CRÍTICA LITERÁRIA ESCRITORA E POETISA Ana Júlia Machado ENSAIA A HETERONÍMIA PESSOANA NO POEMA #FAUSTO#




A análise ao texto de Manoel Ferreira Neto #FAUSTO# , intitulado como sendo o seu primeiro heterónimo, à luz de Álvaro Campos, Alberto Caieiro, de Fernando Pessoa, onde verbaliza que com certeza foi ousadia sua.
@@@
Penso que não…é para mim um texto bastante difícil de analisar porque haveria que fazer a relação dos autores discriminados não sendo fácil para mim, e até digo mais inexequível. Tem provavelmente como objetivo dissecar o enigma da heteronímia, as suas estirpes, interferências e reflexões. A raridade literária que o poeta laborou exaustivamente não emerge sem antecedentes
@@@
Começando por Pessoa, cuja segmentação é aclarada literária, psicológica e biograficamente, porque somente depois desta linha nocional converte-se praticável apurar como a raridade foi conduzido mais além, como sucede com o uso vital da imagem e das relações em êxtase, associadas a uma pobreza de encontrar-se em inalterável circulação. Assim, os pareceres de digressionista e boémio expostos são parte elementar da e na escrita do outro. A segmentação da hodierna existência urbana arrastou o sujeito literário à difusão e ao imutável deambular em demanda de um sentido. Partindo, então, de pareceres do âmbito sociológico, e aplicando-os ao universo literário, é factível entendermos como as pessoas em estudo se incluem numa energia que patenteia a carência da identidade, colateral e multidisciplinar, indícios de um tempo em alteração, que descobre na literatura um meio competente de expressar os estigmas de uma era e de uma teoria da origem do universo humano.
@@@
O que está em origem não é a busca de uma analogia una e melodiosa. Está em causa, sim, a urgência de uma averiguação que pode levar a diferentes veredas: à erudição através da História, ao conhecimento de nós próprios através da história dos outros, ao nada, ou, meramente, à precisão de não poderem estar estáticos num somente local. O dever de estar em imutável circulação converte-se, deste modo, elementar. Acha-se esse atributo de errante e esse inalterável apelo à jornada nos textos das pessoas estudadas, uma vez que a fluidez transformou-se espécie sine qua non dos tempos hodiernos, começando pelo abatimento da unidade do sujeito. Pelo meio fica a privação do halo à sua maneira e o louvor do anonimado, entoados por Álvaro de Campos, Bernardo Soares e Tiago Veiga. Fernando Pessoa, o tema, inabalável, é o da heteronímia. Os utensílios que, por sua vez, ingressam e abalam, são os heterónimos pessoanos, no caso, os mais conhecidos, Álvaro de Campos e Bernardo Soares.
@@@
Tal como a música que não se conserva num só instrumento, a literatura igualmente não se fica meramente por um tipo de escrita nem por um só jeito e classe literárias, da mesma forma que a heteronímia, criada por Pessoa, não se ficou tão-somente pelos cânones concebidos pelo poeta. E não só não se ficou por esses começos, como na sua proveniência podemos descobrir diversos caminhos e ideias diversas, no que diz respeito à tentativa de aclarar a origem do fenómeno. Para uns, o trilho encontrava-se no veio das enfermidades intelectuais e da psicologia biografista – seja pela esquizofrenia, como defende Mário Saraiva; seja no narcisismo intransponível, como afirma Georges Güntert; seja no definhamento, como referiu João Gaspar Simões; seja na psicopatia ébria, como escreveu António Fernandes da Fonseca; seja pelo caminho do génio, como argumenta Kenneth Krabbenhoft; seja devido ao facto de Pessoa jamais ter desejado engrandecer, como realça Richard Zenith. Para outros, a explicação estava totalmente explícita no campo literário, através de uma multipolaridade sem sinopse exequível ou apetecível, Para Agostinho da Silva e António Quadros, a elucidação descobria-se na ideia de uma clivagem polar hegemónica que revelava unicamente um Pessoa nuclear.
