*ORAÇÃO NOTURNA DE MENTIRA TEATRAL* - Manoel Ferreira


Noite. Sono de humilhação, tensa.
Passa em mim ser Deus, a fim de mostrar-me existe Ele. Criança, ficaria feliz com esta visão. Deus, velho, velando o sono dos homens.
Ajoelho. Faço o nome do Pai. Não sei rezar. Não gostaria de repetir palavras.
"Quem acredita em Deus passa a vida mentindo inconsciente. Nada compreende de suas mentiras".
Infância. Mentia. Meus pais achavam lindo. Continuei. O que a ator mente no palco sou eu. Deus, vazio. Sou ator.
"Réquiem por um Amor". "Estou aqui, Deus. Não sei orar. Minha oração é o corpo. Não tenho o mínimo cuidado com ele...'
Vou dizer.
Olho. Homens. Criaturas. Seres. Não posso desvencilhar o olhar de mim.
Águas deslizam. Consciência, claridade destilada não esquecerá de restos os imortais. Resto de névoa, perdida sob a terra. Aléns des-encontrados. Quase mesmo infantil. Esperança contém risadas intermináveis. A palavra loucura envolvida. Fomento a loucura de vomitar-me.



Manoel Ferreira Neto.

(31 de janeiro de 2016)

Comentários

  1. No regaço da alma humana residem a hipocrisia, farsa, falsidade, aparência, todas as deturpações do carácter e da personalidade - conceituam este regaço "natureza humana". Entrando para a Universidade, 1978, vinte e um para vinte e dois anos, tive medos inestimáveis de me embrenhar por estes caminhos escusos. Era o tempo de me engajar na sociedade, tornar-me profissional, e todos os interesses e ideologias aí se concentram. Criei esta oração. Um professor das Letras, de Psicologia, disse-me ser ela "oração da liberdade da condição humana". Pus-me a rezá-la todos os dias antes de dormir. Meu Deus, angústias, tristezas assolaram-me. Rezei-a por muitos anos. Libertei-me da condição humana. Foram náuseas inestimáveis, mas o fruto estou colhendo até hoje.

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