*POIÉSIS DIALÉTICA* - OS CAMINHOS DAS ESTRELAS - Manoel Ferreira


Ser o não-ser
letras pervagando espaços vazios - sentimento de amor
estar onde os anjos voam livres e puros,
ser onde as musas inspiram atitudes e gestos de entrega
sonhar onde as sereias à luz das estrelas e lua
realizam intimamente os desejos das profundidades do mar;
palavras perscrutando abismo de sentidos - emoções de busca
do belo na perspectiva do eterno, intuições das querências
da verdade à luz dos sofrimentos e dores - sensações
do absoluto na moldura fotografada de sonhos
da verdade na plen-itude do vir-a-ser,
da essência do bem na efemeridade do presente que 
será pretérita no alvorecer da manhã -
sentidos à luz inter-dita da metáfora Ser-Tempo
à luz metafísica do dito Busca-Encontro,
do interdito Esperança-Vazio, Sonho-Nada,
verbos perpassando interstícios profundos da alma - desejos
metáforas dialéticas do eterno, efêmero incidindo luzes
aos cofres mais indizíveis e inauditos e trazendo a lume
a felicidade de duas faces refletidas nas luzes das longínquas estrelas,
epigrafadas, epitafiadas nas cintilâncias de uma balada de boêmio,
vagabundo com a sua pena na mão traçando as letras do eterno.

Não ser o ser
o objeto do conhecimento é inesgotável, inaudito
sempre há coisas para aprender:
não ec-siste ciência absoluta,
não há também ignorância absoluta
todo saber, toda ciência
traz em si parte de ignorância,
pela mesma con-tingência,
toda ignorância traz em si parte de saber,
até o ódio é amor, só às avessas
da carne e dos ossos

Ser o não-ser e não ser o ser
nasce o poema,
não se busca,
vem espontâneo,
de uma emoção,
de um sentimento,
de um desejo
de uma vontade,
de um êxtase do sentimento do efêmero
nas bordas do infinito, pura abstração do 
desértico de nossas aspirações à beleza.

Não ser o ser e ser o não-ser
o meu poema
nasceu tão ledo
do amor e medo
de ti por mim.

Quer traga vida,
Quer traga morte,
Remorso, engano
Ou perdição.
Ser palavra
Não ser verso
Ser letra
Não ser estrofe
Ser verbo
Não ser poema
Ser nostalgia árcade-romântica
Não ser poiésis dialética...

Manoel Ferreira


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