**CASOS CANTADOS AO ACASO** - Título: Graça Fontis/Poema: Manoel Ferreira Neto


Dialéticas
Que iluminam o ocaso de crepúsculo
Do pampa onde ovelhas de velos acinzentados
Pastam livres e soltas
Enquanto o pastor toca a sua gaita,
Cajado na grama viçosa e verdejante,
Sentado à beira da lagoa
Perscrutando o horizonte além da montanha,
No peito,
Re-cordações, memórias, lembranças,
Sentimentos, emoções, sensações,
Sublime o panorama
Eternas as esperanças, efêmeros os êxtases.



Dialéticas
Que inspiram as utopias da beleza do belo,
Da proscrição que concebe dogmas e preceitos
Da verdade a perpassar o tempo,
Que criam as estesias da alegria
Ocasionada pelo cântico de louvor ao In-finito
Povoado de paisagens impressionistas e futuristas
Esplendida a fonte de onde jorram águas
Que percorrerão as sinuosidades da terra
Calientes as chamas da lareira
Concebidas pelas achas da oliveira
Que sombreava a soleira da choupana.



Dialéticas
Que per-fazem o uni-verso
Habitado de estrelas a cintilarem o brilho
Que clareia as veredas e sendas da floresta,
Que alumia os terrenos baldios das ruas,
Os becos sem saída,
Que são notas musicais na viola do boêmio
De capa azul, chapéu preto de feltro puro
Sentado no banco de mármore cinza
Da praça pública Brás Cubas
Póstumos os sonhos que abraçam o silêncio
Etéreas as fantasias da solidão
Que inscrevem no tempo os versos poéticos da verdade.



Dialéticas
Que acalentam os devaneios do absoluto,
Que afagam os idílios do pleno,
Na madrugada silenciosa
Sob as gotículas de orvalho que caem solenes
Regando os brotos de flores que desabrocharão
No limiar do alvorecer,
Exalando perfume suave
O beija-flor bebendo-lhes o néctar
Vazio que re-colhe e a-colhe o múltiplo
Nada que alimenta a liberdade de criar o In-fin-itivo.


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