ENSAIO-TESE DA MESTRA E AMIGA RITA HELENA NEVES SOBRE O TEXTO //**OBTUSAS PERS DE DIVAS ESPERANÇAS**/


**OBTUSAS PERS DE DIVAS ESPERANÇAS**
(Manoel Ferreira Neto)



A partir do sibilo do vento, o poeta se embrenha numa viagem metafísica. Através de estreitos e sinuosos caminhos, busca e transpõe o universo do infinito.
Seu Tempo interior se sobrepõe ao terreno, como válvula propulsora para a realização dessa viagem.
O poeta transcende, afinal. Está no Céu.
De lá, avista e observa as montanhas e as flores...
Revela-nos, então, que, o Sagrado não é o que consta das Escrituras; senão o que se sente sobre o estado divinizado em que se encontra o poeta...
Nada, no mundo terreno, é a Verdade que não a transcendência do Ser.
Não há tempo cronológico... Somente o Tempo, senhor que rege o Ser, no Tudo e no Nada; no Etéreo, na plenitude da solidão...
A “realidade” do poeta no agora está nessa transição catártica ao Infinito. O Tudo está no Nada do vazio transcendental.
Apercebe-se do Mal, numa citação a Mefistófeles, o cão negro que se transforma em nuvens negras (Fausto, de Goethe), revelando o demônio que assombra a humanidade, induzindo-a aos pecados da existência.
E, desse voo, resulta o autoconhecimento: retorna ao mundo, agora, despido das falsas verdades , falsos valores morais, éticos, religiosos, etc, elaboradas à escravização do homem pelo homem...
Enfim, o texto poético revela uma perspectiva do fluir inexorável do tempo e do Eu, desencantado e recolhido em si mesmo: o sujeito decadente e em crise diante do Tempo.
Elabora o tecer poético, valendo-se de elementos simbolistas, fragmentando-o, o imagismo e o interseccionismo, beirando ao surrealismo de Paul Verlaine e Camilo Pessanha.
Conclusão: "Há mais mistérios entre o céu e a terra, do que toda a nossa vã filosofia"
Willian Shakespeare (In Hamlet)



Rita Helena Neves



**OBTUSAS PERS DE DIVAS ESPERANÇAS**



Obtusas pers de divas esperanças do nada a nonadear os in-fin-itivos limites do uni-verso engolfado nas entranhas do abismo, de seus re-cônditos o sibilo de ventos espendendo de suas origens a leveza do ar, em cujos interstícios em ziguezague percorre os sítios baldios de confins, mágica peregrinação, em cujo silêncio do desejo, por cujo deserto de silêncio desejo as vozes in-auditas de pretéritos futurais compõem de efêmeras poiésis o cântico de sereias à luz das trevas e penumbras do vazio à mercê da ausência celeste que trans-cende a soleira dos impermeáveis etéreos, sendeiras, as sereias,que são das arribas divas da alma destituída, desprovida de volos do apocalipse que precede o caos do vazio, onde Judas, de ponta-cabeça, tenta o nó górdio da corda no pescoço, pernas entrelaçadas na galha da árvore, mergulhando assim no in-fin-itivo do precípio da imperfeita mais-que-perfeita solidão verb-ersificada de sorrelfas da plen-itude e divin-itude do ser de eternas claudicâncias da náusea ab-soluta da sagrada escritura perscrita de dogmas e preceitos inssurrectos daa perfeição de fidúcias e felícias.
Obtusas pectivas de hereges ex-tases do espírito que ornamenta e arrebica as cogitans res do pórtico cócito das sorrelfas do pleno com a incólume e insofiismável vacuidade dos eternos pretéritos subjuntivando os gerúndios de declinações do in-fin-itivo no jogo lúdico das defecções florando as incongruências efeméricas do nada em cujos in-fin-itivos interstícios residem a ab-solut-idade obtusa de sentimentos e emoções da náusea vazia de cânticos cancioneiros da magia misteriosa do perpétuo evangelizado e biblicizado de nonsenses e vulgos do in-finito.
Lá no alto da colina passam ventos, caem orvalhos, sarapalham neblinas, o catavento dos im-pretéritos gira às in-versas da verdade, em cujas bordas os solstícios do crepúsculo pre-figuram e con-figuram de efígies o sacrário das ilusões da redenção e ressurreição. Lá no alto da colina as luzes rarefeitas de brilho e cintilância incidem no vazio do nada, perspectivando as imagens etéreas do éden re-presentado pelas sin-estesias do ab-surdo, pres-ent-ficado pelas semânticas e linguísticas da alma penada de pecados e pecadilhos do livre-arbítrio.
E Mefistófeles debulha o terço do milagre capital à soleira do Monte das Oliveiras.
Travessias de pectivas e pers do eterno ao efêmero. sede e fome de conhecer Deus, desde o Gênese até o Novo Testamento, plenitude de mistérios na continuidade da vida, imagem do amor, sublimidade da verdade e dogmas teológicos, iluminar as estradas com cuidado e amor amplia a sublimidade da vida e da con-ting-{ência}, desde a eternidade ao crepúsculo, ao través de lutas ad-jacentes e peculiares. Na passagem secreta de alameda a outra, vela ao vento, o abismo é in-imaginável, o buraco-negro, in-descritível, o solipsismo do poder e do patrimônio, in-inteligível. A res extensa do parasitismo in-concebível, in-om-inável, a res cogitans do roubo e exploração, in-dizível. Ser o que habita a essência do ser, raízes abstratas do que há de se a-nunciar, espertar para a busca de esclarecer mistérios e esperanças. O sentido da vida se eleve, alçando vôos profundos no tempo, passagens de pers e pectivas do nada ao vazio.
Nietzsche, filosófico que invita muito mais a que jamais paremos ou paralisemos em qualquer escalão da erudição, mas continuemos ascendendo a arriscada escaleira da erudição – e do conceber. O triunfo do presente aparenta um apelo persistente do parecer nietzschiano, que renegue todo solipsismo e toda inércia, invitando-nos a uma atitude existencial de busca incessante de ultrapassar o facultado e conceber o novo. E este degrau não transporta ao páramo, mas sim ao vindoiro – “a ímpar sublimidade do indivíduo sem divo”, como expõe Camus. Veneração ao que há-de surgir A existência é recôndita, inacreditável. O logro terminou, os devaneios imergiram no nentes dos renques que pertenceram a todos. Assemelho muito este escrito ao pensamento De Nietzsche, o não ter sido capaz de narrar certas situações em determinado momento, ainda por falta de erudição completa e imaturidade. Mas, não parou no tempo. Continuou a ascender nos degraus da vida e percebê-la ou tentar perceber….Não sei se certa ou errada. Mas é o meu parecer…
Luzes que iluminam caminhos de trevas são viagens ao infinito dos verbos de sonhos, explícitos e eternos, fogos e chamas imortais da fin-itude e morte; quero lúcido e lúdico, a travessia do “c” ao “d”, o que há de mistério e inconsciente, o que há de mítico e místico, o que há de lenda e folk-lore,o que há de mitológico, do nada quiçá possa haver; olhos perdidos no espaço de todos os versos e verbos da noite e do dia, da chuva torrencial e sol escaldante.
A vida é invisível, inaudita. A ilusão acabou,os sonhos mergulharam no nada das ruas que foram de todos.



Manoel Ferreira Neto.

(22 de janeiro de 2016)

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