Ana Júlia Machado ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA A SÁTIRA #ENGATANDO A NETE DO SABO - I PARTE# ***



No texto de o escritor Manoel Ferreira Neto #ENGATANDO A NETE DO SABO# é lógico que será mais um em que a crítica à sociedade e crenças os porquês de tanta coisa está patente em seu texto de forma irónica.
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Como dizia Engels, Dialética da Natureza -Somos coagidos, em filosofia como em tantos outros poderes, a voltar sem ócio a esse pequeno vulgo, ao qual a sua aptidão e a sua laboração ecuménicas certificaram, na história do desenvolvimento da humanidade, um tal local que nenhum outro conseguirá nunca ambicionar.
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Quando Vilma Arêas (1990) protege os analíticos que encaram que o estilo burlesco passou por muito tempo limitado ao espaço excluído e desligado do que se encara as mais diversas exteriorizações do Homem, converte-se indeclinável não fazer refrão com a feitora, após a leitura da hipocrisia Nuvens. De facto, o Sócrates espelhado na facécia de Aristófanes foi, por muito tempo, afastado à simples diegese caricatural, com o particular intuito de causar a assistência gargalhar.
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Entretanto, é sabido que esse pensamento não impera diante das procedências que patenteiam a faculdade de a caricatura de Sócrates em Nuvens ter fruto em muito mais do que júbilos, pois, as locuções do Sócrates de Platão defronte do juízo que o sentenciou ao fenecimento. O filósofo, na altura, autentica o choque da peça no parecer do jurado e aprova a impotência de despersuasão. À luz do hábito helênico, os recursos filológicos utilizados por Aristófanes na edificação de sua apreciação aos sofistas e à instrução moderna, na facécia Nuvens. Depreende-se que a análise feita pelo entremezista ao novo paradigma educativo e seus mandatários, incidiu negativamente na representação de Sócrates e interpretou um forte embate para a sua pena, anos mais tarde. Os fundamentos para essa colisão foram a cotização das récitas burlescas para a enérgica da existência políade, o ethos e o local de discurso do trovador burlesco na cidade e, especialmente, a exegese à luz da ideia grega tradicional que os atenienses presumivelmente compuseram das acusações que Aristófanes imputou a Sócrates. Tendo-se a pesquisa das especulações do júbilo e da proveniência da Facécia Antiga, transforma-se visível que, desde os tempos mais afastados, o Homem emprega o burlesco para ingerência social, para a tomada de som populista, frente aos desmandos da elite dominadora, seu central alvo o que verifica-se igualmente nesta sátira do autor Manoel Ferreira Neto., como argumento social e político que vaticinava a independência de manifestação, primordial fator que possibilitou o ambiente de interação entre autor e assistente, causou da Facécia Antiga um potente refúgio de atavismo da posição e infracção de preceitos, por meio da prolificação de espaços universais em que um entalhe da verdade era ostentado e o público intimado à imputação de, coletivamente, transformar a verdade não ambicionada.
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Essa essência mediadora, intimação e judicial da Comédia Antiga abonou ao comediógrafo o seu local de discurso na brunis e a duplicada cargo de porta-voz e motor mobilizador, atiçando os homens para uma ação intervencionista nas resoluções da cidade, dando-se, dessa forma, o ambiente benéfico à indução do poeta. Apreçando os fragmentos sob o ponto de vista das três variáveis de veemência de anuência citadas pela dissertação convincente, concluiu-se que a eficiência da intensidade de anuência existente no discurso de Aristófanes em Nuvens, proporciona à comédia a aptidão de viabilizar a aprovação e a prudência de imputação do auditor com o argumento exposto pelo autor como a frase que verbaliza -
Por que escorar a falsidade atesta os vazios da alma, se o que a completa é a organização em empenhar-se a erudição que é na sequência das indagações dos anseios que se engendra o Ser? Pode-se asseverar, ainda, que o âmago da censura de Aristófanes se expõe no coro das Nuvens, que presenteia nome à facécia, pois, pelo que conclui-se que a cena das nuvens é a própria dissertação sofista, abrangendo como “sofista” todos os filósofos que acarretavam presa às suas ideias, na conspecção do poeta burlesco, uma nova ordem social, política, cultural e religiosa. Nessa representação, funde-se uma metáfora que assemelha-se à essência das nuvens, essencialmente volúveis e passageiras, com o discurso sofista, pois, segundo a apreciação de Aristófanes, assim como as nuvens, tais dissertações, ao adejarem sem desígnio, jornadeiam vagarosamente, associam-se a outros e se adensam; em seguida, decompõem-se e se desbaratam indubitavelmente, dessa forma disseminam suas ideias efémeras e efémeras. Em outros termos, as “novas ideias” não passariam de decisões aparentemente concentradas e bem ligadas, porém, não ostentavam a solidez e oposição competentes de eternizar a polis. Desse modo, por meio de tais expedientes, foi exequível a Aristófanes, o mais afamado dos poetas burlescos, exibir à sociedade ateniense o risco interpretado pelas dissertações tentadores que dominavam simpatizante e, com isso, acarretavam uma preponderância proibitiva, especialmente, para a instrução dos adolescentes de Atenas.
