#TIRANDO AS POEIRAS DO TEMPO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO ***



DEDICATÓRIA:
À minha ETERNA NAMORADA E ESPOSA DAS ARTES E DA VIDA, o meu Perpétuo Beijo de Amor, Carinho, Ternura, Cáritas e Amizade. Beijos no coração, meu Amor querido!
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Epígrafe:
"Após as transformações, mudanças somos mais ou menos os mesmos, e pensamos que somos íntegros, completos, somos por inteiro"(Manoel Ferreira Neto)
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Estou antes de tudo, acima de nada, (como antes), sem saber da metafísica, da exegese, da antropologia cultural, da teoria do conhecimento, da ontologia, da poética, das linguísticas e semânticas, semióticas, da filosofia, das diegeses, do Grande Sertão: Veredas, do Espírito Subterrâneo, das Memórias Póstumas de Brás Cubas, d´O Ser e o Nada, do Alienista, do Elogio à Loucura, do re-nascimento do Aforismo, da poética-pensante; estou antes de tudo, (como agora), sem saber destas coisas, sem qualquer noção de coisas trans-cendentes, espirituais, pura contingência não sou, não estou contingente. E antes de nada, (como antes), estou con-templando o horizonte depois do mar.
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O homem há de decifrar enigmas, des-velar mistérios, des-vendar mitos e conhecer segredos (não degredos), decifrar lendas e causos, amar como nunca o olho (o perdido), amar a esposa e/ou companheira, o vazio do peito, a náusea da alma, o nada do espírito. Penso, cogito, como se o estômago digerisse idéias estrumes, ideais cascalhos. O amor e a morte fossem falácias, verborréias. A liberdade e o verbo do ser fossem tolices, bobagens. A alma posta em questão fosse traquinice psíquica, consequência das moléstias psíquicas. O sonho e o fracasso fossem metafísicas sublimes do nada.
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As
utopias
e
as
frustrações
fossem
simplesmente
puras
exegeses
dos
cânticos bíblicos.
Os devaneios
e as
liberdades
das
criações
fossem simplesmente
Frutos
do Diazepan
que
acabara de tomar.
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Como a morte habito a madrugada de agonia, silencio a dor, como homem refaço as horas da vida, não sinto que a missão terrena está no fim, ao contrário, agora que está iniciando, há muito a projetar, há muito a re-considerar, re-fazer, bater o tapete da "sala-de-visitas", do silêncio e do verbo de investigar os resquícios das idéias e dos pensamentos, instantes prazerosos de diálogo e con-versa da vida, dos ideais de ec-sistir por inteiro, na amurada da varanda, tirando-lhe as poeiras do tempo.
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Querer decifrar o silêncio é rir do enigma, querer des-velar a solidão é ironizar o mito, querer des-vendar o vazio da alma é tirar sarro do eterno, querer des-nudar as ipseidades e facticidades é riscar o etéreo com a pena de éter.  Minha solidão, angústia, tristeza estão escritas em meu rosto, {como antes}, em meus olhos reside o medo, conforme con-templo na imagem refletida, em meu rosto perdido numa imensa praça parisiense na densa névoa de um inverno tão milenar quanto o eterno paraíso perdido, numa ilha carioca, no anoitecer, olhando o in-finito através do pincenez de minhas contingência lie, la, la... lie, lie, lie, lá, lie, lie, lie..., a esposa descansando no assento do carro.
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Faço o verso em luz e desmaio no horizonte oposto ao po-ente. Faço o poema em verbo e espreguiço na rede ad-jacente ao infinito, faço amor e durmo de pés entrecruzados com a amada. Faço a erudição na prosa e me deito no chão de ladrilhos. Faço prosa em semiologia e fon-ética e gargalho a deus-dará do pretérito dos subjuntivos particípios, e não haverem dúvidas, dos particípios subjuntivos e subjetivos, para sintetizar. Cubro-me com uma pétala e sou mais forte que o sol, mas frágil que a lua cheia.
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Eu, com meus taos versos trans-cendentes de verbos e luz do ser, vós, com vossos paletós Pierre Cardan brancos ou pretos, seus bermudões cinco estrelas, eu calça tergal e camisa de manga comprida, gastos pelo tempo, não estou sujo e nem rasgado, um forasteiro, eu que costumava me sentir confortável nos bordéis do silêncio e solidão; eu, com esta consciência do efêmero e da morte, vós, com o churrasco de picanha e whisky na mesa farta; eu, buscando o ser inatingível, vós, com gorros e capotes russos; eu, meditando muito sobre vossos orgulhos e vaidades, vossos poderes, vós dormindo em colchão de notas de cem reais, eu refletindo na sensibilidade do aforismo, e como revelar isto que toque a alma dos homens, e vós com idéias fixas de "barroco moderno." Eis uma grande piada.
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"Situando-me entre metas e o físico deambulante
Malsinto o emergido do coro ululante
De vozes ativas e passivas
Gestos comunicativos a desembocarem
Dentre os vivos, salvo os mortos que nada registram
Em cada orvalho matutino de composto marítimo
E das evocativas imagens
Chegadas a esse tipo liberto
Um seleto terrestre em seu cotidiano
Sob o sol a roer instantes no tudo mais de nada novo
Em unção ao princípio da própria linguagem
Versionada de simpleza modificadora
Das regências verbáticas
E substratos de felicidades, lutas, direitos
E flagelos "Apocalípticos" que rondam a humanidade.
Onde devo chegar?...
Como um repensante perpetuarei
A retenção do presente de unidade assegurada
Em longo meus primitivos instintos
Subjulgado as sensações variantes
De inexistência e horas de  existência
Quiçá um Silfo de maluquice musical
Trespassado sequaz de aspirações
A compelirem doravante as horas de friúras circulantes
Regulamentadoras do silêncio
E desta memória amaneirada
Na renovação das línguas
Disso, elas vivem."
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Sign-itudes... Simbol-itudes... O in-verno real-iza a alma, e o corpo verbaliza medos, a-gonias. Frio ads-tringente aos ossos, inspirações e ideais de mãos entre-laçadas trilham caminhos de trevas, per-correm veredas de luzes, consubstanciam esperanças outras ad-vindas da síntese do pretérito de sentimentos vulgares do amor e subjuntivos de emoções insubstanciais do tempo, do ser, das horas de alegria e felicidade, aos amplexos e palavras gentis, comemorando o Dia dos Namorados, pensando estou mais velho e mais jovem do que serei. Sempre de nada projetado no espelho embaciado de poeiras de algures, orvalho de alhures, a imagem des-facelada, multifacetada, a vida simplesmente náuseas de outrora. Aquém, antes de quaisquer aquéns, taos de memórias despetalando a-nunciações de lembranças furtivas inda que incognoscíveis dos subjetivos interstícios da alma que vagueia solitária no sem-horizonte, sem lenço para enxugar o suor da travessia da ponte partida ao deserto na madrugada de idílios de pectivas de pers do inolvidável, sem onde cair morto.
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No sono a presença de Cupidos e Querubins.
(**RIO DE JANEIRO**, 12 DE JUNHO DE 2020, 10:33 a.m.#

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