Sonia Gonçalves SONIA SON DOS POEM GONÇALVES ESCRITORA, POETISA COMENTA O TEXTO /**O QUE HÁ-DE SER**/


Absolutamente deslumbrante! Atual e compatível com o momento que passamos e com os pensamentos pelos quais vadiamos em busca da cura para a humanidade atônita e catatônica, somente os devaneios do poeta nos dá esse parâmetro, essa fronteira que nós mesmos construímos para nossa felicidade, porque na verdade todos se perdem em tantas coisas que não têm prioridades, se esquecem de que somos todos efêmeros e o que conta é ser Feliz nesse mundo maluco... a ganância e a incompetência muito bem delineadas ao seu ponto de vista tão correto e pragmático Manu. Amei seu texto lindo e contundente. Bjos.



Soninha Son (Sonia Gonçalves)



O QUE HÁ-DE SER?



Baldios terrenos de vazios sítios
Onde o nada habita solene e imperioso
Onde a náusea sobrevive de perscrutar o inaudito do não-ser
Perspectivas de imagens defectivando regências verbais
Do solipsismo des-ovado de id-ent-idade
Ângulos de paisagens re-flectindo cacófatos de ipseidades
Idades ipsis de pretéritos litteris e subjuntivos ensombrecendo
Ensimesmando utopias da continuidade do tempo,
Tragédia metalinguística da terra des-prometida
De res-plendor e maravilhas,
De esplendor e belezas,
Sina da metafísica do mundo entipigaitado de infortúnios,
Saga semântica de sofrimentos e dores das dúvidas
Cogito ergo non sum...



Dispersão significante des-provida de re-presentações
O nada, em seu instante-limite de solidão e silêncio,
O que há-de ser?
O nada há-de ser o que justifica e explica
O vento re-colher e a-colher a bastardia
Das circunstâncias e situações da ec-sistência
Plena de á-gonias e desesperos, considerações intempestivas,
Dos medos e tremores de questionar a liberdade,
Tremor e Tremor,
Tremor de Terra,
Das in-segurança e des-amparos da vida e morte
Sem horizontes, sem universos, perdido no verão
Sem pensamentos, sem idéias,
Andando à revelia nas noctívavas inspirações e intuições,
Por mais paradoxais e contro-versas sejam,
Do silêncio que a-nuncia ser a luz que alumia, numina
Os entes que nascem sem razão, prolongam-se por fraqueza,
Morrem por encontro imprevisto
Com a morte na alma, os dados estão jogados,
As cartas sarapalhadas no solo íngreme, rachado de raios de sol,
Portas de casebres semi-abertas
Janelas de mansardas trancafiadas a sete chaves
Vapt-vupt!
Trans-cend-ência,
Além,
Sobrevoar picos, colinas, serras
As ondas de luz banham o frontispício do abismo,
Os sons de in-auditos confins algazarram os limites do infinito.



O que há-de ser?
Ser de tempos preterizados de falsas esperanças?
Ser de tempos subjetivados de obtusos sonhos do eterno?
Ser de tempos participiados de mauvaise-fois do ec-sistir?
Quiça nada há-de ser, plenamente bastardo da verdade
Em absoluto proscrito do bem e do mal
A corrupção alimenta as in-competências e impotências da ganância
Os corruptos empaturram-se das vacuidades da sede
De celebridade, vomitam as in-congruências do nonsense
Despautério.
Vis-à-vis.
Vice-versa.
Vai-e-vem.
Andando no mundo, trilhando as estradas
Nada de mim.
Vazio de "eu", de quem sou, represento?
Coruja sem canto diante do céu sem estrelas, lua.



O que há-de ser?
Domingo - prato com resto de comida.
Doido, esquizofrênico, esquizóide, neurastênico, neurótico,
Varrido, psicótico
A comunicação com as coisas é impossível
Poque não tem subjetividade,
A comunicação com as pessoas é impossível
Porque tem subjetividade
Falando sozinho
Con-versando com os botões.



Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 29 de novembro de 2016)


Comentários