ABSORÇÃO DOS ABISMOS E ALTURAS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/GRAÇA FONTIS: PROSA ***



Sou sorriso na face de um indivíduo silencioso.
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Silenciar a voz, que rumina presenças, carece de sentimentos, viver o sonho da solidão.
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Origens de nada, longínquos pretéritos, tempos percorrem alamedas, margens de estradas empoeiradas, e conduzem a lentos passos a lugares onde nonadas carecem de ser artificiadas com acuidade, semeadas e regadas. Onde os preâmbulos a inicializarem indícios do destino, per-formando utopias, encenando visões além dos agoras?
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Origens de nada, onde as palavras nascem ávidas e eivadas de querenças de horizontes, onde os sentimentos, os mais fervorosos, projetam idílios, con-sentindo devaneios e desvarios do ser e da liberdade, espairecendo as inquietações?
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Navegando a todo pano, atravessando ondas, vãos escuros, cuja outra extremidade a iluminação ao meu olhar benévolo atrai, são os cânticos da alvorada no atropelo das tortas asas prudentes a serpentearem o percurso emaranhado das águas contrastando centelhas esbranquiçadas ao tecerem fios frêmitos, constantes e interpretativas as solidões nos dissolutos instantes do tempo a esvaírem-se sobre os uivos do lobo histérico de impulsivo libido indomesticável, vedante as libélulas encantadas a adentrarem com dinamismo absurdo e fantástico as nuvens arco-irisadas com os toques inaudíveis de sinais a cada manhã onde o pudor altivo do homem torna-se seu escudo de arrosto as mãos que restituem exatas medidas humanas na absorção dos abismos e alturas em ternos ou tensos movimentos das reflexões sem uso da desfascinação em que o seu barco aporta no ancoradouro de sua fictícia memória.


#RIO DE JANEIRO(RJ), 20 DE JUNHO DE 2020, 11:05 a.m#

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