#CRÔNICA AOS EQUILIBRADOS APARENTES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Crônica aos equilibrados aparentes
Elevar ao máximo o delírio,
Excitação das emoções,
Enfurecendo os furiosos,
Embriagando de vingança os vingativos,
Instigando de inveja os invejosos,
Provocando de curvelinices os sem alfabetos,
Equilibrando de aparência as crônicas
Do Bem e do Mal, sublevadas
Aos prazeres mundanos,
Drogando os desvairados de devaneios, idílios,
Das energias psíquicas, as chamas da hipocrisia,
Labaredas de virtudes,
Valores às avessas dos princípios,
Tripudiados os lemas da razão,
Germinam os teoremas das farsas, falsidades,
Sentindo desdém por si mesmos.
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Ramble tamble.
Dançar na cadência do cantor
Terpandro acalmou uma insurreição,
Empédocles tranquilizou um furioso,
Dámon purificou um jovem doente de amor,
Roquentin eternizou a náusea,
Some of these days you´ll miss me, honey!
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Quiçá!...
Quem fora res-pondeu com ironia
Aos ventos in-visíveis - haveria algum visível? -
Que sopraram as brisas,
Ao orvalho noctívago que tocou as folhas
Viçosas da samambaia,
À neblina do alvorecer que cobriu as montanhas
À neve que interditou estradas, alamedas,
Becos sem saída, terrenos baldios,
À chuva fina que molhava as telhas do teto,
Canção, balada,
Inspirava a numinância do sol
Cobrir de afagos as letargias do belo e da beleza,
Pro-jectava as faíscas de raios místicos/míticos,
Numinando o que inda restava dos desejos, utopias.
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Quiça... quem fora!
Quem sou res-ponde com galhofas
Aos nadas que nadificaram as coisas do mundo,
Nadificaram-se,
Às nonadas que jubilaram gaias ciências,
Aos vazios que, esvaziados, receberam,
Re-colheram, a-colheram
O múltiplo, o ilimitado,
Sou livre... Escolho o destino.
A verdade deixa de ser verdade
Quando os véus são retirados.
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Sou pensador... Escolho as perspectivas...
As verdadeiras explicações científicas
Dos processos cognitivos e do
Comportamento humano estão unidas a
Uma negação de que exista algo acerca
Dos seres humanos que não pode ser visto,
Pensado, sentido, elucubrado
Dessa perspectiva, elas não são mais verdadeiras.
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Inconstância, insegurança, medo.
E o neurologista no seu consultório dissera
O abismo tinha fundo,
Bastava desejar retornar à superfície...
Quê vertigem inusitada:
Do fundo olhar a superfície!
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Daqui a poucos instantes o embarque,
Outros horizontes, outros uni-versos,
Em todos os níveis...
Não haverá retorno, tudo aqui ficará no
Passado, nas dobras do tempo,
Mister amar a liberdade,
O que penso, sinto agora
Serão apenas lembranças furtivas,
Se aqui estou, próximo a uma longa viagem,
Sentado a um banco de mármore, perscrutando as coisas,
Precisava re-conhecer liberdade não é apenas
Estilo de vida, idéia,
Utopia, sonho, esperança...
A liberdade é o que é.
Sou aquele que não é:
Para-si apenas.


#riodejaneiro, 21 de fevereiro de 2020#

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