@@@
Parece claro aprovar, então, que a origem da heteronímia permanece a provocar ideias desiguais e multidisciplinares, sinal visível da extensão e do talento da obra de Fernando Pessoa, assim como da heteronímia. Cada nova suposição exposta em torno deste tema foi mais um utensílio que entrou na trama musical do universo pessoano. A Escrita do Outro. Falsidades de Verdades e Realidades de Papel. Contudo, não é inoportuno ter em apreciação certos aspetos da vida do poeta, bem como o contexto em que se move. A modernidade instalada por Baudelaire e pela auréola sumida no meio da cidade, possibilitou aos artistas dos finais de Oitocentos e começos do século XX observar o mundo sob uma outra óptica. Adita a esta ideia a contraditória de convicção na ciência e no aperfeiçoamento da sociedade e da tecnologia que, por sua vez, acarretaram a uma maior incredulidade do sujeito cada vez mais urbano, mais sozinho e mais estilhaçado, com as suas bancarrotas e azares. Quanto maior a convicção no poder do Materialismo, maior o tombo no íntimo do sujeito. A modernidade e, por consequência, o Modernismo, foram tempos de elevação e de constrição, de grandes avanços tecnológicos e grandes retrocessos no respeito pela honra humana. São todos estes aspetos e razões que, acredita-se, estão na origem da teoria da heteronímia, associados às bancarrotas que o Figurismo já iniciara a instituir tanto na música, como na pintura e na literatura. Assim, o Modernismo foi o período dos contínuos com sinais pejorativos, tal como foi, para Pessoa, o tempo de todas as práticas literárias, indícios e vestígios de uma crise que lesava o sujeito na sua ligação com a sociedade, com os outros e consigo mesmo, uma vez que os apoios da moderna vida já não estão ajuizados em princípios de ordem beata, política ou social.
@@@
Haveria muito, mas muito mais a verbalizar sobre heterónimos. Em todo o texto de Manoel deteta-se, todos os pontos referidos ao levar Pessoa aos seus heterónimos e agora Manoel Ferreira Neto que apela constantemente ao Fesmone.
Ana Júlia Machado
@@@@
RESPOSTA AO ENSAIO SUPRA
***
Aninha Júlia, Ana Júlia Machado, sem palavras diante de seu ENSAIO. Pensei sim fosse ousadia criar um heterônimo meu, mas diante de seu ensaio sei que FESMONE é meu Heterônimo, e escreverá outras obras. Nietzsche ensina algo inestimável: conservar as raízes, ir além, redimensionando e re-criando os universos e horizontes, no caso enlevar a heteronímia pessoana. Fora esta uma das intenções de meu Poema, outros horizontes da heteronímia, não colocando à parte a heteronímia pessoana. Sou um escritor, intelectual, filósofo eruditos, repensando as sendas da Literatura, da Poesia e da Filosofia.
***
Como sempre digo: "Quero sentar-me com Aninha Júlia numa taberna portuguesa, tomar um vinho, degustar uma bacalhoada e algazarrear as idéias e as culturas literárias, poéticas e filosóficas. Gracias muchas, querida, pelo incentivo a dar rédeas a FESMONE. Beijos nossos a você e à nossa amada netinha Aninha Ricardo.
Manoel Ferreira Neto
@@@
#FAUSTO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
FESMONE: POEMA TRÁGICO
@@@
EPÍGRAFE:
Eis aí o meu primeiro Heterônimo, obviamente sob a Luz de Goethe, Álvaro de Campos, Alberto Caieiro, estes últimos heterônimos de Fernando Pessoa, os meus sinceros e cordiais cumprimentos às Nações Alemã, Portuguesa. Ousadia? Sei lá. O fato é que está criado.
