**DIAS DE CHUVA FININHA** -Manoel Ferreira Neto.


No meu jardim havia flores de todas as belezas... Rosas de contornos enrolados, lírios de um branco amarelecendo-se, papoulas que seriam ocultas, se o seu rubro não lhes não espreitasse presença, orquídeas interditas de singela leveza, violetas pouco na margem tufada dos canteiros miosótis mínimos, camélias estéreis de perfume... E, pasmados por cima de ervas altas, olhos, os girassóis isolados fitavam-me grandemente.
Encostado no parapeito de minha janela, vidraça aberta, a chuva fininha caindo, olhava o jardim, sentia-me extasiado, indagava-me, com um sorriso sereno nos lábios, a razão de meu jardim ser tão lindo só nos dias de chuva fininha. não encontrava res-postas, mas o espetáculo fascinava-me, então quando um vento sacudia as flores e pingos de água se espalhavam entre os espaços vazios de um pingo e outro da chuva, a alegria que me habitava resplandecia, e era quando olhava para o infinito.
Pa-lavra, além símbolos, além signos, além sentimentos que trans-elevam desejos e volos, trans-cendem sonhos, verbos e in-fin-itivos, prescindem re-velar os interstícios da alma, plenos de querências da verdade, a-nunciar as iríasis do ser que são luzes, semânticas do eterno, movimento contínuo no tempo, sob a égide das esperanças, a poiésis da vida seja o re-nascer de suas dimensões sensíveis, sabedoria das con-ting-ências, suprassunção de valores.
Pers de utopias... Reticências sob o que é de indizível, interdito o horizonte em cujas dimensões futurais perpassam ideais e idéias que per-fazem verbos da verdade.
O meu sonho de viver ia adiante de mim, alado, e eu tinha para ele um sorriso igual e alheio, combinado nas almas sem me olhar. a minha vida era toda a vida... O meu amor era o perfume do amor... Vivia horas impossíveis, cheias de ser eu... E isto porque sabia, com toda a carne da minha carne, que não era ma realidade...
A chuva cessaria, passadas algumas horas ou mesmo poucos dias, o sol voltaria, seus raios secariam as plantas, as rosas murchariam, cairiam suas pétalas secas.
Manoel Ferreira Neto.
(27 de janeiro de 2016)

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