Ana Júlia Machado ESCRITOR POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA APRECIA ANALÍTICA E INTERPRETATIVAMENTE O POEMA SONHOS VAZIOS DE SONETOS VERSÁTEIS @@@


Neste poema do escritor Manoel Ferreira Neto “SONHOS VAZIOS DE SONETOS VERSÁTEIS” que como sempre a crítica está presente e os porquês e vazios da existência, a ausência do ser...Não é por acaso que no poema pronuncia Machado de Assis que na primeira fase das suas obras afigura-se preia a alguma apresentação do “Romantismo”, com uma narração completa de enigmas, com final ditoso ou funesto e uma diegese linear... Ostenta igualmente lineamentos revolucionários, como uma linguagem menos expositiva, menos adjetivada e sem a hipérbole afetuosa. As personagens possuem um porte não só impelido pelo amor, mas igualmente pela aspiração e pelo proveito em que o autor ao longo do seu poema, não deixa de frisar nas entrelinhas tal situação.

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A segunda fase das obras de Machado de Assis estreia-se com "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881), onde descreve a calamidade humana, andando até seu derradeiro romance, “Memorial de Aires” (1908) - o livro da nostalgia, escrito depois da morte de Carolina, sua paixão e mulher. É nessa época que se descobrem suas mais opulentas produções literárias. Discrepante de tudo quão havia sido escrito no Brasil, Machado inicia o “Realismo”. O estilo factual de Machado de Assis diverge de seus contemporâneos, porque ele entranha-se na análise psicológica dos personagens patenteando a debilidade existencial na relação consigo próprio e com os outros personagens. Outra das características que encontram-se no poema do escritor Manoel, que verbaliza a fragilidade do ser consigo e com os outros. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, o relator era um falecido que decidiu contentar-se um pouco saindo da unissonância da imortalidade redigindo suas memórias, independente das avenças sociais, pois está findo. O relator fala não só da vida, mas de todos os que com ele associaram-se, declarando a sonsice das relações humanas, que é um aspecto que o escritor Manoel mais crítica. As enormes “personagens femininas” das obras de Machado de Assis ou são infiéis ou encontram-se a ponto de ser como Virgília de Memórias Póstumas que afasta Brás Cubas quando podia casar-se com ele, mas converte-se sua amante depois que está casada com outro homem mais relevante na escala social. Sofia, heroína de Quincas Borba, permanece no lumiar da infidelidade, arriscando o desgraçado Rubião até levá-lo à demência, para afastar dele seu derradeiro centavo e assim opulentar seu esposo. Capitu, sua heroína mais célebre, personagem de Dom Casmurro, é o exemplar de mulher astuciosa, que atraiçoa vilmente o marido – ou parece enganá-lo. Somente Fidélia, de Memorial de Aires, é a esposa íntegra e fidedigna, como seu próprio nome aponta. O escritor Machado de Assis é uma figura tão relevante para o seu país que a sua biografia foi eleita para simbolizar no item A biografia das 20 pessoas mais relevantes para a história do Brasil. Com Orpheu o autor diz-se que” inda me reserva sadio divertimento” A Geração d’Orpheu foi o grupo encarregado pela inserção do Modernismo nas artes e letras portuguesas. O nome ocorre da revista literária Orpheu, publicada em Lisboa no ano de 1915. Seguindo as frentes européias do início do século XX, sobretudo o Futurismo, os colaboradores da revista Orpheu propuseram-se, de acordo com uma citação de Maiakovski que Almada Negreiros terá usado mais tarde para caracterizar o Grupo, "dar uma bofetada no gosto público". Apesar disto, conservaram influências de movimentos precedentes, tal como o Simbolismo e o Impressionismo. o oportuno nome "Orpheu" não fora eleito por obra da casualidade — Orfeu era o lendário melodioso grego que, para defender a sua mulher Eurídice de Hades, teria de a acarretar de regresso ao universo dos vivos sem jamais observar para o pretérito E era essa metáfora que interessava aos homens da Orpheu, esse não olhar para trás, esse olvidar, esse olvidar do pretérito para centralizar as atenções e as forças no caminho para diante, no porvir...e após a esta pequena descrição do Orpheu e Machado de Assis que o autor refere no seu escrito tem tudo a ver com aquilo que ele pensa..a carneirada que existe, os falsos, a podridão da sociedade, e as leis da doutrina que tentam e tentavam influenciar a vida das pessoas e a quem cabia o papel e cabe de desmascarar toda essa putrefação e miséria humana são alguns escritores. O autor no seu escrito revela ensaiar-se preso, em mim próprio atado nessa verdade corrompida no meio de uma infinidade de nada contrafeito a vivê-la pelas leis existenciais fecundadas por alguém claro, e tudo pode ser ainda pior em outro ponto de vista, mas mesmo assim, sente-se obrigado, sente-se como se encontrasse-se atado na sua própria existência, sente como se não encontrasse-se no seu loco, sente como se nada deveria ser como é, entende toda aquela intenção de destacar, aquela intenção de alcançar algo mais que no fundo não possui...

