CRÍTICA LITERÁRIA POETISA E ESCRITORA Ana Júlia Machado ENSAIA O AFORISMO "SILÊNCIO DÀ MERCÊ DE VENTOS#




Ora bem, analisar aforismos não conhecidos não é tarefa simples…Neste texto de Manoel Ferreira Neto, penso que saí completamento do que o texto verbalizava- “SILÊNCIO À MERCÊ DE VENTOS#
Fesmone: AFORISMO
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Fiz uma leitura para desabrochar, o deparo ao caos onde a particularidade fundamental da poesia é que ela causa um novo empenho de atenção e descortina um novo universo dentro do mundo conhecido. O homem, os bichos e as elites todos intervêm para constantemente no interior de um esquivo e proveniente caos. Apelida-se de cosmos a babel com que nos habituamos. À indizível babel de que somos instituídos apelidamos de escrúpulo, e intelecto e até cultura…”. Em outra visão, o homem carece empacotar a si numa conspeção, parir uma habitação com um feitio patente e com firmeza e imutabilidade….
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Matrimoniar-se às sombras para que o paraíso não tombe. A ARTE medita, portanto, em preterir o caos, em abrigar-se do caos, com o chapéu-de-sol do hábito, dos modelos de realidade e do intelecto. Lawrence brada por um golpe encetado e selvagem no chapéu-de-sol. O anseio pelo caos é o ar da sua inspiração. O temor do caos encontra-se no cortejo de formas e artes. Apregoa por uma exibição à calamidade do defronto com as realidades-seres-do-mundo, ao inverso de nos acautelarmos de relatar-nos. Um enigma ilhéu, que abrange uma frincha às probabilidades não-somente-humanas, que embarguem nossas faculdades de exercer o poder da repulsa, animosidade e apreciação. Uma enunciado selvática, cómica e enérgica ao fado, ao porvir, sem receio, e com uma possante firmeza num sabe-se lá o quê pode um físico, uma existência, quando premeditados e experientes como moção ilimitada de caleidoscópicas ligações com as coisas-seres-do-mundo, entre os quais igualmente estão seres antepassados, entidades alegóricas e comunidades de pujantes incorpóreos.
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Se encontrar-se anexo é o ímpar jeito de abarbarmos a nós próprios e ao capitalismo, a todas as energias que nos pretendem frágeis, pavorosos e sofríveis, o festejo de um encontro não pode presentear – se entre iguais, entre análogos, cauteloso em torno de realidades que melancolicamente colam-se aos bandos, linhagens, soberanias já viventes. O assunto do encontro é o da prolificação de um encontrar-se anexo que não permanecia antes, em que não vivemos como antes, em que comunidades muito desiguais, sob coerências igualmente divergentes, aliam-se. É a dificuldade de nos desfecharmos a um diálogo interestelar entre estrelas bem diferentes, cujos futuros desiguais arquitetam um conjunto movediço que se cuidaria de agarrar, um inter adejo, anos-luz. Diálogo interestelar que possui como espaço-tempo superior de ensaio o papel….O papel como uma área virtual de um pensamento-Terra, de uma experimentação-natureza, de uma escrita existência, cujos términos não são as circunstâncias de uma era, as pertenças e circunstância das coisas, mas os futuros que podem desprender todo um novo campo compreensivo.
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O papel como um micro- laboratório de armações melindrosas, de um diálogo nómade, a cada vez desigual, capaz de exaurir o que existe de humano excessivamente em nós e de nos arremessar numa façanha frequentada por um coletivo de forças sem denominação. Onde a língua, como verbaliza Vladimir Safatle, descobre seu ponto de colapso. O papel como um patamar universal que nos enuncia ao papelar, absorvendo qualquer possibilidade de guardar-nos no passatempo das sintaxes pré-definidas e das gramáticas audiovisuais dominantes, porque a questão que o papel nos coloca é: como elogiar obras sentidas que engendrem um modo de estar anexo em som inferior? Um apelidado a tratarmos Entre Vidas, causarmos do encontrar-se junto um problema de ilhéu, como propõe Carlos Mondragon.
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Anseios de asseverar que informar é gerar encontros entre díspares, engendrar novos campos sentidos. Um veemente pretender o encontro como prolificação de ligações movediças, abertas, esquivas, nativas. Ligações que nos alegam a compreensões diferentes do humano, da erudição e da Terra. Num anexar atento aos modos como as ligações entre imagens, entre sons, entre sons- imagens, entre-palavras-sons representações, entre linguagens podem escapulir-se aos exercícios elucidativos e alegóricos e arrojar-se ao repto diagramático do encontrar-se associo: nada encontra-se dado de antemão, nada pode ser vergado a uma verdade oferecida e primeva. Universais que porfiam que o estar junto, o vulgar, já viveria antes e que chegaria autenticarmos esse comum já primevo. Intimar assim uma calamidade de outra essência: a dos encontros competentes de conceber uma torcedura nas coerentes representacionais, abater os exercícios predominantes e licenciar que uma exultação contagiosa, venenosa, as atinja.
