O INEXPRIMÍVEL DE UM NOVO IDIOMA GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Vertente de saudades
À melancolia dos tempos!...
Despreocupado, estiro a perna direita
Sobre a escrivaninha de cor amarela,
Esquecendo-me a contemplar
O infinito que rola no céu
Sem estrelas, sem lua;
Os longos ângelus emudeceram-se
Sobre os arvoredos vazios.
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Sede, oh noite, de meus devaneios,
A consciência que me leva
Às finitudes efêmeras que entram,
Saem no ar,
Ainda desvendarei os seus mistérios latentes,
Nas vibrações azuis do oceano
Perolando desvios no Corcovado...
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Escrevo silêncios, anoto nas linhas brancas
O inexprimível de um novo idioma
Sustentando uma cúpula de
Linguísticas de prata,
De uma nova língua que,
Pelas tardes quentes de verão,
Vai pelas sendas inventando
Novos sons inscritos nas palavras
Da vida em gracejos,
Dispersando meus pensamentos
A sonharem astros nos céus
Que rangem metáforas puras,
Metafísicas límpidas,
O orvalho roreja as frontes em comoção,
Alma sentinela
Ciência e paciência
Da noite que gela
E do dia em fogo.
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Novo idioma das lides humanas
Como se delirasse num espumar de raios
Sobre a relva flutuante, frágil,
No leito verde de poéticas letras
Onde chove luz,
Que se esfolha em eternidades,
Sonhando mil e um amores insensatos...
@@@
Foi tão longa a espera,
A promessa de rara beleza,
Enamorando as almas sem destino,
Ao doce exílio por virtudes
Saciando a sede de todos os sentidos,
Mas ritmando sons em meio
À imensidões fantásticas,
Encontrei o mar misturado
Ao sol e às constelações da eternidade.
RIO DE JANEIRO(RJ), 03 DE FEVEREIRO DE 2021, 20:44 p.m.

 

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