#DESORVALHO O REVERSO LADO DA LUZ# - GRAÇA FONTIS: ESCULTURA/Manoel Ferreira Neto: POEMA



A ressonância da pá-lavra per-corre soberana,

con-tornando muros e

montanhas,

escoando em ondas.
Risco,
arranho,
demulo,
penetrando alvos.


No miolo da noite,
outra noite acontece,
outra escuridão faz-se presente,
e o que era transluzente,
aos poucos escurece
como ondas nebulosas,
sufocando,
envenenando,
roubando o nascer do dia,
o re-nascer de outras palavras,
horizontes e uni-versos.


Meu passo é ponto,
meu corpo, fonte.
Em que estrela aportará meu sonho?


Viajo no tempo que voa nas asas da imaginação.
No momento presente,
sei o que foi,
o que era,
o que vai ser,
o que será.


Só não descubro o artifício
que me contorce nesse ponto/uni-verso
onde me encontro passageiro das quimeras,
sonhos,
fantasias,
utopias.


O próprio ser que me con-figura sangra ferido:
“viro longe no mundo,
piso nos espaços,
faço todas as estradas”.


Num passo de magia a terra vira,
torna-se vida nas mãos de
lira das linhas e espírito eternos.


Restaram-me equívocas pétalas das palavras,
diariamente nascentes,
para o nada obliterante do não-visível.
O tempo se faz devagar, tateando símbolos.


Roucos ruídos,
sugerindo amor às linhas eternas do espírito
e das páginas de sonhos e quimeras,
penetram meu silêncio.
E a flor de meus sonhos de ser
segue transcolorindo a tela vácua do horizonte,
sem saber que ingratos olhos distorcidos
na distância são labaredas extintas,
avesso riso,
in-verso amor nas versificadas sedes
de encontro e vida,
metrificadas fomes de liberdade e ressurreição,
ritmadas ilusões de con-templar o ser à luz do verbo,
in-versa distância nos des-lustres de ausência:
(in)afeição que crio
e nela própria des-orvalho
o re-verso lado da luz.


(#RIODEJANEIRO#, 16 DE SETEMBRO DE 2018)


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