*PROSA POÉTICA* - Manoel Ferreira


Não,
Não sufoque a voz
Em versos tristes,
Em estrofes melancólicas
Em ritmos e melodias diabólicas
Não desperdice palavras
Com sonhos impossíveis
Ideais fúteis
Utopias chinfrins
Esperanças inúteis
Fé perdida
Não deixe branca
A folha da ausência,
As linhas de saudade
Do amor distante, longínquo.
Que a vida se abra
Que a alma se escancare
E arranque da boca
A prosa.



Não iluda a prosa
Com o vazio da trans-cendência
Não tripudie o inter-dito prosaico
Com as ipseidades da alma
Não engane a razão
Com os interesses e ideologias da prosa absoluta
Não jogue com as ambiguidades e dubiedades
Do uni-verso da vida e morte
A prosa é faca de dois gumes:
Trans-cende con-tingenciando, contingencia transcendendo
Deixe a prosa livre,
Livre, ela é poesia
Poesia, ela é a liberdade.



Manoel Ferreira Neto.
(31 de janeiro de 2016)


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