SINFONIA DO SER-TAO VAZIO# GRAÇA FONTIS: PINTURA FESMONE: POEMA



B-c-d-e - pós a-e-i-o-u,
Féretro, feto
v-x-y-z
Término de alfabéticos devaneios e delírios,
Ser-tao de nada volátil, ser-tao de vazio volúvel,
ser-tao de naúseas veladas de veludosas
con-tingências do tempo,
vacuidades in-fin-itivas, verbalizadas de maresias,
as verdades do ser custam o nada do tempo
e a quimera do nada
custa a cor-agem dos sonhos e esperanças,
no coração, no caráter
o vernáculo sublime, palavra coesa,
porta-voz da consciência que fale alto e claro,
Saber de que careço,
Saber o que sinto,
Saber o que penso,
Morro secretamente e sem dor...
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Sentimentos ultrapassaram a capacidade,
foram em demasia.
Voz ausente, falhada,
resta apontar o coração com empáfia e oratória,
por que não com insolência e eloqüência?
por que não com percuciência e rebeldia?
Afirmativas que negam,
Negativas que afirmam,
olhar de viés o que é re-verso às fantasias,
de soslaio o que é in-verso às quimeras,
de esguelha o que é avesso
aos sentimentos de esperança e fé,
por que não com meiguice e arrogância?
Por que não com humildade e orgulho?
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Sin-estesias de ventos soprando poeiras
que perpassam luzes
- minhas vistas nublam-se -
que perpassam luzes, quê magia dos mistérios do além!, ensimesmadas as perspectivas de visualização. Míticos rituais do efêmero, místicas lendas do pleno, metáforas do nada reversando verdades do vir-a-ser, inversando origens do verbo, raízes do ser, espectros do não-ser incidindo sob o domus do templo, suspensos os ideais eternos das gnoses do espírito, a dramaticidade em cena.
Reversos abismos
inversando chapadões sob o velar vésper
do não-ser que não é o nada e
o nada que não é o não-ser,
Diz-nos Memorialista da Espiritualidade, do Espírito:
"O tédio para o qual a arte é refúgio torna-se o abismo escancarado do Ser, algo pavoroso.
No tédio vivemos o instante
como passagem vazia do tempo: “O meu olhar está negro e vazio como o próprio abismo sem fundo, embora pretendesse estar com ele fixamente voltado para o céu,
este céu imenso,
rogando a Deus paz nos meus pensamentos”
“A vida que estou vivendo, muitas vezes sem querer viver, é triste, melancólica, tediosa e sem nenhum sentido”, arte, Sentimentos da Esperança, moldura que cerca e constringe.
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Prolongo-me eu, hesitante e cheio de dúvidas, incertezas, angústia sem limites, entre o céu e o inferno com as forças dinâmicas e vivas, tristeza sem eiras, nada mais consigo ver, [quem sabe não deseje fazê-lo, não tenha vontade de esticar os olhos até o infinito!...
abrir o coração até o que trans-cende os confins do sensível!], senão um monstro que devora eternamente todas as coisas, fazendo-as depois re-aparecer,
para de novo devorá-las.
Já perdi as esperanças, negligenciei sonhos, esparramei as utopias por todos os lugares por onde passei; sei que agora nas mãos feitas concha estão as esperanças, sonhos e utopias, sigo as alamedas solitárias e silenciosas - livre, quero ao mundo inteiro gritar: "Minha liberdade está em questão"
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Liberdade. Com o abismo na alma.
Profundos os mergulhos nas querências da vida.
Pre-fundas in-auditas.
Sin-estesias da solidão.
Não foi em busca de volúpia preguiçosa
e culpável que comecei de me servir
dos acontecimentos da vida, das contingências do ser,
não-ser, não apenas me servindo de um Dom que me foi dado, servindo de penas as quimeras, aeternuum, doaram-me! Não foi à procura de êxtase efêmero que comecei de me servir das idéias do belo, dos sentimentos ávidos de beleza que me habitam, não apenas me servindo dos sonhos que em mim trago dentro. Foi para con-templar
o outro de mim que mergulhei fundo no desconhecido,
no in-audito, no in-inteligível, no in-compreensível,
à busca de quem sou que me entreguei
ao in-finito de versos e re-versos, in-versos e prosas.
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Vertigem de me perder, de tudo negar,
de não me assemelhar a nada,
de quebrar para sempre o que me define,
de oferecer ao presente a solidão e o nada,
ao futuro as utopias e a esperança
de encontrar a única plataforma da “Estação Liberdade”,
Paulicéia desvariada,
onde os destinos se podem re-iniciar, ascender.
A tentação é perpétua.
A fórmula antropológico-fisiológica
para o segredo da arte é, pois, a sublimação do tédio, a mãe das artes. Nessa formulação, o pathos da arte realmente desapareceu.
O chamado mistério da arte poderia ser mais trivial que isso? O êxtase do entusiasmo pela arte esgotar-se-ia realmente em ser refúgio do deserto do cotidiano, pobre em excitações? Com isso a arte não se reduz a mero valor de entretenimento?
