#AFORISMO 559/FASCINANTE TRANSMIGRAÇÃO POEMATIZA COM PERCUCIÊNCIA SALVOCONDUTO DA LIBERTAÇÃO# - GRAÇA FONTIS: TÍTULO E PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Entre as montanhas
Grito silencioso,
silêncio de ideais,
silêncio de liberdades,
silêncio de justiça,
silêncio de solidariedade
silêncio de filosofias do Ser e Nada,
silêncios de pensamentos do Vento e Verbo,
silêncios de idéias de sentimentos e emoções


MINAS GERAIS


No interior das Minas,
Um pássaro em cada peito,
cânticos de amor, amizade na lira eterna
da história feita orgulho,
do tempo tecido de vaidade,
da cultura composta de esperanças
Suplicando espaço nos horizontes naturais do eterno...


MINAS GERAIS


De Minas, só mesmo o nome
Inscrito, re-escrito em negras pedras de sonhos
Sonhar absurdo perdido cristais e diamantes
Ah! Minas, elucubrada nas janelas
De casarotes, casinhas, casas simples e humildes,
Conjecturada nos portais
Dos casarões antigos, tradicionais, decadentes,
Sublimada em fonte de águas cristalinas, chafarizes.
Minas tem cheiro de outrora, de tempos primevos, de ontem
Perenizam de minas só as ilusões,
Perduram de minas só as carícias, ternuras, carinhos, toques
De grossas mãos escolhendo, selecionando pedras:
Melancólicos sorrisos de barrocos crepúsculos,
Galos, sinos entre-laçados no ar.


Minas é Clássica
Minas é Barroca
Minas é Neoclássica
Minas é Romântica
Minas é Realista
Minas é Simbólica
Minas é Expressionista
Minas é Impressionista
Seria que Minas seja Moderna?


MINAS GERAIS


Ah! Minas metamorfoseada,
Alvorecer perdido nas serras planificadas,
Entardecer escondido nas montanhas niveladas,
Memórias desenhadas em nuvens, céu de branco e azul,
Madrugadas esculturadas nos pretéritos do silêncio, solidão,
Escritas nas linhas longevas das revoltas, rebeldias
Re-flexos... A-flexos...


Minas! Alma enterrada em chamas de ideais e sonhos
Espírito soterrado em fogueira,
Digerido em cada fogão de lenha,
Liderado nos vestígios dos domus de igrejas,
Liberado nos resíduos das chamínés.
Minas, essa busca eterna, essa procura imortal,
Esta terra perdida em montes inexpressíveis, indizíveis.
Onde o homem trilha suas estradas empoeiradas,
Caminha e logo sente profundo, nos interstícios da alma
Que Minas sonhos minam Gerais
De Amor,
De Solidariedade
De Fraternidade
De Compaixão
De Luta e Desejo
Do eterno
Da eternidade
Da etern-itude
Do imortal
Da imortalidade
Do Belo, da Esperança, da Fé,
Da Beleza, do Sonho,


do VERBO SER...


Retorno-me. Tiro um pacotinho de fumo, abro-o, desfio o fumo com os dedos, enrolo a palha outra vez, e acendo com a chama do cinzeiro, mas o vento que entra apaga-a. Tento novamente, fazendo uma concha com a mão esquerda, virando-me de costas para a janela. Acendo. Entre os deuses antigos e os novos, há esta ou aquela rivalidade, há tal e qual pretensão, que os primeiros acentuam e caracterizam mais, revelando mais conhecimento, mais sabedoria, mais inteligência. A cultura é que não os faz suportáveis entre si, e todos acabam na doce e comum confissão de qualidades dos mestres do Olimpo. Ao cabo de alguns séculos e milênios, também os novos ocuparam suas devidas cátedras. Ou em fiança aos dons e talentos, ou endosso de letras, certo é que observo e contemplo às escondidas, para não vexar a ninguém. Circulo os olhos pelos novos, para mostrar a intimidade da esperança deposito nas águas banhando a areia da praia.


