#AFORISMO 550/PASSADIÇO DE VENTOSIDADE DE NASCENTES# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Gretas do nada que não sei dizer, então eu ouço, ouço tudo o que desejo e o que não desejo, embora não entenda com clareza, as palavras leve pousam no silêncio, exegese da solidão que só no passado é inexplicável, regência verbal do ontem onde o mundo existe, regência nominal do agora que é a hora da morte, metafísica do abismar-me na canção que pastoreia as in-finitas nuvens do presente, na balada que nas asas do vento ritma o orvalho pretérito de madrugadas e a garoa futural de auroras, a eternidade é um porta-estandarte erguido ao céu aberto, luzes refletindo o grito, procriando raios astrais, as borboletas pousam no meu joelho, pernas cruzadas, a vida tem outras portas, in-finitas portas, e por que não sei dizer o eco à soleira da varanda embrulha-me a voz?, o que me importa, então, é que o tempo é o meu dis-farse, a perfeição não tem história, quero o verso da poeira nos móveis da sala, ele não consentiu, os seus enredos são leves como a brisa do amanhecer invernal.


Verdade inconsciente do verbo de tecer sendas
Ek-sistenciais,
Vento metafísico procriando regências de orvalhos
Con-tingenciais,
Solidão ausente que os dias encandeiam,
Cor-agem para ter consciência
Do catavento girando sem limites,
Segurando agosto das emoções do ar.


Frestas à vista para a sinuosidade dos horizontes que mostram imagens dispersas nos interstícios das perspectivas, no íntimo dos acordes angulares, no âmago das visões, pontos de vistas – "o melhor perfume está nos menores frascos" -, quiçá a-nunciando a verdade in-consciente do verbo de tecer sendas ek-sistenciais, veredas con-tingenciais, em direção à vida do eterno des-figurado de dogmas, des-entrelaçado do absoluto Hades - que fim levaram todas as coisas? -, des-membrado da verdade dúbia, ambígua, se a liga me ligasse, eu também ligaria a liga, mas, como a liga não me liga, também não ligo a liga. Quiçá revelando a in-consciência estética do sublime de compor o indicativo presente do que a a-mortalidade de princípios e raízes, de sêmens e mitos, por vezes havendo sementes e húmus, do vazio em plena náusea do nada.


O melhor perfume está
Nos menores frascos
Não me é sabido caber
As falas de minha inconsciência,
As palavras de meu íntimo,
A poesia de meu coração,
A filosofia de minh´alma
Dentro de forma fácil, melodia singela,
Ando de quatro à busca das mortes
Atraentes, feitas poentes.
Des-membrado da verdade dúbia, ambígua,
Rota alterada de princípios e raízes,
Sêmens e mitos.


Flores, folhagens mirradas, respingos de orvalho nas flores que des-abrocham, taciturnidades, pesares, saudades integrais, melancolias sarapalhadas pelos terrenos baldios da alma, não-ser. Se é que se logra credenciar os futuros se desperdiçaram no báratro do tempo, os espaços imergiram literalmente na infinidade dos transatos do não-ser, mister observar de encena no sentido do infindo as dissimulações que se desvaecem acessíveis no passadiço de ventosidades de nascentes, que eterizam susceptíveis no abismo à face das claridades do dia, experimentando nos intervalos do âmago o oco, o literal do zero!...!...!...


Se a liga me ligasse,
Em plena náusea do nada,
Eu também ligaria a liga,
Quiçá re-velando a inconsciência
Estética do sublime de compor
O indicativo presente,
Pássaro formoso de cauda aberta em leque,
Mas, como a liga não me liga,
Báratro do tempo, muita história
Tenho para contar no escuro da noite,
No abismo à face das claridades do dia,
Também não ligo a liga.
Tudo é mistério... A dor do mal assombrado...


Frinchas à luz dos linces dos olhos con-templando as linhas cambaias do universo que desenham in-terditas palavras metrificadas de in-auditos mistérios do des-nada sonet-ificando as tragicomédias do absoluto divino, sonet-izando a sátira lavada dos idílios compactos das sorrelfas subjuntivas do “era” verbo defectivo da morte pretérita do gerúndio de ser que atravessa as pontes partidas do jamais-sempre, do sempre-nunca, das arribas impretéritas da essência, dos confins partícipios dos fundamentos, metafísica do nonsense, teoria do conhecimento das partícipes nonadas do eidos-para a sepultura do além, tumba dos confins, mausoléu dos alhures, jazigo da etern-idade, cárcere eterno do mais-que-perfeito infinitivo, antropologia de lendas e rituais das florestas onde se abrigam os mistérios, exegese das declinações genitivas das ipseidades e facticidades da con-tingência dos encontros e des-encontros, alfim o sem-ocaso à re-velia do crepúsculo e entardecer da in-olvidável sombra pálida do não-ser de estrofes des-providas de sensibilidade e provérbio do espírito, de rimas e métricas destituídas de razão e anedota da alma.


Sem-ocaso
De sensibilidade e provérbio do espírito,
Lendas e rituais do bosque,
Incomoda-me o sonho de ser real,
Ouço uma voz sussurrar o susto
De minha alma sem motivos, razões,
A verdade de sombras pálidas do não-ser
De estrofes sem destino, sem história,
Sem solidões,
O vento é o aprendiz das horas leves, lentas,
Sátira lavada dos idílios compactos...


A árvore do ser, por inter-médio das dialécticas das nonadas em direção às pontes partidas carnavalizam os abismos de ventos, ventos do redemoinho, ares do catavento, atrás das montanhas que não visualizam o além da inconsciência da travessia das con-tingências de lágrimas, enclausuradas aos limites, obstáculos, impossibilidades do ser-para a vida... vida é sentir não a sua profundidade, despertar e espíritos para a realização do sublime amor ao eidos da espiritualidade, ser vida é templorar no tabernáculo do ser o buraquinho da sensibilidade e espiritualidade.


Árvore do ser
Só no meu peito as folhas sopram o vento
E os versos são a certeza
De que o invisível se fez do inconcebível
São certos
Graça do espírito que a luz sarapalhou pelo universo,
Versos eu componho iguais à fonte escassa do deserto,
Retorno à origem das coisas, do mundo, da terra
Ventosidade de nascentes...
Estrofes do sol que vestem o dia,
O rio de poeiras,
O homem de preguiça
Seca os sonhos, o corpo,
A sede na indolência, na insolência.


Grimpas à sombra de vernáculos da palavra, linguistificando os ditos da imperfeição, inter-ditos da perfeição, a fala do des-presente dos ideais e utopias, o diá-logo do des-pretérito das idéias, escarafunchando as poeiras do nada, pós da inutilidade, cobrindo os vazios do sem-nonada, “porfim” do inconcebível da in-leveza do insustentável ser, ser de abas largas que diminuem ao longo das vivências e experiências, no per-curso da morte para a vida, não a morte luz da vida-para a perpetuidade, perenidade, não a escuridão da morte-para o aquém do gênesis.


(**RIO DE JANEIRO**, 21 DE JANEIRO DE 2018)


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