*PERS DA PECTIVA DO VERBO E ALMA* - Manoel Ferreira


A vaga se aproxima - aproxima-se lenta, sorrateira, aos compactos de sorrelfas e idílios, aproxima-se com avidez, como se quisesse encontrar alguma coisa. Quê terrível pressa faz com que me rasteje até o fundo, o inominável das profundidades de minh´alma, quebro a falta de razão que me habita, sou-lhe peregrino à busca de velar coisas que me encobrem, o verbo antecede, pré-cede a alma , cria o verbo para nele se ins-pirar, re-colher e a-colher as pers da pectiva do encontro com as verdades que alimentam os sonhos?
A-nunciam-me outra vaga - sou alma de sentimentos, esperanças, sou alma de volúpias e êxtases inda mais preciosos, in-fin-itamente preciosos, ávida, selvagem, cheia de mistérios, da cobiça dos peregrinos de tesouros, lanço ao alto o quanto posso os perigosos arrebiques verdes, lanço uma parede entre mim e o sol, entorno esmeraldas no abismo, desfazendo-me de minhas alvas sendas e rajadas de espuma.
"Bramo de prazer e de desejos!" Que importa se o verbo "Bramir" seja defectivo, é na boêmia da noite, horas de solidão e silêncio, perscrutando a cintilância de estrelas, brilho da lua, nos vestígios de carência de amor desmedido que re-faço caminhos, sendas e veredas, porque há em mim um impulso de forças vivas em viza de se libertar da casca. Esta necessidade e pendor para o verdadeiro, esta sede do real, do certo...
Amanhã serei cinzas, nada restará de mim senão algumas letras, letrinhas muito mal garatujas de todas as pers da pectiva do verbo de mim, como poderei habitar o íntimo dos homens, a-nunciando-lhes a alma senão nos relâmpagos glaucos, partilhando o meu segredo:

Versos, estrofes, prosa
Vida extremamente solitária,
Buscas que o inaudito de mim
Res-plende, esplende a todos os uni-versos...
Quando, sob a influência de nuvem que se aproxima,
Está-se longe de ver
Uma forte carga de esperança e amor,
Torna-se subitante e subitamente
Dimensão do espírito, dimensão da essência,
Prepara-se para a mudança de versos do Uno,
Uno dos Versos



O sentimento de solidão e siêncio trarei sempre em mim consciente de que devo lhes con-templar, desejar outras consumações no crepúsculo de todos os tempos. Paixão pura, coisa similar e verdadeira, música cor-ajosa e con-soladora. Torno-me demasiadamente etéreo para este tempo outro.
Tomo tudo isso sobre a minha alma, o passado mais antigo, o presente mais recente, as perdas, as esperanças reunir, alfim tudo isso em n´única alma, eis o que deveria produzir uma felicidade tal como o homem nunca conheceu, a felicidade de um deus cheio de forças e de amor, cheio de lágrimas e cheio de risos, uma felicidade que, similar ao sol no sinal da tarde, toma, sem cessar, esse sentimento divino.



Herdeiro da nobreza
Nobreza da totalidade de espírito passado,
Perco o remo de outro
Conheço o sentimento inesgotável do Verbo de Ser,
Ser da Alma - Perspectivas, Imagens
Sou Verbo de Mim,
Sou Gratidão de Outro,
Sou murmúrio, clamores do dia
Saber o que sinto!
Saber quem sou



Posso acrescentar que a língua não é a única de servir de nonada para o "sim" da vida, existem o toque, o gesto.



Manoel Ferreira Neto.
(30 de janeiro de 2016)


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