*CAMINHOS DA ETERN-IDADE* - Manoel Ferreira


Sou de aqui. Boêmio de ideais da verdade e do ser, boêmio de esperanças do absoluto e sublime, e não-ser...
Bendita primavera, cerne da ec-sistência, inebriante perfume de flores ao qual não há recusa. êxtase, volúpias curtidas por antiga essência.
Nem mesmo a Babel dos deuses nem o brilho cadente das estrelas, nem a magia de todas as re-velações estacionais e nem mesmo a liberdade de um pássaro vítima do cárcere... são comparáveis àquele tempo de ideais, utopias, há quase quatro décadas, mas não era o tempo inda, águas e mais águas deveriam passar por debaixo da ponte, fui deixando inscrito nos tabernáculos do caminho em letras góticas: "A esperança é a última que morre", fui deixando inscrito nos templos de beira de estrada em letras cursivas "Quem ri por último, ri melhor", fui deixando inscrito nas tabacarias de esquinas de ruas passadas em letras escorreitas de sentimentos e emoções "Um dia é da caça, outro, do caçador", tropecei em pedras, catei cavacos pelas alamedas, becos e avenidas, violeiro do eterno à busca do presente real e verdadeiro, violeiro da verdade às cavalitas das contradições e dialéticas, violeiro do amor à luz dos encontros e des-encontros...
Tempo de aqui-e-agora, pós colheita de alguns frutos, desgustar-lhes o sabor, viajo em suas asas, o além espera-me de braços abertos, o que me transcende prepara-me o banquete, consciente das dialéticas da história, contradições da vida, nuanças do sim e não, tecendo com os versos dos ideais e utopias reais e concretos o capote da honra e da dignidade, sinceridade, verdade, com o couro curtido fazendo a bota dos princípios éticos e morais, sinto-me neste tempo, sou neste tempo, estou neste tempo
Da ec-sistência à eternidade, eterno de verdades colhidas nas experiências,
Eterno de sonhos a-nunciados nas vivências de labutas, eterno de esperanças re-veladas na visão da vida imanente, eterno de fé evangelizada no sentimento da ressurreição, eterno de amor questionado no desejo do "nós", história e homem.
Da ec-sistência à eternidade... como não posso seguir esta alameda, se é paisagem, se é sonho, se seus caminhos vertentes são jardins, são flores, são esperanças?



Manoel Ferreira Neto.
(30 de janeiro de 2016)


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