PROJETO DO SOL E O INFINITO DO UNIVERSO GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO @@@


Anjos do Senhor,

Auscultai o som da voz de vosso espírito:

«A verdadeira vida está ausente.»

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Exultante por nada com-preender à luz do en-canto e re-encontro/re-encanto dos abraços e compassos, os réquiens às felicidades e alegrias, às flores morenas que mandam no coração, que moram no paraíso de mim, que me tiram da solidão... nada entender sob a imagem da nova consciência e juventude do outro que se a-nunciará no campo de flores secas que caem e serão húmus de outras a re-novarem as forças do espírito para as novas razões, desejos e vontades... Todas as alegrias e felicidades habitam-me, por assim ser, ser o que me habita a essência da vida e contingências dos tempos, despertando-me para a busca de esclarecê-los e torná-los transparentes e re-luz-entes, não é está-la definindo de modo absoluto, não é estar conceituando e categorizando os raios luminosos que moram no coração e espírito delas, seja verdade eterna e imortal, não o seja, tanto pior, jamais haverá quem isso conteste ou diga que nas situações e circunstâncias do tempo essa era a definição que se poderia obter, era o que se poderia considerar e reconhecer sublime e esplendoroso, as luzes plenas não haviam sido acendidas ainda.

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Uma vaga profusão

de amor

suspende-me por um átimo

acima de mim mesmo,

e, inseguro,

consinto-me insofismavelmente

ser apanhado pelo meu próprio destino.

Uma vazia efusão

de esperança ergue-me

por um minuto além de mim mesmo

e, indeciso, permito a mim

resvalar pela alegria estonteante.

Difícil a percepção

da inteireza das contradições...

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Na continuidade das relações sociais, políticas e econômicas é que seriam acesas, iluminadas, abençoadas, ungidas...

 haver-se-á de esperar novos tempos,

mudanças e transformações,

haver-se-á de esperar novo arco-íris, eclipse do sol,

até que seja eu iluminado para assim definir com toda propriedade, categoria, seja muito feliz...

a mesm-idade do tempo continua, as sanidades prolongam-se, as idéias vãs são conservadas em nome de preservar

os princípios da salafrariedade, para o esquife ser acompanhado com lágrimas verdadeiras e de crocodilo

pelas cumplicidades, capachidades, alibiedades dos súcias, sem os benefícios todos das dúvidas extensas e cogitanas,

só os súcias se amam mutuamente

sem quaisquer dúvidas e desconfianças,

sem quaisquer interesses obtusos ou chinfrins,

completam-se,

aderem-se,

comungam-se,

e tais palavras já não têm o menor sentido,

pode-se conservá-las, preservá-las,

atribuindo-lhes outros sentidos à mercê

das ondas que batem nas docas,

nas pedras que rolam montanha abaixo,

rolam pretéritos da rocha que é levada

com esforço sobre-humano ao cume dela,

já nem se explica porque razão serem pró-nunciadas,

porque motivo serem ditas com ênfase e euforia,

até deixando a baba escorrer queixo abaixo,

as ciências, tecnologia, informática

e o conhecimento se desenvolveram, progrediram,

não existem mais mistérios, a vida é livro aberto,

é página límpida e nítida de letras claras,

mostrando todas as sílabas

que podem ser lidas livre e espontaneamente,

com olhos de lince

ou simplesmente retinados de vazio e volúpias,

pupilados de abismos e êxtases

– quê imagem de quem se encontra à soleira de seu alpendre, sentado no toco de madeira, no crepúsculo,

na amplidão de longínquos pretéritos presentes na memória,

o prazer de re-versos desejos,

o clímax de in-versas vontades,

a extasia de ad-versas visões-do-espírito,

"Ah, look at all the lonely people...",

a idiossincrasia do eterno esquecida no tempo,

a flor de cactus presenciada nos alvores de outro ser do verbo, que me alimente de outros subjuntivos

e gerúndios do saber-verbo-uno, das buscas e querências,

o flash de luz de minh´alma resplende de nonadas

a luz das travessias,

assim vou perfilando ou performando as poeiras das estradas à luz do picadeiro de gargalhadas,

do palco de desejâncias da leveza do ser.

