Graça Fontis PINTORA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA E INTERPRETA O POEMA Bulhufas às CUCUIAS DO EFÊMERO @@@@



Aí meu querido Escritor, atentei desvelar "BULHUFAS ÀS CUCUIAS DO EFÊMERO", vá lá se consegui!
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FRAGMENTOS ALEATÓRIOS
Ando a criar e ampliando forças
No escopo de equilíbrio às minhas volúveis vontades
Antes que a derrocada me surpreenda
Inda mais lúcida que esta lucidez desvairada
Às margens dos acontecimentos.
Repensando pensares civilizadamente
Por onde anônimos,
Quaisquer a quem conflitar
Ou seja, ouvidores de minhas palavras, bobagens contundentes, inadequadas, não há.
Descambam na vastidão do "Rio São Nunca"
E desaguam n'um mar inacessível
Às grandes inspirações
E à autossuperação dos termos mais estritos
Alheados a aporia angustiante da instabilidade,
É perplexidade diante o imperceptível #Tempo"
Espalhando e deglutindo
Minhas ações e reações
Em perpendicular desce, dobra e engole
Do silencioso branco da tela
Aos palavrórios estranhos e absurdos
Desenhados nas teias subjacentes
De meus afetos mais primitivos.
Seria a culpa?
Encetada de fraqueza e fragilidade
Diante este a embarreirar-me
O solo fértil de inimagináveis alegrias,
Gládio sustivador de meu maior prazer
E âncora a sobre-existência pós ínfimas
Ou grandes derrotas?
Mas, que os pensamentos dispersos amainam-se
E bizantiano sigo resoluto
Como nexo de superação
Recolhendo espalhados fragmentos
Justapondo-os às minhas probabilidades de êxito
A essa vida vezes raiada de ROSÁCEAS
Onde toda fragmentação se reintegra
E fundamenta-se
Nesse Rio de silêncio escorregadio
Em que a solidão sobrepõe
Os próprios termos reguladores
Desta mente, corpo e mãos
Superpondo todos os sentidos
Para transcenderem revezes e frêmitos
Que esta existência de natural normalidade
Contudo, dúbia e ofuscante, abriga_ como "Creator", também me abrigo.
GRAÇA FONTIS
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RESPOSTA À ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO SUPRA
Efetivamente não me é dado saber como responder a esta análise e interpretação senão estarem elas PERFEITAS, no sentido mesmo de haver mergulhado na inspiração – tendo esta surgido, aquando, saindo de um posto de gasolina, após você colocar álcool no carro, diante de um acontecimento no semáforo, a luz verde e os motoristas parados, dissera euforicamente a sua irritação “Não entendi bulhufas” -, sentindo-me estranho com o pensamento das coisas efêmeras da existência, a vontade fora de mandá-las às cucuias, largar mão de ficar refletindo sobre elas, o importante é viver, consentindo com o efêmero, sentir prazer, sentir-me bem, sentir-me feliz com a existência, seja como for ela. INTITULEI, DAÍ, #BULHUFAS ÀS CUCUIAS DO EFÊMERO#, isto é, estou-me nas tintas para o Efêmero. Poemaria em casa os sentimentos que me surgiram.
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A análise e interpretação estão perfeitas, pois são testemunhas destes sentimentos por mim vivenciados, as idéias que compus no poema diante deles, comungam-se, aderem-se com perfeição. Ademais, superam e suprassumem as angústias e náuseas que se revelaram, “Superpondo todos os sentidos/Para transcenderem revezes e frêmitos/Que esta existência de natural normalidade/Contudo, dúbia e ofuscante, abriga – como “Creator”, também me abrigo.” Revezes e frêmitos transcendidos levaram-me a abrigar-me no “firmamento de gelos frementes”, isto é, no Espírito da Vida.
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Perfeitas a análise e interpretação. Meus sinceros cumprimentos e PARABÉNS. Beijos no coração, meu Amor querido.
Manoel Ferreira Neto
Rio de Janeiro(RJ), 08 de fevereiro de 2021, 06:23 a.m.
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BULHUFAS ÀS CUCUIAS DO EFÊMERO
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA
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Ai, tudo é abismo!
Sonho – sente-se-lhe, vive-se-lhe por átimos de instante
Ação – galope no crepúsculo, levando cavalos
Para beberem água fresca no Rio São Nunca,
Desejo intenso – da solidão, do silêncio
Palavra! Digo-a na língua dos trinques.
Não a refuto. Não a recuso. É livre.
Sobre mim, num calafrio,
Cogito sentir da carência o vento vespertino
No bosque se estendendo
Ao longo de todos os espaços até às águas distantes do mar.
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Em volta, do alto da colina,
Embaixo, a profundura, o denso silêncio,
A lápide de mármore, epitáfio escrito,
Cujas palavras não me é dado lê-las
Em noites de sono leve,
Sinto estar desenhando numa tela
Pesadelo multiforme e denso
Na vidraça do ateliê, pingos de chuva deslizando.
Estremeço de medo do sono,
O subterrâneo que me esconde
Sombras, sombras e mais sombras
Nas paredes de lado e outro,
Sem haver luz que as projecte,
Do infinito, à janela,
Gozo fulcrais prazeres e alegrias.
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E o meu espírito:
O que é dele? Ébrio?
Afeito aos desvarios sem limites
Ao nada, sente ciúmes indizíveis
Das bulhufas do eterno,
Entrelaçadas às cucuias do efêmero,
Ao vazio, inveja a ausência de
Sensibilidade e a falta de calor.
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Não sou acaso nos braços de Orpheu
Falso acorde onírico
Graça à voraz irônica
Que me sacode e que me morde
Sou o espelho amaldiçoado
Que não pode mais
Refletir o inaudito e a mão crispada.
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Dir-se-ia que dança uma serpente
Do alto de um bastão
No sonho se oferecendo
Rumo ao firmamento
De gelos frementes.
RIO DE JANEIRO(RJ), 03 DE FEVEREIRO DE 2021, 11:52 a.m.

 

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