POETIZA E ESCRITORA SONIA SON DOS POEM GONÇALVES COMENTA O TEXTO /**AO RITMO SERENO DO UNI-VERSO**


Gente que coisa mais lindaaa... Parabéns por essa obra prima Manu... E parabéns a querida Graça que tanto lhe causa essa "Graça"de inspiração, uma pintura, uma loucura de tão sublime tal qual uma garça majestosa em poesia com o porte mais elegante, tanto quanto, por um instante me recriei também viajei pelo teu universo imaginário traçado com tinta e pincel pelas mãos mágica e graciosas, pela poesia inspirada, expirada no vento em prosa...Grata por essa obra de arte conjunta, escrita e matizada no dom duo da imaginação...Bjos Parabéns! Amei.



Sonia Son dos Poem Gonçalves



**AO RITMO SERENO DO UNI-VERSO**



Poetisa
Declame um poema para mim,
Com todo o seu talento, dom,
Pano de fundo: música à sua escolha,
Viajo nas suas peças de pintura,
Eivo as emoções e sentimentos da sensibilidade
Que nelas habita,
Mas, hoje, amava ouvir-lhe declamar, recitar poema
Sinto-me nostálgico, melancólico
Memórias, lembranças, re-cord-ações
Não saciam a sede de sons, palavras, imagens
Que re-flitam a poesia do silêncio,
A "graça" de sua alma con-templando as paisagens do In-finito
A "graça" de sua sensibilidade poetizando a Cáritas do Amor
A "graça" de sua espiritualidade pintando o Espírito da Vida
Tocam-me os interstícios da inspiração,
Tocam-me o âmago dos sonhos



Augúrio apaziguado,
Vagas plácidas,
Medos entupigaitados
De nuvens claras e escuras
Embatem na face das casas,
Deslizam pelos muros desenhados de lodo,
Pichados de letras mortas, palavras esquecidas,
Escorrem largamente pela terra.



O meu pensamento fosforece.
Minhas idéias reluzem-se.
Minha razão vagalumia.
Evolam-se no ar umedecido dos pingos de chuva
Que caíram por instantes,
Suspende-se o ergo non sum.



Estou nu por dentro,
Vê-se nitidamente a minha intimidade tímida,
Envergonhada,
E a inocência é aí,
Agora ainda,
Por sempre,
Na eternidade do instante,
Na efemeridade do vento,
E a ingenuidade é lá,
Por algum tempo,
Na etern-itude do momento.



A lua vai alfim aparecer.
As estrelas vão enfim brilharem.
A neblina alastra ao meu horizonte sem fim,
Aos meus uni-versos por serem,
Aos meus horizontes por virem,
Os olhos doem-me da nitidez estéril,
Do nítido nulo,
Da aparência frígida,
Da folha limpa por escrever.



Timbre de prata, flutua.
As cordas da lua tremem.
Passam a legenda e os anjos,
Passam os mitos e as fadas.
Passam os ritos e as bruxas.
Que é que isto quer dizer?
Ou nada quer dizer?
Devo estar velho,
A solidão ec-siste insuportável.
Ou quê por ela?
De repente a vida ficou muito mais extensa.
Os olhos deambulam muito longe,
A longitude da correspondência entre o horizonte e o infinito,
Entre a terra e o mundo.
Tão extensos, tão longe que tudo atrás fica lendário,
Tudo atrás é conto do vigário,
É estória da carochinha.
É nostalgia de Zagaia.
É melancolia da cidade de Braga.



Respiro devagar,
Trago a fumaça do cigarro lentamente.
Como se me balanceasse o corpo
Ao ritmo sereno do universo.
Noite ofegante, olho-a.
Pela janela,
Ao alto,
Sobre o negrume dos pinheiros, palmeiras,
Silencioso céu.
Estendo-me na rede,
Extenuado das memórias do dia,
Do cão que latia incansavelmente
Por estar preso pela corrente,
Do barulho da água
Que enchia o tanque de lavar roupas...



É no silêncio que vivo,
É no silêncio que con-templo
O mundo e a terra,
Aprenderei outra linguagem?
É na solidão que prolongo os dias,
Que arrasto os ponteiros do relógio,
aprenderei outro estilo?



Não há palavras ainda para inventar o mundo novo.
Não há sentidos ainda para revelar
O outro dos sonhos,
Utopias,
Dos verbos que hão-de ser.
Estou só, horrivelmente povoado de mim.
Valeu a pena viver?
Valeu a pena trilhar as estradas de poeira?
Valeu a pena passear pelas manhãs,
Con-templando
As folhas verdes umedecidas do orvalho da noite?
Matei a curiosidade,
Vim ver como isto era,
Valeu a pena.



É preciso que tudo des-apareça
Para que tudo possa re-construir-se
- re-construir-se através de um "deus único",
um "deus final".
Não sei ainda a linguagem do mundo
Que terei de re-inventar,
O estilo da ec-sistência
Que terei de re-criar,
A forma da imanência que terei de re-fazer.



Manoel Ferreira Neto
(*RIO DE JANEIRO*, 17 de novembro de 2016)


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