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Acertar uma certa “circunstância marítima” do enigma de estar junto, onde não há término nem disputa, onde se analisa o precipício físico de uma matéria-sentido do defronto em inalterável constituição. Onde a dificuldade do papel converte-se o de engendrar-se como transição, prega, dédalo em que dúvida, comportamentos e vulgares erram-se para fazer praticável uma obra de díspares. Não mais a arremetida em situar erudições e rotinas inferiores, mas a prática do menor como uma certa circunstância climática a ser fenda, a cada vez, para louvor no papel de uma ocorrência: estar junto. Carecemos do que tais comemorações podem comunicar: “a prática de uma conexão enérgica entre esperteza e criação empírica de uma competência nova de operar e meditar, como diz a filósofa belga isabelle Stengers , porque não somos incapazes, mas temos sido circunscritos à incapacidade. Conceber uma vantagem pelo que quer que seja passa por executar materiais que sondem o meditar reunidos como feito a ser feito. É preciso idear um material de ideia capaz de conquistar a quantidade ilimitada de energias em ludo e fazer da própria ideia uma energia do Cosmos). Estando num laboratório que medita o intercurso relaciona-se, a cada dia, de alterar o centro da atenção do intercurso para a existência, para que um novo campo ambíguo se constitua em que não se cuida de informar algo já dado mas colocar-se em comunicação com um mundo todo activo e um mundo todo vivo tem “a energia de um érebo”, como já dizia Clarice Lispector, como verbalizam os climatologistas sobre as nuvens de chuva.
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Parece-nos, cada vez mais, que a faculdade de ingressar em ligação com um mundo todo vivo somente sucede quando o homem deixa de ser o imo dos sistemas comunicacionais, quando se deixa habitar por energias inumanas, quando descobre fantasiar outros devaneios e embarga com o exercício infeliz da Ideologia, ou doutrina, de acordo com a qual o ser humano é o centro do universo, de tudo, sendo ele rodeado por todas as outras coisas. ..
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Penso que não deve tão pouco publicar…não fui capaz de ver de outro modo. Não sei se o meu estado frágil em que encontro-me não deixa-me abrir horizontes
Ana Júlia Machado
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Resposta à análise supra
Aninha Júlia, Ana Júlia Machado, podeis Vós responder-me como é que andais, palmilhais os interditos e interstícios de minha sensibilidade e intelectualidade?" Se não podeis, permitai-me dizer-vos: "Somos nós o Intelecto e Espiritualidade dos Caminhos de Luz nas Trevas." De excelência o seu Ensaio. A cada passo, aprofundando-se inda mais... Discípula que merece de mim todo o reconhecimento e sentimentos de amizade, carinho, gratidões.
Beijos nossos, querida, a você e à nossa amada netinha Aninha Ricardo. dA propósito, não se esqueça de nos enviar as fotos recentes dela.
Manoel Ferreira Neto
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SILÊNCIO À MERCÊ DE VENTOS#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Fesmone: AFORISMO
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Ilusão. Fantasia. Quimera. Poesia.
P.Q.F.I às avessas. A estrada é o meu lar, na expectativa do encontro da porta de trás da casa esteja aberta, poesia - seria que eu existisse de por trás de mim? - o travesseiro esperando a minha cabeça, aquele friozinho dele no lado de meu rosto, quimera, o corpo encolhido, similar ao feto, fantasia, descanso para ao amanhecer seguir a trilha, ilusão.
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No alto da montanha, o catavento gira à mercê do vento. Nas estradas, o vento sopra a poeira, à distância nada a ser visualizado, no passar a ponte as águas não são mais as mesmas, com o sopro suave do vento na superfície gotículas de água flanam. Depois da tempestade, vem a bonança. O nada não re-conhece, insiste e persiste veemente ser a luz da travessia do efêmero ao In-finito através das paisagens lúdicas que o tempo sarapalha
no universo dos sonhos e utopias
do que trans-cende o eterno,
ascende os pensamentos,
serpenteia no quotidiano das coisas in-auditas as perspectivas da imagem que se revela alhures,
quiçá o telos do sublime,
quiçá a ipseidade da magia do belo,
quiçá o solipsismo dos rituais míticos e misticos do pleno, quiçá a facticidade dos tremores e temores do efêmero, fugazes medos do imortal e da morte,
das memórias póstumas,
Mitos não envelhecem, revestem-se de
Outras luzes,
Lendas não senilizam, velam divinos desvarios,
Causos não escafedem, ateiam
Fogo nas curiosidades dos acontecimentos,
Onde a alma ferve de agonias, dissabores,
A língua arde nas chamas das quimeras,
Não se pode jamais ter razão,
Nem numa mesa de botequim,
Inda não bebi, fizera o pedido, estou à espera,
Não pedi nenhum tiragosto,
Con-templo a rua
Tenho vertigem em que os sonhos me escapam
Por entre os dedos,
Vertentes carentes de afagos, aplausos,
Olhos perdidos nalgum sítio sombrio,
Na língua, o silêncio das palavras,
Nós... Ninguém...