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Não faço a mais pálida ideia se o autor da sátira concorda com esta analogia com a sua sátira e tão pouco eu. São textos que dariam para tantas análises. Mas, como em tudo depende sempre da sensibilidade de cada um que lê---Se li com essa sensibilidade ou não...sinceramente – só sei que não sei e já sei alguma coisa....
Ana Júlia Machado
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RESPOSTA À ANÁLISE SUPRA
Bom dia, Aninha Júlia. Em todas as suas críticas sobre as Sátiras de minha autoria algo está mais do que patente: a minha importância no cenário da Sátira é que conservei as suas características eruditas e primordiais, ombreando-me com os grandes sátiros universais, e as contribuições que trago ao gênero são a linguagem e o estilo fenomenológicos, descrevo-a e faço do riso ironia, cinismo, sarcasmo, das idéias que são a descrição do caos humano e social do mundo contemporâneo faço o questionamento dos princípios morais e éticos do homem a busca do Ser.
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A Sátira há muito está ausente do cenário literário, é quase um gênero extinto. Resgatá-la, conservando as suas características e colocando-a sobre outros olhares da crítica ao Mundo e ao Pensamento é tarefa árdua. Não corresse nas minhas veias o sangue circense de palhaço, por mais conhecimentos que tenho e pudesse ter não me seria possível a Sátira, poderia artificiar as idéias, mas o riso com os jogos da linguagem e estilo não seriam possíveis, mesmo quando o riso não é elemento essencial da estrutura ri-se devido à comédia linguística e metafísica que crio nas obras. São exigências capitais da sátira. Os bufões da obra dostoiévskiana com as suas confissões paradoxais são perfeitos sátiros. A estrutura satírica aprendi-a com Dostoiévski, adaptando-a ao meu caráter e personalidade, à época histórica em que habito com todas as suas problemáticas humanas, sociais e políticas.
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Sinto-me enorme envaidecido e orgulhoso por haver-me tornado Sátiro no mundo contemporâneo. Graça Fontis dissera semana passada: "Você tem de assumir que a sua importância maior no cenário da Literatura e Filosofia é a Sátira. É um sátiro de "mão cheia". Orgulho-me disto, só que não vou me desembestar a só escrever sátiras por ser a minha veia literária, a Sátira tem o seu momento propício, acontece esparçadamente, aqui e ali.
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Como sempre, sua crítica é de excelência. Parabéns! Beijos nossos a você, à nossa amada e querida netinha Aninha Ricardo e a todos os seus familiares.
Manoel Ferreira Neto
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#ENGATANDO A NETE DO SABO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA
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Por que pensar a mente sob o fluxo das idéias à mercê de instantes de leveza d´alma? A maestria da mente é picotear clivagens, seguir-lhes os passos de sentidos ambíguos, tecendo de intenções de veredas a abrirem as travessias em nada elucida as carências, lapsos de solidão, silêncios olvidados, e tudo são devaneios, desvarios homéricos, gozos de Safo.
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Por que imaginar com presença e força a tranquilidade de um passeio no campo "az-viando" sonhos e verbos que preenchem as lacunas de defectivas regências, só mesmo engatando os despautérios das dimensões sensíveis para alcançar a ilusão desejada, se por fim vazios mostram aqui e acolá os limites do tempo, o desejo das veras é chão para trilhar continuamente? Sumariando as circunstâncias do perpétuo e fugaz, a alma esvoaça no deserto da solidão incólume, nos chapadões silenciosos da seca.
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Por que engatar a nete do sabo no instante de lavar o corpo exausto das labutas diárias pela sobrevivência, alívio momentâneo, proporcionando sono e sonhos cuja profundidade revela as águas correntes dos volos do ser? Qual é o sinal da liberdade alcançada? Não se envergonhar, vexar-se da nudez do corpo no momento do banho. Cinismo, ironia, sarcasmo? O que isto pode suscitar interesse em sabê-lo? Pouco importa isto. O que mesmo suscita investigação criteriosa é tornar-se naquilo que é: cárcere da alma.
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Por que vitrais vitrescendo virentes vidas, áureos trigais, vibrando, librando vorazes luzes, se a descrição pormenorizada revela nuances dos instantes-limites da observação, e qualquer tentativa de recitar, tal se faz com a poesia no salões de saraus, os sentimentos neles contidos pecam pela ausência do real? Tagarelice a partir de gosto interior pelo turbilhão das percepções.
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Por que - indagação? Por que - questionamento? Há porquês que os quês nada esclarecem por mais relativos sejam, apenas viagem infrutífera no âmago das orações, modo de engabelar inseguranças e medos do nada, a existência haver sido pura futilidade.
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Por que ajoelhar aos pés das contingências, rogando por conquistas, clamando alegria e felicidade, sentir a vida jorrando prazeres? O homem que se ajoelha é meio homem. Enfrentar as intempéries edifica valores e virtudes.
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Por que sustentar a mentira preenche os vácuos da alma, se o que a complementa é a dis-posição em labutar o saber que é na continuidade das investigações dos desejos que se artificia o Ser?
#RIO DE JANEIRO(RJ), 21 DE JUNHO DE 2020, 12:47 p.m.#

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