#O ONÍRICO E A VIGÍLIA ENTRE SIGNOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO $$$



Se de mim nada possuo salvo os alucinados travessia e passamento - vida são desejos alucinantes, despirocados, alucinógenos, psicodélicos.
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Sete bobagenzinhas tolas aliciando-me a mente, querem que deixe vazar as cretinices dos vícios de juízo e julgamento, santo não sou, não creio nisto de razão prática, então nada que me impeça da veras do caráter exímio exposto, cretino de fio a pavio, mas as veras a público abrem discriminações à deus-dará, quem pode consentir com a bufonaria? Bobagenzinhas tolas que me seduzem as ousadias e coragem da estirpe, nada custa destilar o veneno que me cura dos pesos da consciência.
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Sete tramoias de expressão elencadas, estilo de dizer o que me não é consentido fazê-lo em palavras apropriadas, aquelas que elucidam mais que esclarecem, sirvo-me deste recurso, mister deixar nítido que não me apraz isto de não expressar as coisas, sete perspicácias misturam os naipes, focos de sentidos aqui e ali, havendo de comungá-los, o resultado é ainda o silêncio do que intenciono deixar registrado.
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Abismos, montanhas, vales,
Mar, bosques, orlas,
Verdades, absolutos, sonhos
Utopias, desejos, esperanças,
Enigmas, mistérios, solidão.
Que "kardápio", hein! Sentir-lhes o sabor?...
O sabor peculiar de cada um!
O sonho da esperança é esplendoroso,
Inda mais a utopia do verbo que se a-nuncia...
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Sete abismos perpetuados por sibilos que trans-elevam sons aos auspícios do infinito, ritmos e melodias às pro-fundezas da terra, son-éticas, son-esia, son-emas onde lídimos artífices dos sons e palavras ouvem e são capazes de re-presentar-lhes, embora as mentiras e ficções.
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O riso não vem... por que rir às sara-palhas das ipseidades, facticidades, pequeno mistério entre o ser e as coisas? Se pequeno, é tiquinho, merreca, nada acrescenta. Rir do tiquinho é miséria pouca, não vale a pena o tempo gasto na empresa de revelar o que é ridículo. Outras chamas ardentes, não perceptíveis, e tão mais acalentadoras, tão mais aquecedoras estilísticamente conduzira, sob meus traços satíricos, as in-verdades, em verdade, alegorias tortuosas dos subterrâneos do espírito.
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Ergo-me acabrunhado, exausto, em penitência, bebo o último gole então de vinho e atiro o copo sagrado às ondas que em baixo estão, "o resistir verdum cognitivo vaga mente/E a força que capitaliza o todo que transpira/Somatiza o lodo e a energia impura pira...", e, pirado, vou-me sobrevoando os sinistros labirintos do inconsciente, sinto, há sete lembranças que eivam o ser consubstanciado, vaga idéia, disperso pensamento, silêncios...
Enigmas.
Mistérios.
Solidão.
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Sete espelhos pendurados num quarto vazio, sem olvidar que a mais singela agulha diante deles poderia transformá-los em simples imagem de uma agulha, tão sensível é o espelho na sua qualidade de reflexão levíssima, pena de perquirição, só imagem e não corpo, corpo da coisa.
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Sete grutas de estalactites povoadas de silêncio, solitários silêncios exalando mistérios de sentimentos e emoções que se conciliam, multiplicam indagações e perquirições de que haveria de ser de alma torta devaneando por becos retos senão para virar a esquina de outro inda mais enigmático, como movimentar as tortezas no reto, o vice-versa e mais engimática e suscita risos, inda que miseráveis, e res-pondo de soslaio, há o que encaminha os modos e meios de fazê-lo, sensibilidade e perspicácia de visões das coisas do mundo e da existência, trafulhas, trambiques, tramoias da liberdade.
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Sete montanhas cobertas de neblina, de neve, de orvalho, de "securas" são objetos de con-templ-ação e reverência pela beleza que representam.
