GRAÇA FONTIS POETISA PINTORA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 872 /**É NA POEIRA QUE SE ALEVANTAM OS PÓS DA VERDADE - MANIFESTO DE UM PROJETO**/ (Data de Publicação: 17 de junho de 2018)




Inenarrável o prazer com que leio este Aforismo; esse não é o primeiro, tão pouco será o último a me levar a contemplar com um mínimo que seja de coerência alguns aspectos reflexivos da ficção e do autor. Ficção, mais emoção, juntando-se a realidade em que, quiçá, julgue-se um marginal às ambições dos homens comuns, pois acalenta sonhos incompatíveis, às vezes é certo, com a realidade, mas irredutíveis e imorredouros, já que a morte não vence a arte,vence a vida, o belo perdura; e a imortalidade empresta aqui ao Escritor um toque divino à transitoriedade, o efêmero, estes, clima para o sucesso, à doce ilusão de glória, em que seus escritos ressuscitarão sua personalidade, já a coroa de louros fica por conta da eternidade. E assim, com grito de um errante, com os pés na terra e o olhar para o infinito, que ele segue onde tudo se funde numa só coisa, a emancipação verbal completa poucos a atingem, mas ele atingiu, contando em sua memória, verdadeira batalha a elevá-lo da conquista à supremação das mediocridades. É de lá, da pseudo-altura, vitimado pela beleza, escravo voluntário de uma estética mais forte que suas fraquezas, à sua liberdade excêntrica e sensual onde seus horizontes são infinitos; o Ser presentifica-se dialeticamente, então toda relatividade verbalizada será julgada pela ação do tempo. E é com ambiguidade, guiado pela improvisação e longe do círculo das limitações, em constante evolução seu caminhar no astral sem deter-se onde criou raízes, mas seguindo sempre a linha perdida no infinito, dando à beleza textual aparência de eternidade ao jogar com as palavras dentro de inconfundível originalidade criativa, num mundo sem unificação de valores, daí sua dimensão terrena do desacordo, acompanhando-o, ora expostas, necessidades inerentes e inevitáveis do Escritor M.F.N. movido a emoções intuitivas de encontro à relação, às revelações com seu entorno, transferido tudo isso, para este texto, não somente, o que sua sensibilidade aguda capta, mas, sobretudo, o que seu íntimo perquire e deseja sob formas metamorfoseadas ou não, à sublimação da estética inconsciente verificada neste magnífico Aforismo a refletir todas as tonalidades de sua alma! Parabéns meu querido, não sei se alcancei algo a ser considerado, mas que tentei, tentei beijinhos..
Graça Fontis
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RESPOST AO COMENTÁRIO SUPRA


Não sabe se alcançou algo a ser considerado! Divina, excelsa a sua análise, minha inestimada Esposa e Companheira das Artes, Graça Fontis.
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A crítica literária é reservada a poucos e dentre estes poucos menos ainda são aqueles que conseguem mergulhar com percuciência na obra e no autor, realizar a síntese de ambos, síntese que reúne todas as dimensões existenciais e artísticas, sem vangloriar um aspecto e denegrir outro, ipsis litteris e verbis.
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Não haver dúvida de que nesta dimensão, dimensão da crítica literária, você está dando os seus primeiros passos, passos que já superaram os primeiros, mostram com magn-itude sua intuição, percepção, sensibilidade, subjetividade do que é isto uma obra literária e a partir de que há-de ser considerada Arte, da vida do escritor por inteiro, suas contingências e suas utopias, sonhos, esperanças. Muitos podem julgar haver aqui protecionismo, vanglorio-a por sermos cônjuges e companheiros das artes, estou sendo parcial com os meus juízos e reconhecimentos.
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Este excerto de sua crítica revela solenemente não vem para aprender Literatura, Filosofia, escrever, aprender a crítica literária, vem para se impor como escritora, poetisa, crítica, além de pintora, escultora que é sua vida: "... dando à beleza textual aparência de eternidade ao jogar com as palavras dentro de inconfundível originalidade criativa...", por ser incólume verdade a originalidade criativa requer jogo com as palavras, é assim que busco, sonho a beleza textual, visto a consciência-estética-ética ser a aspiração de meu pensamento literário e filosófico.
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Não me é sabido inda se a "emancipação verbal completa" foi atingida, mas horizontes e uni-versos dela são com nitidez encontrados no corpo da obra.
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Nenhum crítico de início, estar enveredando-se na crítica literária, tece análise nesta profundidade com que você está realizando não apenas no concernente a este Aforismo específico, mas no conjunto de todas as análises que tem patenteado, e vale sublinhar e realçar de uma obra hermética, complexa, erudita, poucos sendo os que compreendem e entendem. Merece meus reconhecimentos sinceros e verdadeiros, merece meus aplausos eufóricos.
Deixou-me uma lição esta sua análise que ainda não havia verbalizado: a morte vencerá a minha vida, não vencerá a minha arte. Verbalizada esta lição que me deixa, mergulharei inda mais profundo.
Beijos no coração!
Manoel Ferreira Neto
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#AFORISMO 872/


