**DE... ONDE... ONDE...?** - Manoel Ferreira


Sublime...
Divino...

Onde o espectro de luz a reverenciar
As iluminâncias da verdade?
Onde as cores do arco-íris a desenharem
Nas nuvens diáfas o Olimpo dos Deuses?
Onde as metáfores da estética a revelarem
Os interditos do verbo linguístico?
Onde a poeira das estradas a ser 
Levada pelo vento passeando livremente pelo vale?
Onde o espírito da alma a trans-elevar
Os absurdos da contingência ao obtuso do zero,
Ao zero do obtuso?
Onde a alma do espírito a transcender
O logus do conhecimento às potências da sabedoria?
Onde o verbo das nonadas a realizar
A travessia para o vazio do nada?

Onde o vazio das náuseas a cristalizar
A passagem para o não-ser do tempo?
Onde os sentimentos da esperança a sonhar
A serpente da árvore proibida a fazer a sesta
Dos milênios de glória?
Onde o fugaz do tempo a movimentar
O pêndulo do relógio das eternas imanências?
Onde a pena que epigrafa os solstícios
Do silêncio, subscreve a vida desgraçada?
Onde as estalactites da gruta
Não vertem pingos dágua na lagoa da solidão?
Onde os verbos e estrofes remados e metrificados
Versejam a ponte partida dos idílios?
Onde as letras das prosas da obra literária
A efetivarem o nascimento da verdade dialética?

Onde as ilusões perdidas a cruzarem com 
A divina comédia?
Onde o Tim-Tim das taças de cristal
Contendo o néctar dos deuses
E as lágrimas pujantes de Mefistófeles 
A versificarem de Faustus a hipocrisia da vida,
A trans-versejarem de inverdades
As estéticas trans-nominais do vazio
Representado e refletido no espelho do caos?
Onde o anjo amigo envia suas mensagens
E nada sente de espiritual?
Onde o reflexo da imagem de múltiplas
Perspectivas a emoldurar 
O ser do não-tempo à iluminância
Do espírito da eterna efemeridade?
Onde o tempo do ser no ser do tempo?
Onde as evidências do amor puro e sublime
Perpassando as estéticas da leveza do ser?

Onde... Onde... Onde...
E em que lugar o eidos do aqui e agora?

Manoel Ferreira.


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