o terceiro coetâneo de Sócrates, cuja delineação de Sócrates e seus exemplos continuam presentes. Em As nuvens, Aristófanes compõe uma pândega dos filósofos em geral e de Sócrates em particular. As palavras (Conhece a si mesmo) são empregadas neste feito por um pai satirizando seu descendente sobre sua escassez de aprendizagem, "E você conhece a si mesmo, o quanto iletrado e néscio você é----"
Ana Júlia Machado
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ALEGRIA DO INSTANTE
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA
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Numa noite de estrelas mais que cintilantes,
Lua cheia,
Calor infernal, verão de final de janeiro,
Sem quê nem porquê
Veio-me à alma forte e presente
Uma imagem d´A Alegria que Dura um Instante
E lá fui eu pelas estradas da Ilha de Itaoca
Procurar por diamantes,
Só podia pensar em diamantes.
Idéia sem nexto: “Diamantes à beira-mar!”
Só por milagre ou magia
Poderia realizar este delírio.
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Todos os diamantes do mundo
Haviam desaparecido,
Nem existiam em lugar algum da terra,
Foram proibidos
Por riscarem e cortarem o vidro do espelho
Onde os homens refletiam suas faces,
Exceto pelo diamante
Da imagem d´A Dor que é para Sempre,´
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Esta imagem eu próprio
Havia traçado o croqui e pintado,
Tendo-a colocado na tumba
De uma coisa por que nutrira
Sentimentos de amor os mais ternos e carinhosos,
A coisa era uma medalha de bronze,
Cuja imagem era o Templo de Delfos,
Coloquei a imagem suspensa na tumba
Para servir de símbolo do homem
Que sentirá dores irrevogáveis para sempre
Por não mais ser-lhe concedida
A dádiva de saber os mistérios de seu destino.
Tempos imemoriais depois,
Peguei a imagem que havia criado,
Coloquei-a na fornalha da cozinha
De fora – havia a de dentro da casa também –
De minha residência,
Onde minha mãe, aos sábados,
Preparava as quitandas para toda a semana vindoura,
Dei-a ao fogo, tomando uma taça de vinho do Porto.
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Lembrava-me disto,
Enquanto palmilhava o chão de areia,
Curvando-me a todo momento,
Enchendo a mão esquerda de areia,
Investigando se havia diamante.
Noite de muitas labutas
Por realizar o desejo.
Terminei sentado na amurada que circunda
A igrejinha frente ao mar,
Ao alvorecer, nascendo o sol.
A mão vazia, sem uma pedrinha de diamante.
RIO DE JANEIRO(RJ), 31 DE JANEIRO DE 2021, 00:05 a.m.

 

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