#FAUSTO# GRAÇA FONTIS: PINTURA FESMONE: POEMA TRÁGICO @@@



EPÍGRAFE:

Eis aí o meu primeiro Heterônimo, obviamente sob a Luz de Goethe, Álvaro de Campos, Alberto Campos, estes últimos heterônimos de Fernando Pessoa, os meus sinceros e cordiais cumprimentos às Nações Alemã, Portuguesa. Ousadia? Sei lá. O fato é que está criado.
Manoel Ferreira Neto
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VERSÍCULO I

Trans-pectivas res postas à luz de egrégias razões do ab-surdo con-ting-ente, dores e sofrimentos, angústias e tristezas, ruminam vazios perpétuos, quiça sob a fissura de o tempo, re-vertendo as dimensões verbais da regência in-fin-itiva do "Ser", re-versando os instintos adnominais do subjetivismo uni-versal das metáforas e semânticas do "Não-Ser", possa nadificar as nonadas do louco que não morre, trasn-fere a loucura para o além, do corrupto que reza o Credo de trás para frente, rogando a Mefistófeles um cofre no abismo do inferno para guardar as suas sacratíssimas economias que adquiriu com o suor dos simples e humildes, acreditavam piamente na ressurreição, e foram colocados em saco de "aninhagem", jogados no buraco de sete palmos, cobertos de terra, sem nada para lhes id-ent-ificar. Orgia no Hades às almas danadas, danadas de Glórias e poder - Creio em Santo "O".
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Trans-pectivas res cogitans postas
Ao crepúsculo pálido dos milênios,
De costas para o uni-verso do In-finito,
Re-fletindo a sombra do "espírito maligno"
Que esplende seus raios numinosos de gnoses
Aos horizontes de trevas, e no "Monte das Oliveiras", Mefistófeles de bengala e pelerine recita,
Declama Goethe de trás para frente,
O conhecimento das ciências é
A danação dos cordeiros da humanidade.
Vida eterna aos Bacamartes e alienistas!
Chamas ardentes aos sonhadores e poetas.
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VERSÍCULO II

Lúdicos dogmas da verdade pre-escritos
Sob as trevas medievas e medievais
Do nada secularizado, a ressurreição nadificada
De místicos mistérios do verbo tornado carne,
A redenção cristalizada de luciféricas ganâncias
Do poder e da glória,
De míticos enigmas dos pecados capitais
Contra a honradez e dignidade,
Em prol das maledicências e viperinidades,
Vaidades, volúpias dos bens materiais,
Evangelizam forclusions e manque-d´êtres
Da sensibilidade e espiritualidade,
Refletidas atrás do espelho do não ser,
Os deuses do Olimpo re-leem a Sagrada Escritura,
Circundados de imperadores,
Mefistófeles dança forró ao som do Cântico dos Cânticos,
Executado no cavaquinho,
Projetando as sombras
Divinizando as gnoses metafísicas da vacuidade,
Os adeptos, alíbis, capachos, prosélitos
Naquela correria de discursos e mais discursos
Na Tribuna do Senado,
Do Congresso Nacional,
Da Câmara dos Vereadores,
Para emendas e cláusulas outras
Que beneficiem mais e mais a corrupção deslavada, homérica.
Pers de tragédias con-duzidas de dentro e de fora
De suas miríades de caguinchices partidárias,
Pulhices sistemáticas re-versas
Às idoneidades do caráter e personalidade,
In-versas às verdades do tempo...
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VERSÍCULO III