Manoel Ferreira Neto
@@@
VERSÍCULO I
Trans-pectivas res postas à luz de egrégias razões do ab-surdo con-ting-ente, dores e sofrimentos, angústias e tristezas, ruminam vazios perpétuos, quiça sob a fissura de o tempo, re-vertendo as dimensões verbais da regência in-fin-itiva do "Ser", re-versando os instintos adnominais do subjetivismo uni-versal das metáforas e semânticas do "Não-Ser", possa nadificar as nonadas do louco que não morre, trasn-fere a loucura para o além, do corrupto que reza o Credo de trás para frente, rogando a Mefistófeles um cofre no abismo do inferno para guardar as suas sacratíssimas economias que adquiriu com o suor dos simples e humildes, acreditavam piamente na ressurreição, e foram colocados em saco de "aninhagem", jogados no buraco de sete palmos, cobertos de terra, sem nada para lhes id-ent-ificar. Orgia no Hades às almas danadas, danadas de Glórias e poder - Creio em Santo "O".
@@@
Trans-pectivas res cogitans postas
Ao crepúsculo pálido dos milênios,
De costas para o uni-verso do In-finito,
Re-fletindo a sombra do "espírito maligno"
Que esplende seus raios numinosos de gnoses
Aos horizontes de trevas, e no "Monte das Oliveiras", Mefistófeles de bengala e pelerine recita,
Declama Goethe de trás para frente,
O conhecimento das ciências é
A danação dos cordeiros da humanidade.
Vida eterna aos Bacamartes e alienistas!
Chamas ardentes aos sonhadores e poetas.
@@@
VERSÍCULO II
Lúdicos dogmas da verdade pre-escritos
Sob as trevas medievas e medievais
Do nada secularizado, a ressurreição nadificada
De místicos mistérios do verbo tornado carne,
A redenção cristalizada de luciféricas ganâncias
Do poder e da glória,
De míticos enigmas dos pecados capitais
Contra a honradez e dignidade,
Em prol das maledicências e viperinidades,
Vaidades, volúpias dos bens materiais,
Evangelizam forclusions e manque-d´êtres
Da sensibilidade e espiritualidade,
Refletidas atrás do espelho do não ser,
Os deuses do Olimpo re-leem a Sagrada Escritura,
Circundados de imperadores,
Mefistófeles dança forró ao som do Cântico dos Cânticos,
Executado no cavaquinho,
Projetando as sombras
Divinizando as gnoses metafísicas da vacuidade,
Os adeptos, alíbis, capachos, prosélitos
Naquela correria de discursos e mais discursos
Na Tribuna do Senado,
Do Congresso Nacional,
Da Câmara dos Vereadores,
Para emendas e cláusulas outras
Que beneficiem mais e mais a corrupção deslavada, homérica.
Pers de tragédias con-duzidas de dentro e de fora
De suas miríades de caguinchices partidárias,
Pulhices sistemáticas re-versas
Às idoneidades do caráter e personalidade,
In-versas às verdades do tempo...
@@@
VERSÍCULO III
Há-de se fugir a sete pés do paraíso celestial, é início da mesmidade, do tédio, há de se fugir a sete pés da ressurreição, do "lado direito" de Deus, é início das circunstâncias in-circunstanciais da vida que são con-ting-ências, fazer tábua rasa do amor e da compaixão não é melancolia da perspicácia, não é nostalgia da percuciência, simplesmente sibilo do inaudito. Devagar se vai corrompendo valores e virtudes... E se o longe for fora do mundo, no abismo do inferno, só lá será o início das glórias, a eternidade de chamas são suficientes para o Templo HADISÍACO, e sentindo compaixão dos desvalidos, dó de tirar-lhes o pão de cada dia não se chega nem no meio do caminho.
@@@
Paz na terra aos corruptos de bons instintos, sem alma!...
@@@
Há-de se fugir a sete pés de quem não veste a pele do lobo, pois que jamais poderá uivar livre e solto na noite do apocalipse das naúseas, nas trevas luciusíacas do sem-fim, acariciando a pele suave das glórias eternas alcançadas ;
@@@
Paz na terra aos corruptos de bons instintos, sem alma!...
