Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA A PROSA SATÍRICA #SEM CONCEITO INTELIGÍVEL# ***



Bom dia meu escritor querido poeta. Penso que está coberto de razão nessa, minimar os sentidos das palavras fica deveras esquisito, eu não me importo de ser corrigida, prefiro a passar a vergonha de manter o erro por arrogância ou falta de humildade, algumas palavras ditas fazem aquele som agudo doer no fundo do ouvido, tens razão, mas a mediocridade não está propriamente na ignorância do ignorante, mas na mente que além de o ser, ainda faz apologia a tal e não procura se aprimorar, ora, tens toda razão, a ignorância na pronúncia das palavras doem nos tímpanos rsrsr a gente respeita e tal, mas que dói, doí, eu não sei se conhece o professor Olavo de Carvalho, ele se aprimorou em filosofia sem cursar o superior, ele é fantástico, apesar da boca suja, mas é um gênio autodidata e isso não é para todos, mesmo porque falta o mais importante, VONTADE de aprender. Nossa língua é linda e riquíssima!!!Assino contigo, obrigada pelas lindas postagens sempre meu poetaaaaaa Manoel Ferreira Neto️😉👏👏👏👏
Sonia Gonçalves
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SEM CONCEITO INTELIGÍVEL
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: PROSA SATÍRICA
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RESPOSTA AO COMENTÁRIO SUPRA
Bom dia, Soninha Son(Sonia Gonçalves) Diz o adágio "Quem é vivo sempre aparece". De volta aos afazeres quotidianos, Soninha Son! Bem-vinda.
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Há alguns anos você comentara um poema, dizendo que é dar murro em ponta de faca criticar os maus poetas, pois que não vão mudar de postura, não porque não deem atenção aos críticos, são insuportáveis, nojentos, mas porque não tem condições de fazê-lo. Muitos não tem qualquer possibilidade de mudança. Diz adágio "O que começa mal termina mal." Há quem comece mal e termine ainda pior. Mas há aqueles que começam intragáveis, mas terminam imortais, isto devido à vontade, ao desejo de amadurecimento, crescimento.
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O mesmo com a Língua. Dificílimo, quase impossível , as pessoas entenderem e compreenderem que a Língua é a Identidade do Homem. Não adianta corrigir; não tem condições de aprender a Língua, ao menos o básico dela, pois que é uma das Línguas mais complicadas. Ainda há há aquilo da Liberdade de Comunicação, o importante é o entendimento, a escorreição gramatical, léxica não importa. Então, todos se sentem à vontade em cometer suas gafes absurdas. A ignorância na fala é passível de compreensão, mas na escrita não o é, salvo nalgumas situações específicas. Na escrita, a erudição linguística é imprescindível, a linguagem vulgar não passa no crivo da Arte, não se imortaliza mesmo. Tudo depende da vontade e da decisão. No terceiro ano de Ginásio, caí na asnice de dizer em sala de aula, Língua Portuguesa, "Para mim estudar..." Antônio Correia, professor, de imediato: "Manoel, mim só estuda em terra de índio. Pronome oblíquo não conjuga verbo." Nunca mais cometi este erro.
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Quanto ao filósofo auto-didacta nunca ouvi falar nele. Padre Celso de Carvalho, ex-reitor do Seminário Sagrado Coração de Jesus, Diamantina, dizia que o maior mestre é o livro. Olavo de Carvalho não cursou Filosofia, mas com efeito deve ter comido livros para alcançar os conhecimentos filosóficos. A vontade e a decisão presentes sempre.
Beijos nossos, querida!
Manoel Ferreira Neto
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#SEM CONCEITO INTELIGÍVEL#
Graça Fontis: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: PROSA SATÍRICA
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Seria até interessante se os indivíduos começassem a se expressar através de meias palavras, ou seja, dizendo apenas parte delas. O problema seria se seriam entendidas, compreendidas como acontece com a comunicação com as palavras completas.