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Habitando sua existência tocante em um planeta qualquer me sente mágoa por ser ele próprio, não é que ele não pretenda ser ele ele, meramente não deseja habitar mais essa existência, pretende habitar algo novo... desigual mas efetivamente chega a não entender o que compor no presente instante, somente vive por possuir pachorra para morrer. Como refere no escrito o seguinte: “Morrer, dormir? Fenecer, ressonar? Dormitar? Sonhar quem sabe” não auxilia o facto de não conseguir seus objetivos que já são demarcados, depara que essa verdade acha-se mais para um cárcere para si e o pior e que sua vida e o seu cubículo. profere nas entrelinhas que encontrava-se arriscando conversar com divo, mas ele não me retorquiu o que será normal, ele jamais vai replicar porque ele meramente não necessita diversamente de si, até porque ele não é crente... tudo questiona e sabe que ele encontra-se sendo obrigado a permanecer ele meramente, permanece porque ele quer, não carece de um fundamento afinal, ele já tem tudo o que alguém poderia pretender. Sabe que ele tencionava habitar em uma existência desigual na qual sua existência causasse algum significado, mas como verbalizam "querer não é poder", tudo o que ele pode fazer é harmonizar-se com tudo isso sem deixar de contestar e admitir que eternamente vai ser quem é... é um ser insubmisso por não possuir nenhuma causa para habitar a existência meramente o concluiu porque sim que ira sente... e o pior é que possui como protestar ou com quem protestar pois é.. é uma chatice ser ele, que não é ovelha de rebanho algum... E termina com “Errando na inexistência do ser, Como um estrondo de campainha de serpente Para além da direcção de azáfamas inspiradoras, Pós transcendentes, delgadas areias alegóricas”

Ana Júlia Machado

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RES-POSTA À APRECIAÇÃO ANALÍTICA E INTERPRETATIVA SUPRA

As características de meu eu-poético-literário-filosófico estão nesta sua apreciação analítica e interpretação deste poema e da obra evidentes, nítidas nulas, com estas características de minhas relações com a existência, com o mundo, com os homens, o que em verdade penso e sinto acerca de nossos tempos hodiernos, a podridão humana, hipocrisia, falsidade, farsa, que busco inscrever na obra, assim sou quem me faço no mundo, o destino de ser responsável com a Palavra, com a existência no mundo, assim sou autêntico, homem e escritor comungam-se, aderem-se. Digo-lhe isto deste modo, como escrevi num poema intitulado MISSIVA A UM JOVEM POETA: “O coração da poesia/Só é possível pulsar com o seu sim/Ao espírito de ser poeta.” O “espírito de ser poeta” é a responsabilidade com a existência do homem, o destino que as letras podem proporcionar, a Verdade do estar-no-mundo. O que me importa, se alguém torce a cara com as minhas críticas, a carapuça lhe serve, discrimine-me, a discriminação é dele mesmo, não tem coragem de se assumir no mundo. A minha responsabilidade está realizada. Machado de Assis é o meu mestre primevo: li O Alienista com quatro anos e meio, e desde então degustei a obra completa, ensinando-me ele o que é ser escritor, não apenas sonhador das letras, o nome inscrito no Olimpo, ocupando uma cadeira, imortal, eterno, isto nada significa, coisas da vaidade, o importante é ser uma luz para a busca do Ser, nisto não pode haver farsa, falsidade, hipocrisia, há-de se ser verdadeiro. Não é o meu destino que aspiro em instância primeva, sim mostrar ao homem outros horizontes, especialmente a coragem de sua verdade. Isto é inexpressível, mas sensível ao espírito de ser poesia, de ser representação do Ser que se faz continuamente na continuidade do tempo. Para mim, o “espírito-de-ser” escritor é a coragem de assumir a Ausência do Ser na minha existência, e desejar realizá-lo no mundo das coisas, dos objetos, dos homens.

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Perfeita a sua apreciação analítica e interpretativa desta obra, da obra reunida, e cada vez mais aprofundando, mergulhando neste mundo tão complexo e hermético, não o fosse, não seria artista, escritor, literato, pensador. SOU ERUDITO COM TODO ORGULHO.

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Beijos nossos a você,  à nossa amada netinha Aninha Ricardo, à nossa família.

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SONHOS VAZIOS DE SONETOS VERSÁTEIS

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: POEMA

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Dos ermos longínquos

Retornam quimeras

(de esperanças múltiplas

do fazer poético, do sonhar

a tessitura da poesia),

De desertos distantes

Voltam sonhos vazios

(de sonetos versáteis),

De ditirambos sem rimas,

Cujos raios de sabedorias

Do ser e tempo

Esplendem o nada de ideais,

Cujos brilhos de litteris e verbis saberes

Corroboram o absurdo da razão,

Reverberam o vácuo do intelecto,

Incidem nos gestos de composição dos caracteres

Perdizes deambulando pelos campos,

Ovelhas descansam à sombra

De frondosas árvores, distantes,

De serenidade à beira de rios

De águas leves, profundidade transparente,

Às margens à droite de caminhos sem trevas e escuridões,

Sem luzes e claridades.

