SENTIDOS NAS LETRAS INSCRITAS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: DESENHO/POEMA @@@@



Oh, Natureza,
Dizei-me vós o que sois,
Sussurrai-me nos ouvidos as belezas
De vosso Ser,
Que sentidos vós escondeis
Nos vossos sigilos,
Defini-vos!...
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Sejais vós uma gruta
Onde estalactites pingam pingos
D´água na lagoa de inaudita profundeza,
Ou sejais
Um templo onde vivos apiloares
Vertem por vezes palavras desconexas
Por bosques de símbolos
Por onde se lê, intuiu-se o mistério do sublime
Por florestas de signos
Por onde se sente o enigma da perfeição
Por orla marítima de metafísicas
Por onde se vislumbra a solidão do esplendor
Por estradas sertaneja de metáfora
Por onde se visiona o sol delirante nascendo?
Longos ecos longe lá se perdem
Dentro de profunda garoa
Eu bebia como um imbecil desvairado,
Contemplando o canteiro de tomate, mamão
Pés de caju, goiaba, limão... no quintal...
A visão que fascina, o prazer que admira
Nada mais havendo de sentir
Senão na eternidade
Que engendrará a videira de meu Ser,
Propiciando algum cântico
Em que haverá somente adegas glaciais.
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Desvario,
Devaneio
De meu pensamento à-toa vagando,
Manhã submersa
Gerou a terra a seara de viçoso verde,
O trigo é louro,
A palha do milho é seca,
Os lírios brancos florescem lívidos,
A estrela da alvorada dentro
De um botão de rosa vermelha,
O orvalho da madrugada
Escorrendo na folha da macieira,
Nevados píncaros, outeiros de olivais...
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Pensamentos à-toa vagando,
Oh, natureza,
Águas sem fim! Ondas sem fim!
Vejo-vos, sinto-vos,
Nada sei de vós dizer,
Faltam-me palavras, os sons silenciam-se.
Sei sobre vós escrever:
A pena solitária de movimentos
Desenha sentidos na letra inscrita.
RIO DE JANEIRO(RJ), 03 DE FEVEREIRO DE 2021, 13:55 p.m.


 

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