#RECOLHENDO E ACOLHENDO ANUNCIAÇÕES DO EXÍLIO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: POÉTICA PROSAICA



DEDICATÓRIA:


Á minha mui amada Esposa e Companheira das Artes, Graça Fontis, o meu eterno agradecimento por seu amor, por tudo o que me ensinou e ensina nesta jornada das Artes e da Vida. (Manoel Ferreira Neto)


Epígrafe:


"E as letras voltaram após um dia de exílio."(Manoel Ferreira Neto)




Palavras
Puramente poéticas,
Filosofia apenas contida
No ser exegético das próprias palavras.
No ser metafísico das próprias metáforas,
No ser semântico e linguístico das idéias, pensamentos,
Tudo o mais é devaneio sobre estas mini férias
Das palavras que as deixaram revigoradas na força,
No brilho, no sentido, na fonética e métrica apuradas,
Na son-ética e sonemas, intrínsecos o ritmo e melodia, Discretamente,
Entre linhas, numa abissal escultura de poiética!


Nalgum porto longínquo o tempo declina o inferno da metafísica do ser
E o destino deperece o fruto do encontro
Do sublime e o silêncio do ser
Terrenos da alma, nada há de baldio neles
O sonho do verbo ser na roda-vida
Das dialéticas concebe o eterno.


Convidar as palavras para, juntos, comporem sua dança de maravilhas semânticas e, maravilhados, convidarem ledores - as palavras e o poeta - a desfrutarem desse re-encontro, como se fora o primeiro e único.
Palavra aliada,
Cúmplice de todos os seus momentos,
Primeiro encontro
Poeta e sua amiga-de-palavras,
Vida matrimonial
As palavras e as imagens,
De recolher metáforas da felicidade e entrega
Num sentir do abraço terno
De "gratidões "eternas!


Sobre a visão adentro à vida o testemunho de íngremes labutas
Irrompendo as algemas, correntes das falsidades milenares do póstumo
Leituras uni-versais da metafísica do ser, esquecendo-se da con-tingência
Vagando pelas brumas e sombras das etern-itudes de travessias vãs
Além do in-finito do verbo só as fin-itudes julgando a inocência pura.


E as letras voltaram após um dia de exílio!...


O des-afio de se revelarem, de mostrá-las, de des-cobrir-lhes o sentido e o eidos tem cheiro de guerra, tem catinga de morte.
aquando o fraco não protagoniza, o fracassado não re-presenta a vida, a vida protagoniza a morte, re-presenta o fim de tudo.


Miríades de sons, perpassando em ondas as sendas de ventos
Além de verbos conjugados, utopias a-nunciam-se plenas de desejos
Nos interstícios da alma conceber veredas, fontes cristalinas de real-ização
Ornamentadas de arrebiques que elevam da con-tingência o infinito do ser
Estendendo-se aos horizontes de esperanças o universo do sonho,
Ledos enganos a inspiração a conceberem, gerarem a luz do espírito.


O que os poetas evocam, o que pela memória re-cuperam, res-gatam, re-colhem e a-colhem é ao mesmo tempo estabelecido e fundado(desvelado pela Palavra) por eles, pois criam o que vai ficar para sempre. A festa que as palavras participavam com todo fogo e chamas, balalaikas e fados, é uma aproximação do sagrado. O ser não é mais re-conhecido enquanto ser, o olvido deste mesmo ser atinge a sua forma mais extrema, aquando o sujeito humano vai se essencializar como volúpia/vontade do verbo das palavras.


E as palavras voltaram após um dia de exílio!


Fósseis quimeras do efêmero à mercê do in-audito mistério da gênese
En-grolando de versos as palavras re-nascidas no eidos de verbos defectivos,
Re-fazendo de metáforas do insólito as efígies imaculadas de volúpias, êxtases,
Re-construindo o templo de metafísicas das poeiras ao longo dos caminhos,
E o espaço temporal que hoje habita a alma perdida descuida estrofes
Irmanadas aos epitáfios escritos pelo tempo sobre o gozo das hipocrisias,
Relevando os escombros das mentiras seculares os interesses da magia do ser,
A antiga liberdade sob o vedado sol, delineando lapsos curtos do pensamento.


É preciso descer à solidão da memória
E começar a garimpar cristais perdidos,
É preciso subir ao silêncio do ser-espírito
E inicializar a con-templação do porvir,
Do verbo por se tornar carne,
Ter aquela vontade indescritível e indizível de ser
Ele o tesouro mais importante que todas as coisas no mundo.
Um dia algo foi bom,
Verdadeiro,
A luz do sol re-fletiu na pedra angular do ser e do espírito
A querência suprema do homem,
O AMOR,
E o reflexo deixou-lhe perplexo...


Dores, angústias, tristezas, melancolias, nostalgias
Aquém da imagem refletida no espelho de fantasias, imaginações férteis.


E as palavras voltaram após um dia de exílio!...


#RIODEJANEIRO#, 17 DE SETEMBRO DE 2018)


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