MARIA ISABEL CUNHA POETISA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 565 /**LUA NOVA DO ETERNO**/


Divinal poema, onde o eu lírico fala do Amor Universal, do Amor por outros seres, o Amor que irmana povos, o Amor que compõe a essência da vida, o amor total, desprovido de egoísmo, o amor melodia, ritmo, sonho, felicidade e paz. Magistral poema. A ilustração psicodélica com diversas nuances de luz e cores a rematarem o poema em conjugação plena. Parabéns aos dois autores e artistas: Manoel Ferreira Neto e Graça Fontis.

Maria Isabel Cunha

#AFORISMO 565/LUA NOVA DO ETERNO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO

Nos seios nus,
o fogo concentra a essência,
a chama queima o pavio da vela,
derrete-lhe a cera,
des-concentra o verbo do espírito,
transformando a luz em cristal de águas –
amor não são palavras,
amor não são gestos ou atitudes,
amor não são flores de ébano,
amor não são orquídeas do paraíso,
amor é melodia (não há música como dizer:
(“Desejo a sua paz e alegria”),
na voz clara,
nas palavras ardentes e sublimes,
extensa como o uni-verso de múltiplos infinitos,
amor é ritmo (não há lírica como recitar:
("Sonho a sua felicidade e paz"),
nas linhas cintilantes e divinas,
nas entre-linhas fosforesc-{"entes"},
comungadas de esperanças, sonhos e fé.

Em longo mergulhar,
descem os tesouros do oceano,
sobem os diamantes do rio de águas brancas,
que às margens do Cocito
suspende o sol nascente,
descende as estrelas cadentes,
Derramando a consciência,
sente o verbo de toda a humanidade,
a carne de todos os homens,
surge dos séculos a
                                  Águia Altiva dos Andes,
voa dos milênios o
                                  Rouxinol dos Campos Elíseos,
a Coruja das Décadas
                                  vela a noite dos boêmios
                                  da sabedoria e do conhecimento.


A Natureza fala pelas vozes,
ergue a montanha da glória,
levanta a serra do júbilo,
suspende do orgulho dos picos da vaidades
a Verdade da etern-idade e da etern-itude,
o Sublime da egrégia divin-itude e da divin-idade,
o Êxtase da idônea absolut-idade e da absolut-itude,
o Clímax da essência dos verbos
na carne das efemer-itudes.


Que saudades tenho eu da mesma
fronte em busca do poente,
do mesmo riso atirado na luz de orquestra e flores,
dos mesmos olhos estendidos ao longínquo horizonte
dos sonhos perfeitos da paz, solidariedade, compaixão,
dos mesmos ideais de liberdade projetados
Nas asas da Águia dos uni-versos abertos à luz
das águas à procura das fontes paradisíacas da estesia!...

Que saudades tenho eu do antiqüíssimo fora de mim,
do turbilhão lento de velhas canções
na imaginação sobre os olhos da vida regrada,
que melancolias e nostalgias sinto eu
do moderníssimo dentro de mim,
do classicismo à margem de mim,
do modernismo às minhas costas,
acompanhados de linhas que traçam,
tecidos de inter-ditos que compõem
a essência da Vida revelada com Amor,
o espírito do Ser a-nunciado de Verdade,
um amor total destituído de todo egoísmo,
solipsismo,
particularismo, sentimentalismo –
é este amor absoluto de um ninguém
por outros seres,
onde reside o poder da inspiração,
intuição e percepção,
da criatividade eivada de dons e talentos,
mergulhando na mais
Antiga Tradição,
que desejo, con-templando
a Lua Nova do Eterno.

(**RIO DE JANEIRO**, 31 DE JANEIRO DE 2018)


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