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Ainda a pura poesia das con-{tingências} do mesmo sob a luz perspectiva da Katharsis, à cavalita, anamnese da amnestia do "Logos", nada de novo sob a luz do sol, nada de velho à mercê pretérita das dimensões futurais do verbo subjetivando as imperfeições e forclusions do vazio uni-versal.
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Sentimentos que pervagam perspectivas
Contingentes do nada.
Creio haver encontrado um brinquedo
Para afugentar o que murmurava
A voz noctívaga de correntes, algemas,
Orvalho noturno que molhava a natureza,
Silvo das serpentes esquecidas do veneno
Como abstrato de suas naturezas.
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Sendo o sujeito então o detentor de uma verdade evidenciada na mera intuição, a qual não visa depreender o em si das coisas ou revelar o caráter enganador e aparente da experiência, mas o de ser sempre consciência de algo; isto é, de algo que tenha a sua objetividade definida por meio de um ato da consciência
(julgamentos, imagens, relações, atitudes,
pensamentos, sentimentos, memórias,
delírios, eventos, etc....
Andar sem quaisquer bandeiras, andar, andar
Nas penas ao sabor dos ventos passando na Colina,
Olhar, vislumbrar,
Con-templar os tempos;
A pena flora o destino...
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... Mordem da noite o assentimento universal.
Primeiras palavras. Primeiros sons.
Primevos sentidos e significados.
De outroras metalinguísticas,
De antanhas metafísicas,
De templares efígies da Exegese,
Semânticas, semiologias, metáforas,
É de lamber com a língua úmida,
baba escorrendo,
molhando o queixo cujas mãos minhas amparam.
Esculpem em carne e ossos as linhas da mão.
É de sentir na boca o paladar da evidência,
o gostinho delicioso da trans-parência).
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Iluminísticas sol-itudes, sol-icitudes de volúpias e êxtases deslizando serenas à luz cristalina do horizonte
circundado de sombras do In-finito,
de lâminas de raios do Sol,
o nada passeia na lua minguante
resplendido de ínfimos raios brilhantes,
o tempo de-cursa lento e tranquilo
nas margens do abismo sob a suavidade do vento,
o ser in-cursa leve e suave nos bosques de grutas
em cujas soleiras ovelhas refestelam-se,
nas ruas, alamedas, becos
em cujas vias deixo rastros,
onde haveria-de perquirir os vestígios
Do fogo libertando da pena as trevas,
Fogo que lambe a lucidez,
Fogo que rasga o peito,
Fogo que alucina,
Fogo que acende a querença da
Sabedoria,
Fogo verbis que reverbera o exílio do poder,
A solidariedade da terrae naturalis,
Não somos todos filhos da terra,
Senão na Cadência de sonhos a-poéticos a transformarem
A miragem telepática de fábulas lavrando o invisível,
Aquecendo no lampejo dos pretéritos...
Brilham as quimeras nas querenças
De elevados ideais.
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Fome num prato de sopa de legumes.
Olhos de todas as línguas.
Voz de orifícios,
Frinchas de ruminâncias,
Alardes, algazarras,
Meiguices indolentes do nada
Salpicando gestos suaves da caverna,
Palavras sujas de álcool.
Gestos conduzidos,
Som enrouquecido de moleza, lentidão,
Estribada entidade insulta inocências.
Vertem-me lágrimas na face de alegria,
Quiçá até de júbilo,
Alfim pretéritas são situações e circunstâncias,
Sede numa taça de vinho,
A vida é comunhão com os olhos, pelos ouvidos,
Suspiros profundos, a língua seca.
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Tudo que nos é oferecido originariamente na ‘intuição’ (por assim dizer, em sua efetividade de carne e osso) deve ser simplesmente tomado tal como ele se dá, mas também apenas nos limites dentro dos quais ele se dá. A consciência é sempre consciência de alguma coisa e o objeto é sempre objeto para uma consciência.
De mim excedi os limites do mister,
Extrapolei as fronteiras das prioridades,
Descosendo o espírito Inspirador
Cânticos, baladas brotaram para esse entoo
Con-sentir nos arrabiscos dos verbos
As declinações, extravios, as defecções,
Retiradas do cofre, desembrulhadas
As utopias,
A vida também deve manter a razão
Diante de mim.
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Elos indecifráveis eclipsados
Nas mágoas incompreensíveis,
Deixados aos ventos, silêncios,
Chamejantes artifícios de idéias,
Dentro em mim,
O crepúsculo sopra nostalgia.
O horizonte tremula de agonia.
A natureza chora, enlanguescida,
em suaves dolências de saudade.
O silêncio derrama-se profundo
em sinceros lamentos de tristeza,
pesquisando através de meus pensamentos
para o momento perfeito
#iévskis# sibilos do nada,
sussurram através das árvores de álamo
truques e telepatias,
Ontem foram ideais consumados, onde o destino?
Vazias as retinas do olhar, mister criar,
Inventar todo o tempo do mundo,
Sombras, luzes, trevas,
Jogando com os naipes da Surpresa,
No vai-e-vem, aclives e declives,
Lírica de mov-imentos ondeantes,
Efusivas as sensações...
#riodejaneiro, 24 de fevereiro de 2020#

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