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De longínquos campos

As frangas se nutrem de alimento

No que lhes é dado fazer,

Ciscarem no chão,

Que lhes fortalece o corpo,

Que lhes adorna as penas,

Que lhes purifica as claras e gemas

De ovos que ad-virão frescos e puros,

Ovos cozidos ou bacon´n´eggs

Satisfazem o sabor e o paladar de prazer

Das entranhas.

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Vou subindo, as veredas trilhando,

Passos comedidos,

Vou subindo acima,

No azul do céu,

No crepúsculo da tarde que morre,

As ovelhas pastam e desçam,

A ver se encontro sonoras rimas

Entre caçar perdiz na rua Machado de Assis

E as penas de frangas que servem aos

Caprichos metafísicos do toque singelo e terno

A incitar as orelhas a abanarem

Os sonhos e sons de métrica,

Ritmo, musicalidade

Nos movimentos contínuos.

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Rima de amor ou rima de ventura,

Rima de verbos ou rima de quimeras,

Perdiz que rima Assis

Penas que rimam

As odes de Atenas,

As fortunas Greco-romanas,

È mais nobre o sono a penas

Da labuta constante,

É mais cerviz curvar aos golpes

Da ultrajosa fortuna

Que a perdiz conceder a entrega

Com as carícias plenas da mão,

Sono apenas.

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Morrer, dormir?

Fenecer, ressonar?

Dormitar?

Sonhar quem sabe

O desejo de rimar perdiz com as penas

Do ócio no coçar de orelhas,

Buscando-lhes movimentos métricos e rítmicos

Em que porei termos às longas penas,

Aos curtos dós,

Às orelhas pequenas,

Olhos acesos levantam ao alto

Rogam estrofes e versos.

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Os lábios meus, finos, esbranquiçados,

Tocam a carne fresca da perdiz na tenra idade

Hei visto de minha pena

Apenas o desejo,

Desusado travo de desgosto,

Que mel não deixa um travo de desesperança?

Que fel não deixa um a-núncio de fé?

Que esperança não deixa uma angústia do divino?

Que deus não deixa um ódio da verdade e do eterno?

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Morte, vós podeis esperar,

Não me apressais,

Tenho todo o tempo do mundo,

Aposentei as tintas,

Afastai-vos de mim,

Distanciai-vos de mim

Ou fazei-me olvidar

Os primevos olmos

Que o desespero pálido devora,

Pales inda me guarda um verde abrigo,

Orpheu inda me reserva sadio divertimento,

Sinto que habita minh´alma um vácuo,

Imenso e fundo,

Ininteligível e profuso,

Me não lega o casto, o brando,

O delicado andar nas asas da brisa,

O singelo voar nas patas do vento,

Sem rédeas, sem freios,

O findar o crepúsculo

A iniciar a noite nua e crua

De “quimeras” e “fantasias”,

“Ilusões” e “devaneios”

A ornamentarem os arrebiques e molduras

Sobre o gracioso colo do idílio vão.

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Quando fui outro,

As rezes iam perdidas entre as perdizes,

As ovelhas iam dispersas não sei para onde,

Oliverando os reeds dos bosques;

Da mocidade experienciada nas vivenciarias

Delícias do Sonho e do Verbo imortais e eternos

Ao vendaval, rompe a luz,

Do silêncio, rompem as vozes,

Da solidão, irrompem as algazarras,

Começam as líricas de infortúnio e tédio

Inicializam as liras de tristezas e ócios,

Revelam a composição de versos e universos,

A produção de metáforas e metafísicas,

O artifício de filosofias e poesias,

A de-composição de razões práticas e puras...

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O engenho portentoso

Sabe iludir as penas que despertam movimentos,

Utensílios de que os homens de letras

Servem-se para registrar nas páginas brancas

As palavras,

As perdizes que acordam os versos verdadeiros

Das re-versas ilusões,

In-versas querências,

Ad-versos sonhos de verbos

Eternos e imortais...

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Sílabas de doces mistérios,

Chaves de ouro conciliadas às emoções

Ad-vindas de ácidos enigmas do divino e contingente,

À soleira de ventos e silêncios

Ermas planícies de esperanças,

Vozes e filosofias do além

Serem linguagem e estilo

Do verbo incompleto,

Serem pensamento e idéia

Do sujeito vazio de si-mesmo,

O si-mesmo vazio de sujeitos simples, compostos,

Serem reflexão e volúpia

Do nada mesmo faltando,

Falhando na ausência do ser,

Como um ruído de chocalho de cascavel

Para além da estrada de poeiras poéticas,

Pós metafísicos, finas areias metafóricas.

RIO DE JANEIRO(RJ), 20 DE FEVEREIRO DE 2021, 14:38 p.m.

 

 


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