**SILVESTRES SENDEIROS DO ABSOLUTO** - Manoel Ferreira


Numa musicalidade de versos e palavras, assistir às chamas do fogo, incidindo sobre o espírito, que me habitam os sentimentos, extasiam as idéias da plen-itude e sublim-idade? Num ritmo de esperanças e estesias da vontade do belo, resplandecendo nos horizontes do verbo da alma, que me perpassam os recônditos da vida, plen-ificamos ideais do amor?
Como agradecer à luz que deixa os raios para iluminar o que se encontra nas sombras ou na escuridão? Como reverenciar as chamas que deixam os raios luminosos incandescerem as utopias, darem volúpias e êxtases à a-nunciação do amor?
Como ser fiel às águas que nos saciam a sede, tranqüilizam-nos em instantes de angústia e tristeza, alegram-nos com as suas caminhadas serenas e tranqüilas rumo ao objetivo único e absoluto, encontrar o mar, perderem-se nele – quem me dera pudesse nelas caminhar, seguindo as linhas do horizonte e universo, quando na distância se encontram com as nuvens brancas e azuis do céu, reencontrarem-se no encontro dele com as transcendências transparentes de azul e branco nas bordas do infinito, verde e amarelo nas pontas do ice-berg chamado, aclamado, reverenciado, venerado como horizonte e uni-verso de outras esperanças e fé no verbo de todos os sonhos da eternidade e divinidade?
Como ser solidário com as águas e as chamas que indicam outras veredas a serem trilhadas no espaço de entre as vontades e as ilusões, fantasias e sonhos, verbos e carne?
Quem me dera fosse eu a poeira da metafísica de um poema e que os meus pés pisassem, tocassem o solo da vida!
Quem me dera fosse eu o sem-margem, o sem-pressa do rio e que con-templasse o itinerário das águas que versejam a travessia do tempo, do caminho, do espaço, do que há-de vir de veredas e sendas!
Quem me dera pudesse crer a verdade do verbo é a verdade do verso para além daqueles que o encontram no sonho que tecem de encontro e alegria!
Quem me dera pensar no que há nos confins de horizontes d´alhures e sentir na memória as estrelas não são senão estrelas, a lua não é senão a lua, a brilho, a cintilância de ambas não são senão brilho e cintilância!
Quem me dera trazer a alma vestida de palavras que trans-cendem o verbo do substantivo poema, perguntando a mim próprio, em voz lenta e serena, por que sequer atribuo eu ritmo, musicalidade, melodia aos sentidos de mim, ao que me define com uma precisão redondinha de notas!
Quem me dera ouvisse os sinos de uma capela pequenina a que fossem à missa crisântemos, samambaias e os córregos. As almas plenas da exegese do amor e da cáritas!
Quem me dera a existência verdadeiramente real do proprietário da vendinha de secos e molhados que fuma o seu paieiro, olhando macambúzio a água da chuva que corre para o bueiro da rua!
Quem me dera o destino de minhas águas escondesse o rio que corre alegre e saltitante como quem se cansa de estar triste!
Quem me dera!... Quem me dera!...
Extasio-me, con-templando as linhas do horizonte e uni-verso, vislumbrando as águas, chamas que a-nunciam veredas a serem trilhadas, esperanças e fé no verbo de todos os sonhos, desejo de serem a verdade dos caminhos por entre sendas e sentimentos do belo e do eterno.
Surpreendo-me, olhando para fora, onde águas e chamas ec-sistem plenas e absolutas; crio-as com alguns movimentos da pena, acredito na profundidade
Desse devaneio, enquanto me fazem inda mais silencioso do que sou.
Con-vexos espelhos, anexos ao imaginário de distâncias indizíveis, des-conexas imagens, con-templadas em miríades côncavas de nadas, vazios, nonadas, com-plexos sentimentos dis-persos, mergulhados em amplexos des-contínuos, Engrenagens de sofrimentos, dores, herméticas angústias e nostalgias, per-plexos olhos deambulando no in-finito, entre sinuosos espaços e ofuscantes luzes, In-vexas ilusões do perfeito dm concha mais-que-perfeita de sorrelfas, re-versas pers-pectivas des-conexas, emolduradas na aparência etérea, efêmera, fugaz, volátil, des-contínuas de superfície lisa, em cujos atrás con-vexos re-fletem s sinais que compõem os ângulos in-flexos do subterrâneo do espírito, sarjeta des-lavada da alma.
Re-vexas etern-itudes em aclives de versos di-versos, solicitam a participação re-fletida e con-templadas nas anexas distâncias do inconsciente à luz do espírito trans-parente, trans-elevado, trans-cendente, límpido, nítido, á luz e cintilância do presente-verbo-de-não-ser, subjuntivo de além-trevas, con-jugando "Silva", em temas e temáticas de silvestres sendeiros do absoluto.



Manoel Ferreira Neto.
(30 de janeiro de 2016)


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