#FULGÊNCIA DE VENETAS MEIO-PERPÉTUAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA ***



Epígrafe:
"Por onde meu coração pulsa, cursa
Alongam meus sentimentos
Irrestritos aquém e além
Das presentes curvas sinuosas
Que somem na noite
Enquanto cabeceio o sono
E afugento lembranças além da muralha, fictícia?
Por onde visiono o vale
O outro que lá existiu!"(FONTIS, Graça. IN: AZ-VIANDO CAMINHOS, RJ, 2020)
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Tempo perfeito. Lugar perfeito. Perfeito lugar do tempo.
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Não me diga que o meu coração permanece o mesmo. Não me diga que os meus sonhos giram em torno do catavento, do ser e não ser, giram, giram. Não me diga que as idéias do riso e do silêncio no mundo são ainda mais estrangeiras do que o estrangeiro em si significa, conotação, denotação. Não me diga que os trigais dos pampas estão cobertos de neblina, e há um homem saindo da vendinha , fumando um charuto, dirigindo-se à sua choupana, carregando uma sacolinha com litro de vinho dentro. Não me diga que na vigília perscruto e reverencio a linguagem inconsciente dos sonhos, signos das energias psíquicas. Não me diga que as luzes da ribalta são contra-luzes do proscênio, AS SOMBRAS DESTE SÃO REFLEXOS DAQUELAS, são efeitos da sátira das verdades e in-verdades, comédias e tragédias das contingências, epopéias das frustrações e fracassos, sátira das ideologias e humilhações. Não me diga que as sombras são cinzas das trevas. Não me diga que o silêncio é representação das entre-linhas da verdade por vir a ser.
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Não me diga que obscuridades intro-vertidas concluem de in-fin-idades a lividez da tarde em propósitos fantásticos, psicodélicos à moda e estilo das Peraltices de Girulika Maria Vaclicha no Arrasta-Pés das Quimeras, ao limiar do sol que se esvaece detrás da serrania à extensão, à frontaria da extensão remota, cruze de todos os sistemas do Orbe o anúncio frescor e pacífico da escuridão, sob as propedêuticas testemunhas dos destinos, tremeluzindo de insonolências, insolências, indolências benevolentes as utopias da ninharia, sonsices do despojado, à graça de primícias exteriorizações da fulgência da veneta a recair em número indeterminado de veras meio-perpétuas que aldrabam a decessa atrás do simulacro do reflexo além de enaltecendo os báratros do sem-finalização ao cume do sem significado do não – ente, elencam as vertentes do sem-limites ao topo do pico do absurdo e nonsense das hipocrisias poéticas e humanas do vazio silencioso. A chama da lareira, fora de mim, ganha e traduz coisas que ainda não conheço, o desejo de fazê-lo existe latente, saber-lhe a diferença entre ser e ec-sistir. Saber-lhe a sin-cronia, sin-tonia, harmonia entre o verbo e o espírito. Tornar-lhe manifesto, eis na fulgência das venetas os linces da imagem sob os ristes das palavras, refulgindo temas e temáticas das esperanças abraçando os sonhos.
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Lugar Perfeito. Perfeito Lugar do Tempo. Tempo Perfeito.
Se re-conheço conhecê-las, as aldrabas das coisas do pensamento e do mundo, revisto-as de espaço interno, espaço que tem seu ser em mim, que tem seu sentido em mim, que me habita o mais íntimo, que me é, e quem me sendo é-me.
E profundo: cerco-as com sentimentos de agressividade e violência.
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Se isto não é blues da alma preludiando o estado de tranquilidade, calmaria das dores contingenciais, angústias, náuseas! Se isto não é ritmo de a vida dever ser retomada sobre si mesma para então perceber que não pode encontrar apoio em si própria, só saber que não sabe e já saber alguma coisa....
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Perfeito lugar do Tempo. Tempo perfeito. Lugar perfeito.
"Por onde meu coração pulsa, cursa
Alongam meus sentimentos
Irrestritos aquém e além
Das presentes curvas sinuosas
Que somem na noite
Enquanto cabeceio o sono
E afugento lembranças além da muralha, fictícia?
Por onde visiono o vale,
O outro que lá existiu!"
Por onde contemplo o mar,
O "eu" que hoje se representa no mundo.
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Não me diga que o in-audito é símbolo, signo do desejo de des-velar os mistérios, enigmas da contingência. Não me diga que ao redor das constelações, o sol re-festela-se à beira da Lagoa da Rosa de Profundo Roxo. Não me diga que a vela esplendendo suas chamas no canto da janela fora é metáfora da espera o alvorecer ser pleno de lúdicas imagens do uni-verso e da felicidade há-de vir.
Olhe-me no ocaso de uma tarde andando na orla marítima, cabeça baixa, observando os passos, sei lá para que lugar estou indo, mas seguindo as sendas e veredas do pensamento e do mundo.
#RIO DE JANEIRO(RJ), 24 DE JUNHO DE 2020, 14:27 p.m.#

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