No silêncio das águas cristalinas,
Seguindo as sendas silvestres,
Na solidão dos caminhos do campo,
Trilhando de utopias a finitude da vida,
Palmilhando de devaneios a efemeridade do tempo,
Sarapalhando com a bengala do silêncio, muleta da solidão,
As intempéries furtivas do nonsense e sabedoria,
Sinto a profundeza com que em meu ser
A idéia da irremediável permanência
Da esperança aproxima a imagem do destino
Ao sonho do espírito do verbo e sublime,
Da fé comunga a perspectiva da sina e saga
Às utopias da alma e das conjugações do “Ser”
Absoluto e eterno.


Oh, Minas Gerais,
Eis-me aqui, Rio de Janeiro,
Versificando para você a quietude da alma,
Quando con-templa o in-finito...
Quando contempla as ondas do mar
Em direção à praia...
Versejando para você "... devagar é que se chega lá.",
Quando a eternidade é apenas um deleite no tempo.


A voz sufocada dos momentos de solidão,
Dos instantes desérticos da desolação,
Dos átimos de segundos oblíquos de abandono,
Como uma dor que me ameaçasse o coração,
É a imagem re-fletida na camada mais profunda
Dos caminhos misteriosos da palavra que a-nuncia
As sendas silvestres às margens de águas cristalinas,
As águas cristalinas passando livres à imagem
Das veredas campesinas
Mineirices de outrora: esvaeceram-se, re-nasceram-se outras
A voz despojada, altissonante, límpida e nítida
Carioquices de hoje.


Mergulho em todas as palavras, penetro-lhes os
Sentidos, ininteligíveis ou inconcebíveis,
Lívidos ou transparentes,
Inter-dito, dito, aquém-dito, além-dito
Vivo sentimentos outros, vivencio desejos outros,
Sinto querências outras dentro de única esperança
- Viver vida diferente -,
Ser diferente à luz de águas cristalinas
- meu olhar re-{s}-surge como um
Raio vindo misteriosamente do sub-terrâneo do espírito
Trans-forma perfeição
Em pétalas de versos,
Torna prosa a pureza da rosa,
O amor da companheira de alcova e estradas,
E torna égloga o cáctus da ausência ética,
Por gentileza, doe uma caixinha de fósforo
A um carioca num barzinho,
Nessa caixa de fósforo, um samba nascerá.


Oh, Minas Gerais,
Eis-me aqui, Rio de Janeiro,
Versificando para você a quietude da alma,
Quando con-templa o in-finito...
Quando contempla as ondas do mar
Em direção à praia...
Versejando para você "... devagar é que se chega lá.",
Quando a eternidade é apenas um deleite no tempo.


No limiar do agora
Que se tem perdido para sempre,
Que se perdeu no sempre do limiar
Que no sempre perdeu o limiar,
No "se" perder o limiar no sempre
Entre os liames do nada e do ser,
Levado pelo mais brando vento,
Pelo mais inaudível sibilo entre serras,
Respiro uma vida profunda,
Suspiro esperanças e fé íntimos,
Re-velo sentimentos delicados,
Exprimo emoções di-versas, in-versas e re-versas,
Por vezes avessas às manifestações do verbo,
Por vezes versáteis às prescrições da regência
Modelo-me com a facilidade de uma máscara de cera:
Tudo o que corresponde a signo interior, alegria ou tristeza,
Cólera,
Ou esse poderoso hausto de vida que parece,
Às vezes,
Inflamar-me a alma sensível
Como chama de puro entusiasmo,
Inocente êxtase,
Ingênuo prazer.


O segredo da fascinação, do amor pelas águas cristalinas,
Essa presença que vaga, que anda por entre o verbo e a carne,
Cuja aparência é a passagem das sendas silvestres
À cristalidade do ser e do sangue que percorre as veias
E que cintila ao mesmo tempo,
É a travessa das veredas sertanejas à luminosidade do existir e do ímpeto que percorre as utopias, e que alumiam o inolvidável da alma.


(**RIO DE JANEIRO**, 29 DE JANEIRO DE 2017)


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