DA FÉ QUE SE ALINDA GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@


Apesar de que

Nada traga novamente os instantes,

Sejam de glória, sejam de desgraça,

Do que quer sejam,

Real isto de não haver retorno,

Não vou verter lágrimas,

Vou encontrar forças no que tive um dia,

No afeto primeiro que inda está de pé,

No amor que inda está inteiro,

Permanecerá inteiro,

Na liberdade que se faz continuamente

Na continuidade das situações,

Circunstâncias que se renovam, refazem-se,

Na consciência que visa a amplitude

Do saber, sabedoria,

No pensamento que consola

E medra quando a dor desola.

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 Haveria outra linguagem estilo,

Outro modo de expressão?

Havendo ou não, decidi ser esta a via,

Mesmo que suscite vulgaridade, nonsense

Só permitidos aos néscios:

O coração de meu coração

Sente o poder trago em mãos;

Abandonei somente um prazer,

Intencionando preservar a liberdade,
Preservando-a, descobri haver sido cretinice

O que vivi antes da peremptória decisão

Não era prazer.

Era escravidão.

Amo de paixão o rio

Que em seu canal inssurrecciona

Mais do que quando fui eu rudimentar.

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Prazer e liberdade

Não há prazer,

Se a liberdade não está efetivada

Na língua da amplitude de visão:

“A liberdade precede o prazer”.

O credo que perpassa a existência,

Na labuta ou calmaria,

Pleno do tatalar da fé que se alinda

Afetos prévios, recordações breves

São pontos de luz do olhar.

Vejo algum fragmento

- visão real e lúcida –

De meu sonho de ser humano,

Moldado graças a uma arte inda pueril

Com que componho meu canto;

Se não me afino em dialogar,

Trocar dedos de prosa,

Sobre as circunstâncias da existência,

Sobre as futilidades da vida social, familiar,

Efetivamente não me afino,

Encho poucochito a poucochito

Minha própria verdade no silêncio dos pensamentos.

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Enquanto as aves cantam de contento,

As ovelhinhas saltam

Ao som do que as exalta,

Enuncio cascatas frente ao precipício

Todo o mar se ufana

A serpente enrola-se no tronco da árvore.

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Não sou feito de letras que alfineto

Como agulha,

Sou feito do branco que fica nas linhas da página.

RIO DE JANEIRO(RJ), 04 DE FEVEREIRO DE 2021, 21:08 p.m

 

 

 


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