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Digo isto, pensando em algo que sempre ouvira: "para o bom entendedor meia palavra basta", adágio, inclusive. Se a pessoa é boa entendedora com meia palavra, então, uma excelente entendedora com as palavras ditas completamente, com a boa pronúncia. Em verdade este dito popular significa unicamente que as intenções podem ser logo descobertas, não necessitando uma maior explicação. Não haverá quem pense, imagine, elucubre, com o aval de todos os psicólogos, testemunho das intenções das palavras, estar eu enviando alguma indireta, recadinho? Nada disso.
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Por mim, tenho dificuldades muito grandes em perceber as intenções das pessoas com a linguagem usada por elas, e muitas vezes, para não passar como imbecil e idiota, sou obrigado a supor o que estariam dizendo, a estabelecer um sentido a respeito, apesar de algumas vezes estar com eminência equivocado, tendo de perguntar o que mesmo querem dizer. Se usam uma linguagem mais apurada, demonstrando algumas regras e normas da língua escrita, aí sou capaz de entender e compreender, podendo então continuar o colóquio com desenvoltura e liberdade.
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Sendo assim, teria ainda maiores dificuldades de entendimento se as pessoas começassem a se expressar através de meias palavras, não teria eu condições alguma de saber o que estariam falando. Tomando-me desse exemplo: "ter e com algum sa o que estari fal...", não tem qualquer sentido, nem mesmo na linguagem poética, se não houver uma razão de ali figurarem, semântica, linguística. Ademais, a questão mais contundente seria como eu me comunicaria, pois não teria a destreza e perspicácia de dizer apenas uma parte das palavras em todos os momentos, em todos os lugares, em quaisquer situações e circunstâncias. Ter-me-ia de calar para sempre, fechar a boca vez por todas, e apenas ouvir sem qualquer possibilidade de conhecer o que está sendo dito.
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Sentir-me-ia um estranho no ninho. Teria de ajuntar as minhas tralhas, participando a minha mudança para o mato, vivendo em contacto com os animais; acredito até que os nossos colóquios através da sensibilidade seriam sim muitíssimo enriquecedores e de fácil acesso de entendimento.
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Existem coisas neste sentido realmente difíceis de compreensão nesta mesma linha de pensamento, para o bom entendedor meia palavra basta. A questão do uso corrente e vicioso da palavra “trem”. Este termo é usado para substituir qualquer outra palavra. Em princípio, se a pessoa indica a coisa desejada, dizendo que pretende adquirir aquele trem... – de um modo inteligível: alguém num bar indica uma empadinha, tendo esquecido o nome do alimento, dizendo que deseja comer aquele trem, é inteligível. Agora, se alguém pede alguém para ir à mercearia comprar um trem para comer, aí nem os gênios conseguem saber o que a pessoa está querendo dizer. De antemão às revezes, não se come trem, haja dente para triturar o aço, estômago para digeri-lo, intestino para eliminá-lo. Houve quem inclusive de modo cordial e gentil, indagara se sou do time do personagem de Francisco Millani, minha tolerância é zero.
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Se é comigo que isto acontece, de imediato, digo que somente na Estrada de Ferro Central do Brasil ou na Estação da Luz é possível encontrar um trem. "Poderia ir até lá e tentar comprar um, já que a vontade é tanta, mas como fui operado duas vezes de hérnia não posso carregar peso, seria preciso contratar um guindaste para levar o trem até à sua casa." Fora ipsis litteris o que dissera a uma amiga com quem almoçava num restaurante carioca, com certeza em Botafogo, quando ela dissera: "Tem hora que me dá vontade de comer um trem!" Saíra ela da mesa, pisando duro, chamando-me cretino e imbecil. Logo questiono o nome da coisa mesma que a pessoa está desejando, e muitas vezes ela não sabe explicar. Ah, irrito-me bastante com esta palavra. Não sei se é devido ao fato de eu sempre ter me preocupado em nomear as coisas, definindo bem as minhas intenções e desejos de expressão, ou se é pelo fato de ser eu um homem muitíssimo exigente com a expressão das coisas, sendo isto quase o mesmo.