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Ilusões de antanhas esperanças e sonhos, ondas de verbos deslizam suaves e serenas, versos de pensamentos, estrofes, questionamentos singelos do vir-a-ser de horizontes que respinga de dimensões de verdades os volos da inspiração, intuo na imagem das idéias a sensibilidade do ser, e sinto que a poesia é eidos da filosofia, VICE-VERSA, percebo o verbo dos sonhos de amar na dimensão da verdade de ser a semente do prazer que se encontra na emoção de re-fletir, meditar, pensar, in-vestigando os vestígios das fantasias, fertilidade da imaginação, carência abismal da arte e das perspicácias do estar no mundo, peripécias de não apenas esquecer-me os melhores motivos, mas também sentir despertar uma resistência e uma aversão.

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Anjos do Senhor,

Auscultai o som da voz de vosso espírito:

«A verdadeira vida está ausente.»

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E a coruja canta no silêncio da noite a linguística das querenças do belo sublime, a semântica das desejâncias do In-finito da pureza do divino, da suave beleza da sabedoria que sacia a sede do pleno plenificado de outros uni-versos do verbo que à lareira verseja as chamas dos idílios do silvestre porvir de místicos mistérios do eterno, gorjeia no seu ser-de pássaro para a gnose da Vida, para a sabedoria da con-ting-ência de existir no mundo, versifica o olhar do lenhador no tronco da árvore com os toques da lâmina do machado nele, objetivo aquele tronco seja o objeto das chamas do fogão, a lenha para fazer o alimento da vida.

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No alvorecer o canto dos pássaros saudando os raios numinosos do sol, a natureza que diviniza o panorama de estesia simples e inocente, a estética do sublime. Ser e verbos... Paixões passageiras, eis o pendulum do vai-e-vem do que não solicita desvarios e devaneios, nada diz o que de pretérito, náuseas e absurdos, bem-virá de prazeres e ex-tases, o rufar dos tambores, tanto faz se é recomendado um aval ao rebanho, ou se lhe são oferecidas sete opiniões. Quem discorda, não admite, não con-sente e se coloca à parte das sete opiniões oficiais, cristalizadas e diamantizadas, sempre tem o rebanho inteiro contra si.

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Anjos do Senhor,

"A verdadeira vida está ausente".

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Na amplidão de longínquos

pretéritos presentes na memória,

quem sabe o sério caso de amor tenho comigo

não haja sido concebido na madrugada

da alteridade do outro,

só assim alcançaria o corcovado

das sin-cronias do eterno e do efêmero,

paradoxo?, hipérbole?,

embora as algazarras todas,

das buscas e querências, a vontade é-lhes,

a crença de imagens é a crença nas cores,

criações de luzes e contra-luzes.

Entre a Lâmina e Lama, re-fazendo o tempo, a temperatura,

a noite escura, da precipitação de ocasos/acasos

sob o olhar da insolência e imponência distante dos sinais exteriores da benevolência aos corações úmidos e amargos.

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Ritmo de músicas trans-cende a vida e a morte, trans-eleva o sonho e as esperanças, trans-passa travessias e pontes, regendo linguagens do dito, inter-dito estilo da saudade e melancolia, além-ditas formas e estruturas da alegria e tristeza, querência e ilusões do ter sido no ambíguo ato de jogar sobre a mesa as leis naturais do sentido e significado, metáforas, símbolos, signos, reis, nos dúbios ases do pôquer sobre o balcão das semânticas, o jogador felizardo, desgraçado, re-presentações de linhas em góticas letras, magnífico retrato dos sentimentos comungados à poiésis da metafísica, às idéias re-colhidas e a-colhidas nos horizontes pretéritos das experiências, nos uni-versos mais-que-perfeitos das desilusões, aos sonhos e utopias do belo con-tingente, da beleza trans-cendente, no silêncio eloqüente da floresta, con-templar as águas brancas do Infinito, no seio des-encarnado de senso, contra-senso, comungar linhas e entre-linhas nas além-linhas do orgasmo, da magia.

