#AFORISMO 230/DAS MARGENS DO DESERTO, ÁRVORES DO BOSQUE# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
O que é isto - sabedoria? Seria o indicativo dos sonhos em comunhão com
as esperanças que se re-velam no tempo?
"Nas linhas do tempo, perco-me nas entre-linhas do vir-a-ser!"
Graça à metafísica do efêmero!
O corpo, ambíguo em suas sensações de desejo, postula-me a percepção do
olhar as situações antes da intuição de decidir as ações. Tempestuosos
sentimentos de doação dalma e intercâmbio de carícias habitam-me fundo o seio,
e sou quase uma alegria absoluta.
Invade-me enorme volúpia e desejo de ir residir inocente e puro nas
alamedas de um amor efusivo e real. Surge-me angústia a perambular e deslizar
no sangue vivo: serei apto a realizar este amor? Quisera-me lúcido e louco a
tergi-versar pelos labirintos nítidos e nulos de desejos. Sou felicidade translúcida
a transbordar a garganta da linguagem, Intencionando inda mais a completude do
corpo e sentimentos.
Ciência
de que nada continua
e nem mesmo quiça
exista
Quisera-me uma alegria da linguagem de desejos, ejaculando a completude
dos prazeres, e tudo o que é elaborado são repetições de adjetivos e advérbios.
Sinto a nitidez de instituições, aspirando encontrar-me com a lucidez de viver.
Pudera-me o retorno lúcido às perdas, re-elaborando o sujeito, fazendo a
completude clara do verbo de viver a singularidade.
O coração esteja aberto para sentir nas entrelinhas o meditar diante da
vida, o efêmero que con-ting-encia o vir-a-ser do nada, e este eleva o porvir
ao cume dos alhures do tempo, augures do vento, à busca da refinada beleza do
ser, do querer desejar ser, do expressar o verbo do espírito que retrata a vida
no per-curso das estrelas à margem do uni-verso esplendendo o lado outro da
lua, das constelações, a dimensão re-versa das emoções ad-versas do que há-de
se traduzir num estado de paz, alegria, que tem na sua certeza o encanto e
des-encanto do momento singular e sui generis do inaudito, imprescindível de
ser versejado às luzes numinosas da memória ensejando lembranças e
re-cord-ações a jornadearem pelos notívagos silêncios que ritmam dons e talentos
do litteris do que trans-cende a espiritualidade, além das essências da
peren-itude, onde só per-vagam miríades de luzes que velam as in-congruências
subjetivas das sorrelfas perdidas no per-curso das sarapalhas da liberdade que
inscreveram, epigrafaram, epitafiaram estrofes do longínquo eivado de quaisquer
possibilidades de aproximação do que tergi-versa o soneto da com-pletude do
impossível à lírica do ab-soluto executado nas cordas da harpa e cítara, ritmo
e acorde do som das ondas marítimas aportando na ilha grega das sabedorias dos
deuses olímpicos que perscrutam a solidão do tempo.
Tristeza de nudez insinuada
entre roupas íntimas,
entre odores peculiares,
um érito dos pretéritos
Ressoando sempre.
No regaço da alma,
as formas
Fantasiam, sonham
o instante
de
existirem
Noturno e ambíguo
sorriso,
Secreto e reticente
olhar
Os presságios
Circulando o éter
- Que signos de paixão
hesitam em consumar-se
como etéreos?
A alma se entregue, re-vele-se na amplidão de suas im-perfeições, na
in-fin-itude de suas decepções com o alvorecer que in-fin-itiva o outro do ser,
na plen-itude de suas conquistas com o entardecer verb-aliza com toques
singelos e surpresos, gerundiado de não-ser, a humanidade do ser, mas opuscula
o solipsismo do eu do não-ser, a ipseidade perpétua do nada vazio de
perspectivas que trans-elevem o ab-soluto ao aquém do ab-surdo, em cujos
in-terstícios e re-cônditos deste habitam, são pedras angulares, húmus e
semente viçosas, o in-terdito que re-vela mistério, e de ínfimos mistérios em
ínfimos mistérios concebem-se os sonhos, manifestando-se enigma, mostrando-se
lenda, lenda do caos re-vestido de genesis do divino, as pers do nada criando,
in-ventando, artificiando com os vestígios de pretéritos das fantasias da
perfeição, verdades da im-perfeição, causo do lobo na estepe uivando pela
eternidade nas noites de lua cheia, certezas da im-perfeição perfeita, o
in-finito de locuções pronominais do verbo que defectiva os modos das sombras
do eclipse da lua, os estilos das brumas do apocalipse na montanha que circunda
a ilha lusitana dos sentidos, dimensões do espírito de Castro as melancolias e
nostalgias, in-estesias da solidão, sin-estesias de angústias esplendendo
inspirações das "iéticas" cinzas da vida re-nascendo nas eiras e beiras
dos "emas" da sensibilidade, eivando e seivando de pós do efêmero o
desejo da a-nunciação do eterno sob as vivas cores do arco-íris que
espiritualizam céu, nuvens brancas e azuis de sonhos, fé e esperança, a tríade
sintética do efêmero que nadifica as simil-itudes das insolências contra a
verdade perpétua do verbo que solsticia a palidez do crepúsculo, do entardecer,
na noite que se dirige à madrugada, prenúncio do amanhã, de primevas letras que
libertam o ipsis do cogito cócito das águas límpidas e cristalinas das margens
do deserto, dos ventos solertes perpassando os espaços de entre as árvores do
bosque...
(**RIO DE JANEIRO**, 04 DE OUTOBRO DE 2017)
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