É NA POEIRA QUE SE ALEVANTAM OS PÓS DA VERDADE - MANIFESTO DE UM PROJETO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
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... veneno e ácido misturados numa taça são doses cavalares, os homens são carentes de afago, toques, e se esquecem de como regem suas ec-sistências..."
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Não quero aforismo que re-verencie os absolutos e eternos, que aquiesça ser re-nascido das cinzas e aprendido outros ornamentos, ilustrações, arrebiques de como reger a vida com intelectos que se criam e re-criam continuamente, com convicções irreversíveis, que dite as normas e regras da alma que perquire, questiona, indaga, in-vestiga, avalia.
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É tempo de partir, quem fica acumula saudades, nostalgias, melancolias do não-vivido, do não-vivenciado, aos horizontes mandar o grito errante da vedeta, o olhar vagabundo à guarita de sentinela.
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É tempo agora para quem sonha a glória, para quem deseja a luz que guia o barco nas águas límpidas e cristalinas, iluminando as margens, a natureza, e a luta... E a luta, essa lareira, onde re-ferve o bronze das estátuas, o branco resplandecente dos cristais, as cores di-versas das pedras preciosas, que a mão dos séculos no futuro talha e ornamenta à mercê de um livro a decifrar, de uma idéia ou sentimento a in-vestigar, de uma sensação ou intuição a avaliar.
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Não quero aforismo de berços esplendidos do ácido crítico, do veneno moralístico, da "tapa de luvas" ética, que firam as susceptibilidades, alfim veneno e ácido misturados numa taça são doses cavalares, superior ao que Socrates fora condenado a morrer, os homens são carentes de afago, toques, e se esquecem de como regem suas ec-sistências, numa palavra única, são dignos de comiseração.
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A cada berço levar a esperança e a fé, esperança e fé na con-tingência, as trans-cendentes esvaíram-se no tempo, para nada mais servem, é na poeira que se alevantam os pós da verdade.
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A cada campa levar o pranto. A cada cruz nas margens solitárias da estrada a vontade de a vida ser puramente a paz, a violência esquecida.
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Estrada eu sou, e a percorro acompanhado dos íntimos da contingência e dos desejos do espírito. E pendido através de dois abismos, com os pés na terra e a fronte no infinito, pedir ao in-audito a benção dos homens, levantar o grito de amor e paz.
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Não quero aforismo poético que decante com versos e estrofes sublimes os sentimentos, a solidão, o silêncio, que declame ao som de harpa, violino, cítara as ilusões, quimeras, sorrelfas do vir-a-ser, apenas com algumas notas agudas para re-velar náuseas e angústias daquelas coisas que se cristalizam.
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Cantar o campo, as selvas, as tardes, a sombra, a luz; soltar minh´alma com o bando dos pássaros a sobrevoarem o chapadão, o sertão infinito e aberto; ouvir o vento que geme, sentir a folha que treme.
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No horizonte desvendam-se as colinas, serras e montanhas, até mesmo de montes de terra, CUPINS, sacode o véu de sonhos de neblinas a terra ao despertar. Tudo é luz, tudo aroma e murmúrio, tudo esplendor e silêncio. No descampado o cedro curva a fronte, folhas e prece aos pés do Onisciente mandam a lufada erguer.
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O sonho do verbo de minhas letras habitou-me sempre como a Estrela Vésper que alumia aos pastores nos fraguedos; ave que no meu peito se aquecia ao murmúrio talvez dos meus segredos, revoltas, ódios e raivas, conflitos e traumas, ao sussurro quiçá de meus silêncios e enigmas, o cochicho de minha consciência e inconsciência, até da língua solta e livre das quimeras e sorrelfas, contra as hipocrisias sociais e históricas, aparências individuais.
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Mas por longo tempo sinistra ventania mugiu nas selvas, rugiu nos rochedos, condor sem rumo, errante, que esvoaçava, deixei-me entregue ao vento de sorrelfas e fantasias, dos risos e gargalhadas sensaboronas - amo-os sem trincheira, por intermédio deles é que a felicidade se me manifesta plena.
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"Quase me perdi, vi os sonhos todos se esvaecerem juntos com a neblina que cobre as serras e montanhas.", não quero aforismo que re-clame, suspire por haver-se deixado levar pelos ventos, em nome de "frases de efeito", adágios, ditados populares, sim que alevante mais os pós da verdade, na poeira da estrada.
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Creio no porvir, na infância da inocência e ingenuidade, na juventude dos sentimentos, no amadurecimento da consciência e dos objetivos, na velhice das experiências e sabedorias, sol brilhante do céu da liberdade, e que aprendo a arrancar-me de dentro e mostrar outros uni-versos e horizontes que me povoam o espírito e a alma.
(17 DE JUNHO DE 2018)


#RIO DE JANEIRO(RJ), 10 DE JUNHO DE 2020, 11:14 a.m.#

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