RAPSÓDIA DE ÁGUAS E LUZES GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: RAPSÓDIA ***




Oh musa – inspiradora ou não, isto pouco importa, - vago errante pelos sentimentos e emoções à busca mais uma vez de inspirarem-me as águas, revelando-me elas a sublimidade, quando as alegrias, felicidades, contentamentos são as primevas três gotas a jorrarem da fonte, e, reunidas, expressem as palavras, imagens, poesia que me habitam. Por último, manifestando as luzes, a inspiração, intuição, percepção tomem-me o espírito e alma, serenas e vivas, quando a inteligência, sabedoria, e por que não a razão e intelecto, só respondem ao desejo íntimo de mostrar-me.
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Pedir-vos que me inspirem não é de interesse subjacente e entrelinhas, se me é dado sentir as águas e luzes, não é necessário que me inspirem, existem em mim, sou-as bem profundo, não se trata de modo algum.
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Quem sabe pudesse dizer “clamar” por me habitar a arte e engenhosidade, presenciando a luz do sol incidindo nas primevas gotas de águas caídas, e já são milhares que jorram, a beleza, o resplendor da continuidade de sentimentos e lembranças que me tomam por inteiro a vida. A continuidade das águas, a luz do sol incidindo nelas, e seguem caminhada iluminadas?
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Responder é o que me aconselha e sugere, antes, isto o que intuo estais interessada, a verdade das palavras, imagens, poesia, de vos dizer o que é “clamar por me habitar a arte e engenhosidade”. Não vos diria ser empresa árdua responder-vos o porque de haver dito assim – aliás, oh Musa, estive a pensar que talvez não habitasse a arte e engenhosidade, com a vossa contribuição e gentileza, se revelam e manifestam, compreendo que amam ocultar-se e revelar-se, em extensão à natureza.
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Não creio serem nestas palavras que desejais ouvir de mim, pedindo-me que me deixe seguir a jornada, floresta, campo, vale e serra, e assim realizando as dimensões do espírito e da alma, mergulhando profundo em mim.
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Sois vós a quem invoco, após todas as experiências e vivências. Não conheço as entrelinhas das águas e luzes que estão a jorrar a cada palavra escrita, a cada oração, frase, sentença, parágrafos, quanta vez não senti forte e verdadeiro em mim estou a escrever na escuridão, na sombra, no claro, no límpido, nada podendo dizer, apenas sentir, a assim surgindo novos escritos, sempre à busca da sublimidade.
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Concedei-me tudo o que o coração deseja, não há coisa mais excelente, nem mais bela, e que na vida reine o sublime, quando os inimigos se roem de inveja, os amigos exultam de prazer, e, mais que tudo, indizível é a satisfação de estar leve, diria uma pena de águia que lenta cai sobre o capim verde da montanha.
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Dá-me as imagens e poesia, convidando-me a banhar-me nas águas que jorram límpidas. Mergulho-me, levanto a cabeça e deixo a luz do sol incidir-se sobre ela. Pode a vida abandonar-me, contanto que, antes, brincando na praia de areias brancas, quando o sono interminável me toma por inteiro e só acordando com o coração exultante de alegria e contentamento.
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Oh musa, há muito me esqueceu de responder-vos ao vosso questionamento, pois que, disse-o, se não me falta a memória, não ser “clamar” o termo que tanto desejava expressar, por alguma razão, não se mostrava nítido, uma vaga sensação de vento que toca a pele, um frio perpassa a medula, mas que agora posso dizer-vos com clareza e limpidez serem os verdadeiros sentimentos que é mister revelar de uma só vez e a verdade das águas e luzes sejam expressas, mesmo que o vazio me tome por inteiro, acompanhado do sono profundo.
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Sim, oh musa, era isto o que desejava vivo em mim, e que de algum modo está expresso – “de algum modo” por continuar um mistério o que nas entrelinhas se encontra manifesto e latente.
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Sorrio. Sorriso leve e matreiro, se assim posso me expressar de modo a anunciar nobres sentimentos, procedendo como não seria de não se esperar das águas e luzes.
#RIO DE JANEIRO(RJ), 06 DE JUNHO DE 22020, 09:46 A.M.#

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