Nietzsche coqueteia com esse ponto de vista desmistificador e redutor do pathos.
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Lâminas simbolizam sentidos que se foram, machados metaforizam sentimentos que hão de vir, emoções a serem vividas,
não pinto em nenhuma tela figura sem rosto,
não escrevo em nenhuma página “eu”
sem imagem ou perspectiva,
alcanço a mente quotidiana,
trazendo à beira de um sítio qualquer do rio de águas serenas sem mar-gen-tende ausência de pressa, porque rosas ou lilás com-binam sonho e espírito em mãos que se estendem à descoberta da comunhão... da síntese...
Porque ventos ou sibilos aderem esperanças e utopias
À margem das dores e sofrimentos,
Notabilizar o espírito, a vida,
tem uma “constante esperança”, são Sentimentos da Esperança -
diz-nos o poeta memorialista Nilzo...
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Sonho, con-templação, comunhão,
rosas, lilás ao norte:
absoluto frescor que emana do próprio solo
a cada passo que damos na embalada por silêncio
combina o bambu que o vento quebrou
(com) um galho seco de outono.
Sonhos que não passam de ilusões, [antes, e de maneira mais pura do que o poderia eu fazer, de modo mais idílico que os idílios do que o poderia eu artificiar, delineio esboços, o sentido e a imagem de um olhar, a flama de uma perspectiva de horizonte longínquo, de uni-verso distante das estrelas e da lua cheia], entregar-me de corpo e alma aos desejos iluminados em seus valores eternos como imagem e como visão fugaz da própria divindade.
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Quem sou, que me esqueço de dizer o nosso amor que anda calado, anda em passos lentos na areia fria, de por baixo dos pés? Quem sou, que me lembro de enfiar as mãos em bolsos de calças, busco o nada que neles se encontra? Quem sou, que me não re-corda ouvir os sussurros de vozes distantes em mim, a voz melodiosa do silêncio a rimar as esperanças de hoje e a fé de amanhã serem outros sentimentos, emoções?
Quem sou,
que me esqueço que o silêncio é que é o silêncio vivo?
No silêncio, ergue-se a voz firme,
deixo que no edifício que se ergue embata
vento de re-novação.
Na poeira, o milagre da existência humana.
No silêncio da ordem universal,
uma luta de vida precede todas as mudanças.
Se a minha mão alguma vez misturou o mais antigo com o mais recente, a água com o trabalho, o caos e o cosmos, o fogo com a arte, como não hei de estar ansioso pela liberdade, sôfrego pelo brilho de sentir correr águas calmas e serenas por mim, como um rio por seu leito, e lá fora um grande silêncio como um deus que faz a sua sesta?
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Amplio o significado
dos gestos, detalhes,
nuances, palavras,
e a lucidez
é a própria nitidez crua pela vida,
Sob os raios de sol faiscando no ar.
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A música
interrompe-se,
o silêncio é aspirado
numa curiosidade.
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Pressinto, com alegria
e serenidade,
como sou novo, inexperiente,
indecifrável.
E o coração
quente de uns instantes: o branco da neve
dos sentimentos
polidos deambula
pelo espaço da verdade.
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Um brilho todo especial
sinto nos meus olhos.
Um vento surge ininterrupto,
procurando-se,
entre ambiguidades e dubiedades,
entre dialécticas e contradições,
entre nonsenses,
Contudo,
criando margens
a falácias de toda ordem,
ambiguidade de toda natureza,
sinto exigir de mim
um comportamento,
atitude.
Sei,
no instante de agora,
nem um pouco
estou em condições de ir
ao fundo de meus...
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Luzes não são suficientes para iluminar a longa área de mato e capim que se estende adentro mistério entre árvores, galhos, esquecimentos, de alguém que, sentado no meio-fio, a noite segue seu caminho, se há outra significação para o pouco ou demais de olhos que desejam com que gestos ou modos de revelar o erro abstrato da criação,
o engano metafísico do desejo do novo,
e o silêncio perpassa momento difuso,
profuso, completo de viver tudo de todos os lados.
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Caminho para a ingenuidade - pouco importa se o relógio ocupa toda a noite,
se o pêndulo bate as horas certas;
para a inocência – a minha alma é simples e não pensa;
para o in-criado - na eternidade, não há tempo;
a eternidade não é mais que um instante,
cuja duração não vai além de um sorriso
muito mal esboçado no rosto;
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Para as Cáritas do Kairos
ao esplendor in-visível de sol-risos atrás
da liberdade em questão
- uma porta que se abre e entra a vida para mim,
correndo silêncio pela grama serrana,
olhando para o pensamento,
vendo os idílios das quimeras do mar,
Na maestria dos versos, prosas,
fábulas gravam no peito quimeras
cobrindo as ausências,
preenchendo as faltas....
#RIODEJANEIRO, 22 DE FEVEREIRO DE 2020#

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