Há-de se fugir a sete pés do paraíso celestial, é início da mesmidade, do tédio, há de se fugir a sete pés da ressurreição, do "lado direito" de Deus, é início das circunstâncias in-circunstanciais da vida que são con-ting-ências, fazer tábua rasa do amor e da compaixão não é melancolia da perspicácia, não é nostalgia da percuciência, simplesmente sibilo do inaudito. Devagar se vai corrompendo valores e virtudes... E se o longe for fora do mundo, no abismo do inferno, só lá será o início das glórias, a eternidade de chamas são suficientes para o Templo HADISÍACO, e sentindo compaixão dos desvalidos, dó de tirar-lhes o pão de cada dia não se chega nem no meio do caminho.
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Paz na terra aos corruptos de bons instintos, sem alma!...
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Há-de se fugir a sete pés de quem não veste a pele do lobo, pois que jamais poderá uivar livre e solto na noite do apocalipse das naúseas, nas trevas luciusíacas do sem-fim, acariciando a pele suave das glórias eternas alcançadas ;
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Paz na terra aos corruptos de bons instintos, sem alma!...
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Há-de se fugir a sete pés de quem será gato angorá por toda a eternidade, pois que não sentirá o prazer da vovó de Collorina em receber, re-colher e a-colher em sua choupana na nordestina caatinga, depois que o filhinho amado e querido deixou-lhe todas as suas economias suntuosas para guardar a sete chaves e levá-las para o limbo, à espera da visita calorosa de Mefistófeles;
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Paz na terra aos corruptos de bons instintos, sem alma!...
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Por todo o In-finito das Trevas e das Chamas, por toda a Eternidade do Vazio e do Nada, nada estará corrompendo senão a si próprio que não anseia angustiadamente o Bem e a Verdade. Estará penando no próprio Caldeirão de Chamas, e nada conseguindo realizar, só enchendo a sua Mansarda de Prosélitos e Capachos.
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VERSÍCULO IV - QUÓRUM

Fesmone, praga de urubu magro não mata cavalo gordo. Se palavras realizassem alguma coisa, as da Bíblia Sagrada já teriam tornado a terra e o mundo no Edén, as dos trágicos em suas epopéias já teriam devolvido aos homens o espírito da vida e das contingências, Terra, mundo e homens seriam verbos do Eterno. O que realiza, sejam em que circunstâncias forem, são a ação e a atitude; agindo, estamos, prosélitos e eu, construindo a nossa eternidade, as nossas glórias alcançadas às custas do povicho que entrega suas vidas aos dogmas e preceitos do Bem e da Verdade, debulhando as contas do terço nos Templos e Igrejas, pedindo a Deus misericórdia e perdão pelos pecados, enquanto clérigos e pastores, confortavelmente montados em seus alazões, de cajado na mão, levam o gado e as ovelhas para o curral, deliciam-se na calada da noite sob as chamas da fogueira com delicioso churrasco de picanha, regado a champagne francesa.
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Fesmone, estamos no trans-modernismo, os ideais da palavra eivada dos sonhos e esperanças da espiritualidade são do Tempo do Zagaia. Traz em si dentro a força da palavra, a força de seus desejos, para quê? Está pregando no vazio, no deserto... Você é um ilusionista. Todas estas palavras serão levadas pelo vento, nada restará delas. Você tem verdadeira urticária do paraíso celestial... O que espera com as suas palavras tão profundas, com as verdades arrancadas da alma? Levadas pelo vento, o que restará para testemunhar no Juízo Final? Quer ficar vagando no espaço por toda a eternidade? E o pior: sem quaisquer lembranças da humanidade, dos homens; se lhes perguntarem sobre você, dirão que nem sabiam que um dia tinha existido. Junte-se a mim: terá o seu lugar de honra na minha luxuosa mansarda, sentará à minha esquerda. Não lhe peço que largue os seus ideais e sonhos para trás, passando a ser corrupto. Nada disso. Use as suas palavras fortes para convencer e persuadir os homens que a única salvação das contingências no mundo, permeadas de náuseas, efêmeros, são os bons instintos, a ausência da alma, a corrupção deslavada eivada de viperinidades, maledicências, hipocrisias, falsidades, farsas, aparências.
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Fesmone!... Fesmone!... Inteligente e sábio como você é, sabe que palavras de espiritualidade nada realizam, vão ficar flanando no tempo a perder de vista no universo e horizonte. É o momento de você realizar a palavra... Pense bem... O único em toda a história que conseguiu realizar a palavra. Nem a Sagrada Escritura foi capaz dessa façanha. Será por sempre laureado, glorificado... Estou lhe oferecendo a vida de todos os seus sonhos e esperanças: a Palavra que se torna Ser do Verbo. Observe os políticos em suas trajetórias, a cada dia encontram mais e mais prosélitos devido aos seus discursos lindos e divinos re-vestidos de demoníacos ideais da matéria, do conforto e bem estar, são livres, desfrutam de todas as regalias.

Pense bem, Fesmone... Re-flita e medite!!!

@riodejaneiro, 17 de fevereiro de 2020#

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