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Será que o papel tornou-se de fato caráter?... tendo, havia tempos, asseguro-o com dignidade e honra, em que, com decisiva confiança, digamos até mesmo fé ímpia, acreditado na predestinação de alguém para justamente aquele negócio, aquele ganha pão, "Fulano nasceu para um bom médico", e simplesmente não queria reconhecer o acaso, o papel do casual nisto tudo, e com toda a empáfia a mim dada neste momento, deste questionamento, não estou convencido de que sei mais ou menos tudo de que mais ou menos sou capaz de assumir qualquer papel, não estou convencido disso, tudo o que é cônscio torna-se plano, fino, relativamente ignorante, susceptível, mundo de sinais, marcas de rebanho, toda a conscientização está ligada a grande processo de destruição, falsificação, generalização, não estou persuadido de haver tornado os papéis caráter, sendo ora des-caraterizado, sendo noutra sem caráter, devaneando pelas mentiras e aparências, estive até me olhando no espelho para conferir.
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Sete movimentos das estrelas cessam... A madrugada, as algazarras da galináceas nos galinheiros ou livres, a sombra do flamboyant na amurada, o que me informa o tempo continuamente, agora estão surdos, cegos e mudos, os pés ora passam pelas alamedas, ora pelo papel.
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Sete vales em cujas veredas pastores con-duzem ovelhas, boiadeiros con-duzem o gado, simples, humildes, a vida é-lhes o verbo da sensibilidade, onde sete sábios protegem os diamantes dos regatos e córregos.
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Tudo passa, tudo passa, tudo passa.... Luz do uni-verso perpassando a neblina do horizonte, cujos brilhos do além estão re-fletidos no espelho das esperanças oníricas da verdade. Sons das contingências da não-correspondência entre as dialéticas que giram no catavento solitário da serra e as contradições do nada e vazio que rodavivem no dia a dia do quotidiano de dores e olhares voltados ao longínquo e distante à espera de alguma a-nunciação da verdade linguística e son-ética da poesia-vida da solidão.
Verbo-de ser
Ser-para o verbo.
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Sete equívocos de crença íntima na máxima "tudo passa", embrulhados com esmero em papéis de seda branca, servem de engrenagens para mover o redemoinho das perguntas sobre o prazo de validade do efêmero e o tempo de duração do perpétuo girando em torno das contingências, o que não deve ser muito, o suficiente para o vazio se mostrar inda mais evidente.
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Sete verdades professam e declamam em cânticos e versos a plen-itude do in-fin-itivo.
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Sete absolutos pre-enchem as vacuidades da alma que perscruta os idílios e quimeras da morte, símbolo de felicidade perene, signo de alegria divina.
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Sete sonhos do belo, pura sin-cronia entre o onírico e a vigília, entre os éritos inconscientes e iríasis da sensibilidade, evangelizam forclusions, manque-d´êtres, mauvaises-foi, sacralizam solipsismos, vaidades, orgulhos.
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Teria alguma condição de saber quantos papéis pudesse eu haver exercido, para os quais agora é tarde demais?, a labuta neste instante é o tempo, as circunstâncias e situações a fora?, não o sei, sei que nunca é tarde, alguns segredos se manifestam, mas a indagação, acompanhada de toda essa lengalenga com o intuito de engabelar os sentimentos que se apresentarão, verborréia com a empáfia de trafulhar os naipes das náuseas que se presentificarão, oxímoros para trambicar as angústias das condutas de má-fé, trocadilhos para enganar as inseguranças do instante-já, alfim o bem mal explica as carências e faltas, havendo o medo de embrenhar-me nos mistérios tantos até tantos e quantos embrenharem-se em mim, para toda ação é uma reação igual e contrária, para mencionar a excelentíssima ciência física, num olhar mais profundo...
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Sete utopias do bem e do mal, em cujas eidéticas do tempo e vento habitam o venerar o verbo do ser, reverenciar o in-fin-itivo da etern-idade, ascendem as chamas das achas de lenha aos confins do vir-a-ser, acendem as velas dos volos da alma que aspira a trans-cendência do divino.
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Desejos da humanidade do ser, sincronia do amor e do sonho in-transitivo do sentimento amar, sintonia da solidariedade e a cáritas da compaixão, harmonia do efêmero e absoluto.
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Sete esperanças sobrevoam mares, florestas, re-colhendo e a-colhendo do tempo, em cujas eidéticas do ser habita a luz, a imortalidade in-fin-itiva da vida, em cujas inconsciências das coisas da alma residem as águias que orientam para a jornada dos demônios mais percucientes e vorazes, o que nelas reside deixar "libre" para acontecer.
#RIO DE JANEIRO(RJ), 27 DE JUNHO DE 2020, 08:48 a.m.#

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