**ALÉM ESVAECIDO NA NEBLINA** - Manoel Ferreira



Efêmeros raios de sol. Numinosos brilhos de presente "Ser".

Luminâncias de pretéritos do “Tempo”. Sibilos do tempo ritmando o ser. Soul de melancolias, nostalgias, saudades. Jazz de tristezas, solidões, murmúrios de sofrimentos e dores. Blues de carências, ausências, faltas, falhas.

Deslizando suaves no crepúsculo de melancolias, luminosas esperanças de fin-itude outra perpassando o tempo de in-finitos desejos do Verbo "Ser" tecendo ilusões, em cujos idílios nonadas re-fazem travessias, em cujas elegias pontes partidas re-criam espaços, comungam mistérios e magias em laços de amor pelo que há-de vir de alegrias, dores, pelos projetos por

virem no tempo, pelas utopias por se a-nunciarem no vôo da águia de outros caminhos e sendas em direção à plen-itude do in-finito, em cuja essência habita o uni-verso, em cujo cerne habita o além, além esvaído, além esvaecido, além eterizado, trans-literalizado do sono profundo que sonha a verdade, re-nascendo de estrofes o ritmo do silêncio que re-vela a luz a iluminar o entre-árvores do silvestre da floresta aberta às estrelas a guiarem o caminheiro do verbo "brilhar", a orientarem o sendeiro da luz “res-plandecente”, outras gêneses, princípios outros da alma que con-templa o espírito da vida.

É coisa divina das terras de bem-virá à luz da solidão, levando alegria onde há paixão, ao espírito do silêncio, luminando felicidades onde há amor, suprassumem vozes que murmuram ao peito o cântico de pássaros na aurora de novo dia, saudando a natureza, jubilando a glória ipsis litteris do amor ao Ser-{da}-Vida, ipsis verbis da vida ao Ser-{do}-Amor, de poetas na poiésis do verbo declamando a fé - “When I find myself in times of troubles/Mother Mary comes to me/Whispering words of wisdom...” - na esperança do amor se tornar a felicidade, da amizade ser o segredo de ser-[de]-outro-eu, de boêmios na
des-lucidez da alma e dos sensos, dedilhando nas cordas dos amores não correspondidos, dos fracassos dos sonhos não realizados, dos prazeres não podidos realizar, das quimeras molhadas no travesseiro dos medos, de escritores na estética da utopia sertaneja, versificam palavras-esperança-e-fé, a
consciência-ética do Ser-Verbo-de-Esperança.

Só o Amor é a Esperança da Vida. Só a Fé é o Sonho da Eternidade. Só a Amizade é a Iluminação da Verdade.
Oh, melancolia!... Dos sítios distantes ou longínquos que não foram bastante con-templados às primeiras luzes do dia, raios do sol, trinados de pássaros, amados na hora passageira, como amaria eu de lhes dar à distância, o toque esquecido, o gesto negligenciado, a ação suplementar.
Invento-os eu, minhas mãos desenham um semi-arco-íris, um barco à luz do céu por sobre as florestas, um nublado que se esvaece e que des-aparece como num fogo de imagens, chamas crepitando lenhas de perspectivas.
Sigo a neblina solitário, sigo a calçada com passos lentos, adiante nada mais será de mim...
Manoel Ferreira Neto.
(25 de janeiro de 2016)

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