**FAC-SÍMILE DE VERNÁCULOS DO VENTO** - Manoel Ferreira


Gôndolas góticas des-abrochando
- "Picture yourself in boat on the river/
With tangerine trees and marmalade sky" -
Nas ondas marítimas, nas brumas que en-simesmam o longínquo,
A distância, nada de espectros do in-fin-itivo jogo
Das intenções e prazeres in-finitos, a intuição e percepção
Con-jugadas às esperanças, instante-limite de sentir
Na evasão de sentires,
O que se é a-nunciado de luzes que ornamentem
As utopias do pleno às eros-versas e in-versas de caligrafia
Poetizando com floreios da forma as inspirações iluminem
De fantasias da visão do "jingle-jangle" dentro
Da subjetividade, dentro de outras subjetividades
Que são as castanheiras das ilusões, oliveiras das verdades,
Castanheiras de horizontes,
Sin-cronias, sin-tonias
Da busca e cor-res-pon-dências do sentimento
Que flora nas florações de ad-versos so-netos e anti-poesia
A seduzirem ludicamente os inter-ditos e inters-tícios
Do vazio que são símbolos góticos, são erudições significantes do belo à soleira da beleza, contro-vérsia das á-gonias e pândoras
Da sin-estesia de ad-juntos ad-nominais e regências verbais vernacularizando os silêncios e solidões, verbalizando as sinuosidades das características da alma às bordas e frontispícios da produção e com-posição de sendas e veredas que, quiçá, id-ent-ificam o espírito da vida.
Góticas ampulhetas de plen-itudes olvidadas e in-auditas do etéreo que eiva o eterno de meiguices insolentes de póstumas eríasis da verdade, o além beberica no cálice das exegeses o sentido de que
ec-sistir é sempre a dialética no baldio terreno vazio de nadas, ipseidades, facticidades...
Conheço a voluptuosidade do vôo e do pairar da águia nesse lugar nenhum, macio e claro, para onde a alegria me arremessa antes de conhecer o êxtase e o logro do êxtase. Para mim, o ser humano é uma criação indescritível, tal como uma idéia incompreensível, um pensamento ininteligível. No ser humano tudo existe, do mais alto ao mais baixo, do mais sensível ao absolutamente insensível, precisamente como na vida. E, seguindo esta idéia que elaboro e crio, dando-lhe vida, o ser humano é a imagem de Deus e em Deus tudo existe, tudo, como se fossem forças enormes.
Confesso saber que esses desejos são tolos. Relato, embora num espaço muito pequeno, devido às circunstâncias, as lutas que travo com todos os desejos, a vontade de um ínfimo minuto de daqui a pouco. Nada omito, nada minto. Sinto-me capaz de dizer tudo, inclusive as dores mais profundas, aquelas que as palavras não alcançam, mas que existem, e são a chama ardente de um sonho mais atirado.
Sinto-me muito mais forte e mais independente. Poderia realmente ser útil a quem está em dificuldades. Será mesmo que estou convencido de que tenho uma missão que não inclui nem a dissimulação nem as hipocrisias; é algo que transcende a condição humana; se não acredito nisto, poder transcender a condição humana, superando estas coisas tão cretinas e idiotas, como vou poder continuar vivendo? Tudo é insípido, inóspito sem um sonho maior que tenha por objetivo encontrar além dos limites a felicidade.



Amor com amor
Luar de prata
Noite de música de raízes
Dor do sofredor,
Sofrências do sonhador...



Enlaces... de abraços
Laços... de paixão, êxtase, volúpia
Corrente... de carícias, beijos
Torrente... de sensações, emoções,
Somente solidão,
Somente silêncio.



Sublim-itude de alegrias
Linces do olhar con-templam
O além das águas
Navegando mares no absoluto
Das sínteses eidéticas do Ser-Vida.



FAC-SÍMILE DE VERNÁCULOS DO VENTO...



Versos de palavras
Vociferando clímaces da carne
Voli-sussurrando ósseas volúpias
De etéreos desejos do corpo
Voli-cochichando estéticas nonadas
Do instintivo primevo
Voli-murmurando libidos éticos do amor



O sentimento de solidão e silêncio trarei sempre em mim consciente de que devo lhes con-templar, desejar outras consumações no crepúsculo de todos os tempos. Paixão pura, coisa similar e verdadeira, música cor-ajosa e con-soladora. Torno-me demasiadamente etéreo para este tempo outro.
Tomo tudo isso sobre a minha alma, o passado mais antigo, o presente mais recente, as perdas, as esperanças reunir, alfim tudo isso em n´únic´alma, eis o que deveria produzir uma felicidade tal como o homem nunca conheceu, a felicidade de um deus cheio de forças e de amor, cheio de lágrimas e cheio de risos, uma felicidade que, similar ao sol no final da tarde, toma, sem cessar, esse sentimento divino.



Herdeiro da nobreza
Nobreza da totalidade de espírito passado,
Perco o remo de outro
Conheço o sentimento inesgotável do Verbo de Ser,
Ser da Alma - Perspectivas, Imagens
Sou Verbo de Mim,
Sou Gratidão de Outro,
Sou murmúrio, clamores do dia
Saber o que sinto!
Saber quem sou



Posso acrescentar que a língua não é a única de servir de nonadas para o "sim" da vida, existem o toque, o gesto.



Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 27 de novembro de 2016)


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