#AFORISMO 567/QUE SEJA ASSIM! LIVRE PENSADOR EXTRAI DO RECÔNDITO MEMORIAL EM SUA EXCEPCIONALIDADE O REGENCIAMENTO DA PERFEIÇÃO LINGUÍSTICA** - GRAÇA FONTIS: TÍTULO/PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Epígrafe:


Às "Palavras" o eidos, a espiritualidade de meu sensível agradecimento por tantos frutos produzidos e saboreados. Abri-as, vi com transparência os caminhos, o outro lado do mundo e da existência, deslumbrei-me, sigo-as.


A palavra produz frutos,
Frutos que, saboreados, produzem
Outras realidades, novas querências,
Novas forças para seguir a longa via...
Zens para aliciarem ainda mais desejos e utopias
Fro zens para acariciarem, seduzirem ainda mais
As utopias do sublime
Caminhada no tapete verde do tempo
Rumo à vida/viver.


Imagens de luz quebrada
Performam diante de meus olhos
Furtiva dança de gestos épicos,
Disperso baile de atitudes epopéicas,
Chamando-me ao uni-verso
De sentimentos e emoções,
Ao além das inspirações e criatividades
Das verdades do verbo de entrega
Do ad-vir do con-tingente absoluto
Silêncio!


Vou singrar teu sono feito veleiro louco e ancorar de repente no teu ventre virgem e livre; o mar lúcido de teu olhar, pouco a pouco, amainará o peixe de minha vertigem, os golfinhos dos meus oásis. Desejo arar tuas vigílias com palavras claras, com versos transparentes e ser, subitamente, fruto no teu chão, searas e prazeres que me eram raros, por tua causa hão de brotar nessa ODISSÉIA DA EXPIAÇÃO, que componho e musicalizo à mercê da criatividade e esperanças as mais diáfanas e também as mais obscuras, sob os raios numinosos das utopias estéticas e éticas da verdade e dos verbos que a transformam em bem e amor, espírito e con-templação do além das idéias, desejos, vontades, razão.


Das liberdades a realidade nua, crua
o real virgem, desnudo de visões,
Atitude de honra, dignidade,
Re-fazendo a alma, espírito
Na doação concreta à vida
Como é no quotidiano das buscas, desejos,
Do ser a estética das esperanças,
A ética da fé nas imanências das situações
A consciência-estética-ética.
Da efemeridade de valores, virtudes
O sempre con-templando
O vir-a-ser da vida,
Sem ilusões,
Sem quimeras,
Sem fantasias
Sem sorrelfas
Levou-as o vento de leste
Para os confins do abismo,
Trouxe-as a neve de sul
Para o inter-dito da caverna.
Carregou-as as chuvas de norte
Para o in-audito do abismo
À soleira do bosque de inter-dita
Natureza do Perfeito.


Isto não é nenhuma nostalgia, melancolia. Trago certo alvoroço nos instintos frios, como de uma alma que anuncia uma felicidade nova ou inesperada. Bem, aí é que está a questão. Enquanto que falando da nostalgia, melancolia, de um dia de chuva, pensando que a verdade pode ser, às vezes, inverossímil, é uma felicidade, quem teria algo a a-presentar como sendo um contra-senso tais palavras, tais pensamentos, ninguém, creio eu, mas esta felicidade é já velha, tantas primaveras e tantos outonos. Torna-se mais fácil pensar nesta melancolia, nesta nostalgia, contudo o que é difícil mesmo é não reconhecer esta nova felicidade, a felicidade de não ser melancolia, nostalgia... não digo o que mais me vem à mente para não me arriscar a um exagero, sem qualquer necessidade, o que, aliás, iria comprometer sobremodo o que estou querendo e desejando sentir neste dia de chuva, um sábado, antes do almoço...


Mesmo o fulgor do que acontece no tempo e salta para além dele, uma música de outrora, mistério das coisas simples, vêm ter comigo e é na dimensão última de mim que tudo se revela e tem razão. No contato comigo, na convivência com a raiz íntima de mim é que a beleza são o indizível e o insondável, é que a esperança são o ininteligível e o incompreensível, é que a fé se pro-jeta para o que há de ser, há de vir, é o amor, advindo dos interstícios da alma, que manifesta a sublim-itude. Assim a eternidade dessa manhã em que escrevo, o silêncio de estalactites da cúpula do céu, é na rarefação de mim que se abre e entende.


Indizível e insondável!...
Na dimensão de mim
A raiz íntima do in-inteligível e in-incompreensível,
No mistério das coisas simples
O silêncio de estalactites da cúpula do céu,
Na rarefação de mim
O tempo salta para além


Ao redor do uni-verso
Per-formando o re-nascimento
Do ser-outro-de mim no inter-dito
Da memória re-fletida no pretérito espelho
Das outroras nostalgias e melancolias,
Ludico o amor sensualizado de verdade,
Sinceridade ao prazer da eternidade.
Sem tempo de por-vires
Atuando e re-presentando o nascimento
Do outro-de-mim-ser
Lembranças, re-cordações fletidas na
Mais-que-perfeita perspectiva imagística
Do "Ser-Nada",
Pret-érito perfeito da linguística
Do "Eterno-Nonada-do-Espírito"
Tecendo com as contas do terço sem religiões,
Crocheteando com as linhas de lã
A nonada-travessia de horizontes da plen-itude.


(**RIO DE JANEIRO**, 31 DE JANEIRO DE 2018)


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