@@@
Há-de se fugir a sete pés de quem será gato angorá por toda a eternidade, pois que não sentirá o prazer da vovó de Collorina em receber, re-colher e a-colher em sua choupana na nordestina caatinga, depois que o filhinho amado e querido deixou-lhe todas as suas economias suntuosas para guardar a sete chaves e levá-las para o limbo, à espera da visita calorosa de Mefistófeles;
@@@
Paz na terra aos corruptos de bons instintos, sem alma!...
@@@
Por todo o In-finito das Trevas e das Chamas, por toda a Eternidade do Vazio e do Nada, nada estará corrompendo senão a si próprio que não anseia angustiadamente o Bem e a Verdade. Estará penando no próprio Caldeirão de Chamas, e nada conseguindo realizar, só enchendo a sua Mansarda de Prosélitos e Capachos.
@@@
VERSÍCULO IV - QUÓRUM
Fesmone, praga de urubu magro não mata cavalo gordo. Se palavras realizassem alguma coisa, as da Bíblia Sagrada já teriam tornado a terra e o mundo no Edén, as dos trágicos em suas epopéias já teriam devolvido aos homens o espírito da vida e das contingências, Terra, mundo e homens seriam verbos do Eterno. O que realiza, sejam em que circunstâncias forem, são a ação e a atitude; agindo, estamos, prosélitos e eu, construindo a nossa eternidade, as nossas glórias alcançadas às custas do povicho que entrega suas vidas aos dogmas e preceitos do Bem e da Verdade, debulhando as contas do terço nos Templos e Igrejas, pedindo a Deus misericórdia e perdão pelos pecados, enquanto clérigos e pastores, confortavelmente montados em seus alazões, de cajado na mão, levam o gado e as ovelhas para o curral, deliciam-se na calada da noite sob as chamas da fogueira com delicioso churrasco de picanha, regado a champagne francesa.
@@@
Fesmone, estamos no trans-modernismo, os ideais da palavra eivada dos sonhos e esperanças da espiritualidade são do Tempo do Zagaia. Traz em si dentro a força da palavra, a força de seus desejos, para quê? Está pregando no vazio, no deserto... Você é um ilusionista. Todas estas palavras serão levadas pelo vento, nada restará delas. Você tem verdadeira urticária do paraíso celestial... O que espera com as suas palavras tão profundas, com as verdades arrancadas da alma? Levadas pelo vento, o que restará para testemunhar no Juízo Final? Quer ficar vagando no espaço por toda a eternidade? E o pior: sem quaisquer lembranças da humanidade, dos homens; se lhes perguntarem sobre você, dirão que nem sabiam que um dia tinha existido. Junte-se a mim: terá o seu lugar de honra na minha luxuosa mansarda, sentará à minha esquerda. Não lhe peço que largue os seus ideais e sonhos para trás, passando a ser corrupto. Nada disso. Use as suas palavras fortes para convencer e persuadir os homens que a única salvação das contingências no mundo, permeadas de náuseas, efêmeros, são os bons instintos, a ausência da alma, a corrupção deslavada eivada de viperinidades, maledicências, hipocrisias, falsidades, farsas, aparências.
@@@
Fesmone!... Fesmone!... Inteligente e sábio como você é, sabe que palavras de espiritualidade nada realizam, vão ficar flanando no tempo a perder de vista no universo e horizonte. É o momento de você realizar a palavra... Pense bem... O único em toda a história que conseguiu realizar a palavra. Nem a Sagrada Escritura foi capaz dessa façanha. Será por sempre laureado, glorificado... Estou lhe oferecendo a vida de todos os seus sonhos e esperanças: a Palavra que se torna Ser do Verbo. Observe os políticos em suas trajetórias, a cada dia encontram mais e mais prosélitos devido aos seus discursos lindos e divinos re-vestidos de demoníacos ideais da matéria, do conforto e bem estar, são livres, desfrutam de todas as regalias.
@@@
Pense bem, Fesmone... Re-flita e medite!!!
@riodejaneiro, 17 de fevereiro de 2020#

Comentários