#AFORISMO 538/ROSTO ETERNO DO VERSO VERBO DO SONHO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Epígrafe:


Quiçá minh´alma
Filosofe a poesia, poetize a Filosofia!(Manoel Ferreira Neto)


O sagrado tem mais poesia
Guarda nos versos dos cânticos o divino e eterno,
Nas estrofes, os cristalinos esplendores do sublime e puro.
Sendo o ser,
A essência, o poético, é o que vige, em latência, em toda poesia
E em todo dizer,
Instituindo a possibilidade de o poeta praticar o seu ato poético.
O poético é um dom enquanto o que nos
Permite habitar a poesia, da qual estamos expulsos na Trivialidade e cotidianidade da
Nossa existência, pois o mais oculto para a lida diária e a Curiosidade sempre dispersa é
A pátria, o fruto mais proibido, que só saboreamos em último Lugar.


Luz uma luz
Em forma de imagem resplandecente
Através de que con-templo
O rosto eterno do verso verbo do sonho.


O esplendor da beleza é raio criador:
Derrama a tudo a luz
Que evoca a lembrança casta
Do fundo amor do que não ama,
Não sente o lívido suspiro da felicidade,
Não intui a nitidez pura da alegria,
Não con-templa o prazer no brilhar dos olhos.
Quando houver em mim um eco de saudade,
Sussurro de sibilo melancólico,
Balbucio de nostalgias distantes,
Beijarei com sofreguidão e êxtase estes versos
Que escrevo, sentindo reavivar a chama
Do amor que lacera, palpita e soluça.


Virá um dia
De sol ardente, de chuva fina, de inverno ou primavera,
Em que mais sagrados e cristalinos esplendores
Espelhará nas nuvens as estrelas brilhantes do uni-verso.
Divagarei de desejo em desejo,
Em busca de um sonho ou verbo
Que aspire(m) o aroma da poesia,
A última harmonia que desejo
Sentir pulsar no coração,
Vivendo de luz mais viva,
De espírito mais cristalino,
De alma mas resplendente.


Minhas ilusões fizeram-me, talvez, criança.
Pretendi dormir nos braços de um querubim,
À sombra do mistério das estrelas e do infinito,
Cheio de amor, vazio de esperança.
Mas eu que posso contra a verdade da vida?


Minh´alma adivinha a origem de meu ser,
A raiz de minhas venturas e dores,
Eidos de meus sofrimentos e devaneios,
Esperanças de felicidade e alegria,
Quero cantar os versos dos cânticos,
Melodia, ritmo criados por mim,
Re-velando o desejo do sublime que em mim habita.
Quero sentir os êxtases do belo divino
Perpassarem-me o corpo,
Perpassarem-me a medula
Com calafrios e sentimentos/sensações
De cócegas;
Quero amar e viver
Os sagrados e cristalinos esplendores
De colher a flor pura
Na solitária fonte do horizonte,
Na ilusão de que deliro
De vida e juventude.


Quando voarem as esperanças
De amor profundo, na existência calma,
Por que verto tantas lágrimas e prantos,
Como um bando de andorinhas
No céu aberto de nuvens brancas e azuis,
Só me restarem pálidas lembranças,
Do que fui, do que sonhei, do que desejei
Encherei os horizontes de minha primavera
Com letras e palavras
De sagrados e cristalinos esplendores,
Abençoarei minhas desventuras
E completarei minha tristeza.
A minha alma não é pura,
Como era pura na tenr-idade da infância,
Quando o verbo não era “ser”,
Era “brincar” à luz do sentir e sonhar a vida.
Eu sei, se sofro agora por sabê-lo não sei,
Finjo saber para sentir, represento saber para escrever;
Tive choradas agonias,
Lacrimosas angústias,
Lacrimejantes tristezas,
De que conservo algum nó górdio inaudito.


Ora, tenho o verbo-sonho
Que se projeta no tempo
Re-vela-se imagem-verbo
Da Vida e do Ser,
Ora, tenho o desejo-esperança
Que se lança nos horizontes
Re-vela-se esperança-amor
Do Absoluto e do Eterno
Ora tenho a amante-felicidade
Que mergulha nos desejos de êxtase e volúpia,
Cheia de sol dourado, cheia de estrelas cintilantes,
Re-vela-se felicidade-encontro
Do Prazer e da Alegria.


Não sei
- quem sabe por sagrados e cristalinos esplendores –
Que fogo interno me impele
À conquista da luz, do amor, do gozo.
Não sei de que movimento
Audaz de um desusado êxtase minha alma se enche.
Quiçá minh´alma
Filosofe a poesia, poetize a Filosofia!


(**RIO DE JANEIRO**, 16 DE JANEIRO DE 2018)


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