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Servindo-me do verdadeiro sentido do dito popular de para o bom entendedor meia palavra basta, as intenções podem ser logo descobertas, não necessitando maiores explicações, como vou saber o que a pessoa quer, deseja, necessita, se ela só sabe nomear as coisas através da palavra “trem”? Vou necessitar de maiores explicações até que eu possa saber o que deseja, e neste ponto ela terá de saber o nome específico das coisas, e muitas vezes não sabe. O "trem" usado na linguagem mineira, nestas mesmas situações, é inteligível, habita-lhe a cultura.
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Se fossem apenas as dificuldades de entendimento com as meias palavras, com o termo “trem” substituindo qualquer outra palavra, ainda poderia até tentar conviver com isto de modo razoável, pois que de outro modo creio seria até impossível, mas não é só isto. Se o uso indiscriminado, corrente do termo “trem” me irrita, irrita-me ainda mais ouvir as pessoas falarem errado, não saio é soletrando como se escreve a palavra pronunciada erroneamente, apenas a pronuncia, também ministrando a santíssima Língua Portuguesa quando diz respeito aos disparates da Gramática, gafes absurdas, não terem a menor preocupação com o que dizem, como dizem. Se se trata de uma pessoa que se observa de antemão não ter tido condições de estudar, o que estudou serviu apenas para assinar o seu nome, compreendo, embora o ouvido se sinta muito ferido. Agora, se se trata de personalidades, acadêmicos, irrita-me de um modo que o desejo é pedir licença, dizendo que numa outra oportunidade, aquando aprender a conversar direito, terei imenso prazer em ouvi-la, mas nas suas condições o melhor mesmo é ir embora. Como se pode ensinarem a Língua e dizerem "A maioria dos alunos não ligam para isto de falarem corretamente", aqui nesta frase, o verbo fica no singular.
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Estou ultimamente sendo muito condescendente, compreensivo com todas as pessoas de nível, ouvindo a sua linguagem ridícula, mas noutros tempos simplesmente interrompia o colóquio, corrigindo a pessoa, gostasse ela ou não. Algumas tiveram a ousadia de me perguntar se estava querendo corrigi-las. O erro é o mais certo neste mundo - dissera outra, deixando um convite - "pense bem nisto!" Respondi que não, quem era eu para praticar um ato deste, corrigi-las, estava apenas a lembrá-las da forma correta de dizer, os eufemismos ajudam bastante em certos instantes, alfim podia ter deixado a escola, formou-se e de imediato foi lutar pelo seu pão de cada dia. Não sendo "eufemismo", obviamente, mas o ouvido é mui sensível em relação à fala, não intenciono nenhum juízo, e se me perquirissem a razão da fala correta ser do modo como estou dizendo, não saberia explicar a verborréia gramatical, a queda no ridículo seria inestimável. Qualquer explicação não convenceria o interlocutor, persuadir-lhe-ia de ser o que canta a gramática, estava enrolando, tentando enganar. Teria de dizer a verdade: "Não sei explicar a razão de o verbo ficar no singular com a expressão "a maioria..." E a resposta sendo: "Concorda com maioria e não com alunos." Quê vergonha!... Corrigir e não saber explicar o certo. Não me utilizaria do eufemismo para me explicar, para suavizar ou minimizar o peso conotador de minha atitude de homem indelicado, sem educação, vive de corrigir as pessoas. Não mesmo. Simples assim: os ouvidos são de mais sensível à fala.
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Outras vezes, num colóquio, dizendo que os meus tímpanos acusam de imediato quando ouço alguém falando errado, talvez tivesse audição canina da Língua, disse-o em tom jocoso, algumas pessoas disseram que teria de partir deste mundo para um outro, porque aqui as pessoas não sabem a língua. Respondi-lhes que não, havia uns poucos que sabiam e eu convivia no meio deles. Sem conceito inteligível uma fala neste nível, há quem até seja especialista, doutor, mestre da digníssima senhora Língua Portuguesa, outros não, referia-me à questão do ouvido, alguém mencionou que o namorado havia presenteado a amada no Dia dos Namorados com um aparelho de ouvido, nada mencionava sobre a Língua específica. Estava no hall do teatro, conversava com algumas pessoas, nem poderiam imaginar a tolerância minha com a fala.
#RIO DE JANEIRO(RJ), 09 DE JUNHO DE 2020, 08:57 a.m.#

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