COMENTÁRIO DA AMIGA SONIA Sonia Son Dos Poem Gonçalves AO TEXTO /**PENA MOLHADA NA TINTA**/
PENA MOLHADA NA TINTA
Manoel Ferreira Neto.
Muito lindo seu texto
Manu...Suspeitei desde o princípio que era leitor assíduo do Machado...pois ele
utilizava um vocabulário riquíssimo né? Quanto à experiência que só se adquire
com a vivência dos anos, creio que você fez a lição de casa direitinho, né?
Pois o considero muito sábio e bem esclarecido Manu...Conta-nos que já era
curioso e dado a indagar o porquê das coisas, quando diz que amava Machado aos
9 anos de idade, nossa de fato ainda hoje a literatura de Machado não é
apreciada por muitos, por ser muito elaborada e difícil, né?Eu lembro dos
poucos que li: gostei muito da "Mão e a Luva" e de
"Helena"e "Dom Casmurro" claro, bem mais uma criança gostar
de Machado essa criança só poderia ser você mesmo Manu...Bem, parabéns pelo
lindo texto como sempre muito bem escrito! Um deleite! Bjos...
Sonia Son Dos Poem Gonçalves
Só um pormenor, Soninha Son: li O
Alienista com a idade de quatro anos e meio. Jamais deixei de ler o meu querido
e muito amado mestre Machado de assim. Conheço a obra completa. Tenho-a em
quatro volumes.
**PENA MOLHADA NA TINTA**
Pena molhada na tinta dos desejos
inter-ditos nos pretéritos verbos defectivos de ser busca, de ser querência, de
ser lince do olhar a distância, até de ser In-finito nas bordas do rés-do-chão.
Percorrendo as linhas discursa em letras góticas a ec-sistência de efêmeros, de
nadas, de versos e estrofes do espírito, de prosa da contingência,
absolutizando sonhos e esperanças.
Mas é com vocábulos, vernáculos,
termos que eternamente induzirá metamorfosear a interpretação de Universo, a
análise de verbos do Horizonte e instalará a todos a autêntica significação de
querença, não obstante, sim bem-querer seres, e mais seres para poder findar
com essa erradamente questão que ainda subsiste.
Pena erudita, pena clássica, realizou
inauditas dimensões da alma, desvendou segredos do ser e não-ser, e hoje
esquecida por inteiro, os escritos que deixou nas páginas imortalizaram-se, a
pena serve apenas de objeto de galhosa: "Escrever com isso, Deus me
livre!"
Manuscrevo as incongruências duplas
das nonadas gerundiais do vir-a-ser que desfila nas nuanças do tempo, perpassa
as contra-dicções e dialécticas do ec-sistir jogado na terra, mesmo que a
erudição haja aberto as persianas dos caminhos para a in-vestigação dos enigmas
do eterno.
Um dia você descobre que a
inteligência
Cotovelou seus pressentimentos e
extraiu sua causa,
Submergiu suas emoções numa imensidão
designada quimera.
Um dia a tormenta transpõe,
E você capacita que tudo na
existência tem sua importância.
Mesmo todos os percalços que se
cruzam connosco,
Mesmo que aparentem ser nonadas
Mas que possuem um fundamento
E melhor do que ninguém descobre que
o apreço da felícia é erudição do que é viver.
O tempo elabora, burila, aperfeiçoa
as experiências, vivências, o que fora sendo re-colhido, a-colhido ao longo da
jornada entregue ao infinitivo do verbo esperança, e no absoluto do tempo que é
a continuidade haver-se-á sempre de re-fazer, criar, re-versar a luz que
ilumina a alma para o mergulho nos interstícios do ininteligível, re-criar os
caminhos já percorridos, vestígios do nada e efêmero são pedras de toque de
outros alvorecer e entardecer dos ocasos. A liberdade em questão. O verbo do
sonho na pauta da jornada sem fim. Fascinante o ziguezague da pena nos
contornos da prosa que vers-ifica as razões pers-criptas no tabernáculo do
vernáculo das travessias em pontes partidas, verseja a sensibilidade no
paráclito do erudito das veredas do Uno-Verso.
Quimeras e anseios de um ser...
Quando malogrados são rosas
dilaceradas, corações desagregados, sensibilidades ignotas...
Quando bem-sucedidos são corações
encarcerados pelo amor, são rebentos de rosas oriundos do resplendor, são
emoções bem admitidas...
E por mais que não alcance uma
favorável novidade diariamente, há razões de excedente para existir rindo.
O tempo hoje alvoreceu nublado,
aspecto cinza, realizando o espírito do corpo que sente o espaço de sentir a
presença deliciosa dos pingozinhos de orvalho do dia, garoazinha da plen-itude
das nuvens baixas, elevando, trans-elevando os idílios perenes das melancolias,
nostalgias aos auspícios do Infinito, Infinito de silêncio, Infinito de
inauditos. Infinito de magias. Forclusion de saudades. Surpreende-me por vezes,
quando acordo na madrugada agitado, a mente são vernáculos, a vida são palavras
eruditas, se não tomo da pena, molhando-a na tinta do vidrinho Parker,
garatujando letras nas linhas, não tenho o mínimo sossego, angústia toma-me
inteiro. Os anjos que cuidam de meu sono recitam versos e prosas, a memória
re-colhe e a-colhe. Carne de palavras, ossos de litteras, corpo de signos e
metáforas. Haja tinta. A pena é eterna.
Palavras há cujas lâminas afiadas
cortam a alma do espírito em pedacinhos, reuni-los só com as verdades doídas da
contingência. Reúno-lhes com o versos de verbos incongruentes.
Na infância, por volta dos nove anos,
adorava às quatro e meia da manhã acordar para realizar o "dever de
casa" da escola, odiava procurar palavras no dicionário e copiar o que era
chamado "sinônimo", sendo em verdade "sentidos". Palavras
não têm sentidos, o ser-para o verbo da vida é que cria as metáforas do
vir-a-ser. Perguntei à professora: "O que é isto - palavra?" Não
soube responder-me. Disse apenas ser o que Cecília Meireles escrevia. Tudo
demais tem sobra. A sobra de Cecília para mim no grupo escolar era o que é isto
- ser poeta? Sabia o que era ser escritor. Machado de Assis só era conhecido
por mim entre os colegas, a professora dizia ser escritor para adultos, aos
nove anos era adulto na Literatura, amava Machado de Assis. E adulto sigo as
trilhas do verbo de desejos da plen-itude, cavo a sepultura da contingência, a
terra me será leve no fritar das dúvidas e incertezas. Res cogitans, res
extensa. As palavras são racionais, têm sentidos, sinônimos porque as olho
deitado na cama, perscrutando o teto de meu quarto no silêncio desértico da
madrugada.
Ser eterno é ainda mais contingente
que buscar a verdade de ser, é ser a verdade dos tempos, sendo que no eidos
efêmero da etern-itude do espírito do divo é sorrelfa idílica do absoluto.
Adito o sono, manhã serão outras
cítaras da ópera de estar-no-mundo.
Manoel Ferreira e Ana Júlia Machado.
(09 de abril de 2016)
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