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Anjos do Senhor, "A verdadeira vida está ausente"

Na solidão do poema,

A re-flexão dos versos e estrofes que silesiam,

Sinestesiam as anunciações do tempo,

O ser de luzes que iluminam os vazios da con-ting-ência,

O ser de raios cintilantes que numinam

Os mistérios e enigmas da vida,

Trans-elevando-a aos auspícios do in-finito,

Onde as paisagens esplendem

A estética da pureza e do sublime

e o uni-verso

Exala o perfume in-finitivo do perpétuo desejo

À ideia do infinito colocada no ser separado pelo infinito — Retém-se a sua positividade,

A sua anterioridade relativamente a todo

O pensamento finito e a todo o pensamento do finitivo,

a sua exterioridade em relação às in-finitas idéias. Foi a possibilidade do ser separado. A ideia do infinito, o transbordamento do pensamento finito pelo seu conteúdo, efetuam a relação do pensamento com o que ultrapassa a sua capacidade, com o que a todo o momento ele apreende sem ser chocado. Eis a situação que denominamos acolhimento do rosto. A ideia do infinito produz-se na oposição do discurso, na socialidade.

O símbolo não lega

realidade a um sentimento,

consistência a uma emoção

- é a mais pura pobreza

buscar-lhe para a construção

do íntimo.

A metáfora não diz

o fundo dos conflitos,

dores,

não fala

o profundo da consciência,

inconsciência,

não expressa a essência da realização,

desejos.

O que lega realidade

é a contingência das palavras,

o factício dos sentidos,

a fatuidade dos significados.

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Anjos do Senhor, "A verdadeira vida está ausente".

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Fora deitar-me às cinco horas da manhã, pós espairecer as idéias na rede da varanda, e sonhei alguém comigo sentado numa mesa de botequim dizendo que o EU deve desalojar-se de sua imanência segura exigindo-lhe uma posição transcendental. O sujeito necessariamente, para eliminar o sistema opressivo em que vivemos, deve auscultar a verdade do outro, não para convencê-lo de que ele não tem razão, mas para a construção de uma nova identidade que inclua o outro e seu modo de ser. Ao nosso lado alguns jovens degustavam o sabor da Marijuana. Levantamo-nos, seguimos juntos uma longa avenida em cujo centro estão dezenas de palmeiras.

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O pensar que pensa o pensamento olha de modo re-flexivo a passagem do efêmero e passageiro, do nada e obtuso, do eterno e in-cont-ingencial, e com a leitura re-verenciar o que há de vir, espalhando coisas sobre um chão de giz, o que há de ser, jogando na colcha de retalhos os confetes do gozo dos acorrentamentos no calcanhar das explicações freudianas, dos enforcamentos nos pescoços das idéias analíticas das neuroses e psicoses da psicanálise moderna, con-templar a águia que voa de um extremo ao outro do uni-verso, à procura de seu in-finito, do horizonte onde pousará e olhará tudo de frente, baterá suas asas alegremente para mostrar e id-ent-ificar que os seus projetos foram sim concretizados, poderá atravessar o que há para além do bem e do mal, do eterno e efêmero...

Incrível

haver dores acompanhando

- a dor de um furúnculo nas costas

incomoda-me, irrita-me

neste instante em que traço estas linhas -

a vida em todo seu processo e trajeto.

Há instantes

em que um grito surge inesperado

e verdadeiro - o que são as alegrias, realidades

ou fantasias?” - e também calado...

O verdadeiro desatino da mente talvez não seja mais do que a própria sabedoria que, exausta de descobrir as vergonhas do mundo, despautério da humanidade, tomou a inteligente resolução de desatinar as ruminâncias e eloqüências, ruinâncias e oratórias.

Fascinante...

As dores

originarem prazeres, instantes de júbilos e êxtase!

Há momentos em que o peito dilacera-se,

afigura-se a vida inteira alcançar

o absoluto, o perene.

Dores e prazeres sucedem-se ao longo da contingência...,

O silêncio dos sábios,

das bordas do abismo viscoso,

Corrompe e atrai.

RIO DE JANEIRO(RJ), 27 DE FEVEREIRO DE 2021, 14:48 p.m.

 

 


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