#O TERNO DE TERGAL ESCONDE ALGO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Não me é dado trilhar estas terras,
Não saberia croquisar a imagem de
Nonsenses e nonadas tergiversando
O espaço de verbos defectivos,
Nada e vazio gerenciando o tempo
De conjugações seivadas perfeitas e perpétuas;
Não seria capaz de desenhar os caracteres
Dos vernáculos reverberando as letras,
Corroborando signos, símbolos, metáforas
Perdidos nas gotículas de lágrimas
A molharem a face queimada pelos
Raios numinosos, despertando os lábios
A esboçarem sorrisos leves e serenos,
Inda que tímidos;
Não me é consentida a língua
A esboçar o som, sonido, sonorização,
Son-ema, son-ética
De a palavra a penas delinear
As finesses de mensagens a alma no cio
De seus tesões pela leveza do Ser,
Leveza de princípios,
Leveza estética dos ideais,
Leveza ética das responsabilidades, compromissos,
Intante estrangeiro de autorizar, permitir
Sentir a manhã tocar-me mui íntimo,
Manhã neblinada, chovera noite inteira...
Senão neste estilo verborreico,
Falácias poéticas, facécias prosaicas
Levadas lentamente pela enxurrada
Forte, densa;
Aonde com erudição re-verter, in-verter
Ad-versar mistérios, enigmas,
Ao invés de ir à busca do Olimpo,
Através de todos os recursos línguísticos, semânticos,
Trazê-lo ao mundo das coisas e da liberdade,
Da cor-agem e da disposição,
Da consciência estética e ética?
Sei o quanto me é sofrido, dorido,
Quanto me custa a mim
Manter esta dis-posição para o gelo digno
Diante da entrega in totum,
Esta indiferença gaia
E não esgoelar a plenos pulmões:
"Façai de mim a vossa vontade";
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Pervagando a orla marítima
De pescadores e peixes,
Na curva de minha sandália
O calcanhar tomado de areia;
Só de pensar em meu corpo banhado
Nas águas oceânicas,
Sob a cintilância lunar e brilho estrelar
Sinto cor-agem in-inteligível,
Nunca tendo-a visto pelo buraco da fechadura,
Jamais a tendo sentado no colo,
Cor-agem branca, neutra, rara
Feita de persistência e determinação,
Feita de ausência e utopia,
A cor-agem de proferir quimeras
Enlevando a alma à Colina do Ser,
Buscando, desejando
Verbalizar as vestes do sublime em conúbio
Das contingências impermanentes,
Do que vai além do bem e do mal...
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Desculpai-me:
"O meu terno de tergal esconde algo"
#riodejaneiro, 11 de fevereeiro de 2020#

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